Combinando com o luxo e o glamour que circulam pelos paddocks da Fórmula 1, a mais prestigiada categoria do automobilismo mundial é um dos esportes mais ricos do planeta – chegando a movimentar mais de US$ 2 bilhões por ano. Mas como você pode investir na Fórmula 1?
Poucas pessoas podem saber disso, mas diversas das empresas envolvidas na Fórmula 1 tem suas ações listadas em Bolsas de Valores. Desde a escuderia mais clássica do esporte até as empresas patrocinadoras, existem diversas opções de investimento.
Depois de bater recordes de público em 2023, a Fórmula 1 retornará para o Autódromo de Interlagos com o GP do Brasil 2024 entre os dias 1 e 3 de novembro. A venda geral dos ingressos começou no dia 13.
Como a F1 entrou na Bolsa
Em 2017, a Fórmula 1 passou a ser propriedade da Liberty Media e tornou-se uma empresa de capital aberto. No entanto, trata-se apenas de uma ação de rastreamento, permitindo que os investidores se concentrem exclusivamente no aspecto da Fórmula 1 dos negócios da Liberty Media, sem se expor ao restante de sua atividade empresarial.
A Liberty é responsável por administrar os contratos com as emissoras de TV, os promotores locais dos GPs e os patrocinadores da F1. É ela que negocia com a prefeitura de São Paulo para que o GP de Interlagos ocorra aqui.
Desde a aquisição, a Liberty Media tem se empenhado em expandir o alcance da F1, especialmente nos Estados Unidos. Segundo o CEO Stefano Domenicali, a popularidade da F1 cresceu substancialmente desde a aquisição.
A expansão da F1 nos Estados Unidos foi fortalecida pela adição de mais duas corridas no país, o Grande Prêmio em Miami a partir de 2022 e o Grande Prêmio de Las Vegas a partir de 2023.
A primeira edição da corrida de Vegas ocorre no próximo fim de semana, entre os dias 17 e 19 de novembro.
Um dos principais fatores que contribuiu com o recente crescimento do esporte foi a estreia da série documental “Drive to Survive”, produzida e distribuída pela Netflix.

A série tinha um objetivo claro: alcançar novas audiências e aumentar a conscientização da marca F1. Ele mira os fãs casuais de F1 e utiliza um formato claro na plataforma certa, a Netflix. A série também conseguiu atrair pessoas que nunca tinham assistido a uma única corrida antes.
A série, que se tornou uma das séries documentais originais mais bem-sucedidas da Netflix, trouxe uma conscientização sem precedentes sobre a categoria do automobilismo – especialmente nos Estados Unidos.
Ela ajudou a aumentar a audiência das corridas, impulsionar as vendas de ingressos, atrair espectadores mais jovens e trazer mais patrocinadores dos EUA.
Segundo um levantamento realizado pela plataforma Betway Insider, a audiência da Fórmula 1 teria crescido mais de 58% apenas nos Estados Unidos em 2021, atingindo mais de 1 bilhão de espectadores.
De acordo com outro dado da Nielsen, mais de 360 mil pessoas que não assistiram às corridas do fim da última temporada acompanharam as disputas neste ano depois de verem a série Drive To Survive.
Balanço da Fórmula 1
De acordo com os resultados do terceiro trimestre de 2023, divulgados pela Liberty Media no início de novembro, a Fórmula 1 chegou a um faturamento total de US$ 887 milhões (4,3 bilhões de reais), entre julho e setembro deste ano, com um aumento de 24% em relação a 2022, quando alcançou US$ 715 milhões.
Em relação ao ano de 2022, a Fórmula 1 presenciou um aumento significativo em seus números após a pandemia.
Enquanto houve um calendário completo de 22 corridas em 2021, ainda algumas restrições de presença ainda estavam em vigor.
Já em 2022, com as restrições removidas, o crescente interesse no esporte foi refletido em presença total de cerca de 5,7 milhões de fãs nas corridas. Esse número representa um aumento de 36% desde 2019, a última temporada não impactada por restrições de COVID antes de 2022.
No ano passado, a receita geral aumentou 20%, passando de US$ 2,136 bilhões para US$ 2,573 bilhões, enquanto o lucro operacional do negócio – o valor restante após o pagamento das equipes e outros custos considerados – subiu de US$ 92 milhões para US$ 239 milhões.
A F1 também observou que sua principal medida de receita primária aumentou 14%, passando de US$ 1,850 bilhão para US$ 2,107 bilhões, dividida entre taxas de promoção de corridas (28,6%), direitos de mídia (36,4%) e patrocínio (16,9%).
Como investir na Fórmula 1
As ações relacionadas à Fórmula 1 só podem ser acessadas por contas de investimento internacionais. A Bolsa brasileira não negocia essas ações e nem BDRs, que são recibos de ações estrangeiras negociadas na Bolsa brasileira.
A Fórmula 1 em si não possui ações de capital aberto disponíveis para compra. Em vez disso, é possível adquirir ações de certas partes da Liberty Media, que é a empresa dona da categoria.
Existem três tipos diferentes de ações do Grupo Formula One disponíveis para compra: Séries A, B e C.
Cada uma tem suas peculiaridades, desde direitos de voto até a complexidade de negociação no mercado de balcão (OTC).
Formula One Group Series A (FWONA)
As ações FWONA e FWONK são fundamentalmente iguais, com uma diferença crucial: os acionistas da FWONA têm um voto por ação. Para a maioria dos investidores de varejo, essa distinção não é particularmente significativa. No entanto, os direitos de voto permitem que o acionista vote em eleições para o conselho de administração e propostas de mudanças operacionais, como modificações nos objetivos da organização ou ajustes estruturais mais fundamentais.

Formula One Group Series B (FWONB)
Embora não listada, essa ação pode ser adquirida no mercado de balcão (OTC). Cada ação proporciona ao detentor dez votos. Contudo, a complexidade e o risco envolvidos podem ser maiores, já que 97% dessas ações são detidas por insiders da empresa.
Formula One Group Series C (FWONK)
FWONK é a opção de ações mais comum para investidores de varejo. Os acionistas não têm direitos de voto com esta ação, tornando-a uma maneira direta de investir na mais prestigiada categoria do automobilismo sem se envolver excessivamente nos processos decisórios do negócio.
Investindo Indiretamente na Fórmula 1 (Ações Relacionadas)
Outra maneira de investir na F1 é negociando ações que estão relacionadas à competição.
Ferrari NV (RACE)
Possivelmente uma das marcas mais reconhecíveis associadas à F1, e que também é negociada na Bolsa, é a Ferrari. No início do ano, o Morgan Stanley chegou a anunciar que a Ferrari havia substituído a Tesla como sua principal escolha de ação entre as montadoras.
Segundo o banco de investimentos, os investidores da Ferrari têm subestimado o potencial da empresa no mercado de veículos elétricos (EV), e o modelo de negócios altamente previsível – junto a marca incomparável – tornam a Ferrari uma oportunidade de investimento atraente.

Como resultado, o banco via um aumento de 14% nas ações da Ferrari e elevou seu preço-alvo para US$ 310 por ação.
A Ferrari tem expandido sua linha com novos modelos, incluindo veículos híbridos, e planeja introduzir seu primeiro veículo totalmente elétrico até 2025.
O Morgan Stanley acredita que a incursão da Ferrari no mercado de veículos elétricos será um impulsionador significativo do crescimento para a empresa. O banco de investimentos também vê a Ferrari como um investimento mais seguro do que a Tesla, devido aos seus ganhos mais previsíveis e forte reconhecimento de marca.
Pirelli (PIRC)
O sucesso da fabricante de pneus na F1 tem sido refletido em seu forte desempenho financeiro. As ações da Pirelli subiram mais de 30% entre setembro de 2022 e março de 2023, indicando um sentimento positivo do mercado em relação às perspectivas futuras da empresa. Além disso, o lucro líquido da Pirelli aumentou mais de 35% em 2022 para 435,9 milhões e as receitas estimadas entre 6,6 e 6,8 bilhões de euros para este ano.
A Pirelli, uma empresa multinacional sediada em Milão, Itália, é um dos principais fabricantes de pneus de alta performance para carros, motocicletas e bicicletas. Fundada em 1872, a empresa tem uma rica história de inovação e avanços tecnológicos no design de pneus, o que a permitiu se estabelecer como líder de mercado na indústria automotiva.

Outros opções de investimento:
Empresas Automotivas:
Daimler AG (MBGAF): A empresa-mãe da equipe Mercedes-AMG Petronas F1.
Renault Group (RNLSY): Operadores da equipe BWT Alpine F1.
Aston Martin Lagonda Global Holdings plc (AMGDF): Responsável pela equipe Aston Martin Cognizant F1.
Empresas de Energia e Petróleo:
Royal Dutch Shell plc (SHEL): Parceiro técnico e patrocinador da Ferrari.
Petronas (PNAGF): O principal patrocinador da equipe Mercedes-AMG Petronas F1.
BP plc (BP): Parceiro da BWT Alpine F1 Team.
Tecnologia e Outras Indústrias:
Amazon (AMNZ; AMZO34): A F1 utiliza os serviços da Amazon Web Services para estratégias de corrida.
Oracle Corporation (ORCL34): Principal patrocinador da equipe Oracle Red Bull Racing.
Heineken N.V. (HEINY): Parceiro global da F1 e patrocinadora do GP de São Paulo.

Você leu sobre Como investir na Fórmula 1. Confira também os números do GP do Brasil de Fórmula 1 2023!