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BYD rebate críticas de rivais e defende isenção para importar carros semimontados no Brasil

BYD rebate críticas de rivais e defende isenção para importar carros semimontados no Brasil

A BYD reagiu nesta quarta-feira (30) à ofensiva das principais montadoras instaladas no Brasil contra seu pedido para redução temporária do Imposto de Importação sobre carros semimontados. Em carta enviada à imprensa com o título “Por que a BYD incomoda tanto?”, a montadora chinesa afirmou que o pleito não é inédito e que práticas semelhantes já foram adotadas por outras fabricantes antes da nacionalização completa de suas linhas de produção.

A resposta veio após Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis enviarem um documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a possível concessão de incentivos à importação de veículos parcialmente desmontados — os chamados kits SKD (Semi-Knocked Down). Segundo as montadoras, a medida pode colocar em risco milhares de empregos e comprometer investimentos bilionários no país.

Montadoras alertam para demissões em massa

Na carta enviada ao Palácio do Planalto, as quatro montadoras alegam que a redução de tarifas para veículos produzidos integralmente no exterior, mas montados parcialmente no Brasil, como propõe a BYD, favorece concorrentes estrangeiros sem gerar contrapartidas reais para o país.

O documento aponta risco imediato de 5.000 demissões e cancelamento de 10.000 novas contratações, caso a medida seja aprovada. Além disso, alertam que R$ 60 bilhões em investimentos planejados podem ser suspensos, afetando diretamente planos de inovação e modernização da indústria automotiva nacional.

“Essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra”, afirma a carta.

Cadeia produtiva também pressiona governo

A preocupação não parte apenas das montadoras. As entidades representativas da indústria de autopeças, como Abipeças e Sindipeças, também se manifestaram contra a medida. Em carta ao governo, classificaram a possível redução das alíquotas como “renúncia fiscal injustificada” e alertaram para o risco de desmonte da cadeia produtiva nacional.

Segundo as associações, favorecer a entrada de veículos prontos ou quase prontos prejudica o ecossistema industrial, especialmente pequenas e médias empresas fornecedoras, que podem ser obrigadas a demitir diante da queda na demanda.

Silêncio do governo eleva a tensão

Apesar das pressões, o Palácio do Planalto ainda não se posicionou oficialmente sobre o tema. A carta enviada pelas montadoras no último dia 15 foi endereçada também ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.

Nos bastidores, a demora tem sido interpretada como um possível sinal de apoio à proposta da BYD, o que gera desconforto no setor. O projeto da montadora chinesa prevê a montagem de veículos elétricos em Camaçari (BA), reduto político de Rui Costa, o que adiciona um componente político à disputa.

Decisão está nas mãos da Camex

A definição do futuro das alíquotas deve ocorrer em reunião do Gecex-Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) marcada para esta quarta-feira (31). Entre os temas na pauta está o pedido feito pela BYD em fevereiro para reduzir de 18% para 5% a alíquota de importação de kits SKD de veículos elétricos e de 20% para 10% no caso de híbridos.

A proposta, se aprovada, destravaria o projeto industrial da empresa chinesa na Bahia, mas colocaria à prova o compromisso do governo com a reindustrialização do setor automotivo nacional.

Política industrial em disputa

O embate entre as montadoras tradicionais e a BYD revela uma disputa maior: o modelo de política industrial que o Brasil deve adotar nos próximos anos. As empresas estabelecidas pedem previsibilidade, proteção à produção local e condições equânimes de competição. Já a BYD alega que seu pedido segue práticas comuns do setor e que o Brasil se beneficiará com a montagem de carros elétricos no país. Com a decisão da Camex prestes a ser tomada, o governo Lula se vê diante de um impasse estratégico: incentivar a nova mobilidade elétrica com capital estrangeiro ou proteger a indústria nacional já consolidada

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