Cogna e Yduqs voltaram a discutir uma possível fusão, informou o jornal Valor Econômico. As conversas ocorrem em meio a um cenário de intensificação nas negociações do setor educacional.
Em 2017, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) rejeitou a fusão entre a Kroton, atual Cogna ($COGN3), e a Estácio, agora Yduqs (YDUQ3), alegando que a concentração resultante traria riscos à concorrência.
Apesar da retomada das negociações, há obstáculos para o acordo, segundo fontes do Valor.
Um dos impasses é o desejo da Cogna de incluir seus ativos de educação básica na fusão, algo que não desperta o interesse da Yduqs. Sem esses ativos, a Cogna poderia ficar em desvantagem, visto que sua operação de educação básica é uma de suas principais fontes de receita.
Em 2024, a empresa registrou receita líquida de quase R$ 6 bilhões, enquanto a Yduqs apurou R$ 5,1 bilhões no mesmo período.
Há sete anos, após a reprovação do Cade à fusão entre Kroton e Estácio, a Cogna optou por investir na educação básica como uma forma de crescimento, após perceber limitações na expansão via aquisições no ensino superior. Em 2018, a Kroton adquiriu operações de educação básica por R$ 4,6 bilhões.
Com isso, a Cogna possui duas operações robustas no segmento de educação básica.
A primeira é a Vasta, uma empresa listada na Nasdaq que inclui em seu portfólio sistemas de ensino renomados, como Anglo e pH, e gerou um Ebitda de cerca de R$ 400 milhões. A segunda operação é voltada à venda de livros didáticos das editoras Saraiva, Ática e Scipione ao governo federal, com Ebitda recorrente de R$ 175 milhões em 2023.
Na tentativa de viabilizar a fusão, a Yduqs contratou o banco Morgan Stanley como assessor financeiro, enquanto a Cogna, até o momento, não contratou nenhuma instituição para esse fim.
Além disso, outro ponto de divergência nas negociações envolve possíveis conflitos de interesse.
A Advent, gestora de private equity e acionista da Yduqs, recentemente adquiriu uma participação na Inspira, rede de escolas controlada por um fundo do BTG. Já o empresário Chaim Zaher, maior acionista individual da Yduqs, possui o Grupo SEB e a Conexia, ambos voltados para a educação básica.
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Mercado EaD pode ajudar processo de fusão Cogna e Yduqs
O mercado de educação a distância (EaD) também pode influenciar a fusão.
Em 2017, Cogna e Yduqs detinham cerca de 40% do mercado de ensino a distância (EaD). Contudo, após flexibilizações nas regulamentações do Ministério da Educação, a participação das duas empresas caiu significativamente, ficando atualmente em torno de 25% do mercado de cursos online.
Mesmo com as conversas em andamento, a Cogna, em nota oficial, negou que esteja negociando a fusão com a Yduqs.
Mercado de educação passa por um momento de negociações
As negociações entre Cogna e Yduqs não são as únicas movimentações no setor de educação. Segundo o Pipeline, do jornal Valor Econômico, a Vitru ($VTRU3) contratou os bancos UBS BB e Itaú BBA para buscar um comprador ou sócio para uma possível fusão.
Entre as possibilidades, está uma união com a Cruzeiro do Sul ($CSED3), uma vez que as empresas possuem tamanho semelhante. Outra negociação envolve uma possível venda para a holding controladora da Estácio, no caso da Yduqs.
Conforme apurado pelo Valor, as conversas entre Vitru e Cruzeiro do Sul são as mais avançadas.
A Cruzeiro é vista como um ativo valioso no setor, com forte presença no ensino presencial, baixa alavancagem e atuação em São Paulo, uma das praças mais atrativas para o ensino superior.
Além disso, o GIC, maior acionista da Cruzeiro, está buscando uma fusão para ampliar a escala de suas operações, uma vez que a empresa se tornou pequena demais para os padrões do fundo soberano de Cingapura.
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