Em cenário de queda iminente de juros no Brasil e fim de ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, o segundo semestre será uma janela de oportunidade para investir em criptoativos e conseguir um bom preço-médio. A recomendação vem de Helena Margarido, criptoanalista e sócia da Monett e COO (diretora de operações) da Kodo Assets.
“A perspectiva para as criptomoedas é extremamente boa, porque o investidor vai ter que deixar a renda fixa. Já deveria ter começado a deixar, inclusive”, ela aponta.
Isso porque, no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou, em sua última ata de reunião, que os juros devem começar a cair em agosto. A estimativa do mercado é de uma primeira queda de 25 pontos-base, com juros alcançando 11,75%-12% até dezembro, e 9% em 2024.
Já nos EUA, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, deve promover uma última alta de 25 pontos-base para depois manter os juros no patamar entre 5,25%-5,5% até 2024.
Ou seja: foi dado o sinal verde para a renda variável.
“Para o investidor, é sempre muito reconfortante saber que todo mês o investimentos vai render mais, com quase nada de risco na renda fixa. Por isso que as criptomoedas e a renda variável vinham sofrendo nos últimos anos. Com a perspectiva de ciclo ser interrompido, as chances desses investimentos retomarem o viés de alta é muito grande. Eu vejo com ótimos olhos o que vai acontecer no segundo semestre”, avalia.
Perspectivas para os criptoativos no segundo semestre: halving
Outro ponto de atenção para os investidores de criptoativos deve ser o evento do halving.
Como explica Helena Margarido, o fenômeno do halving do Bitcoin reduz pela metade a recompensa dos mineradores a cada quatro anos. O último foi em 2020 e o próximo está previsto para abril de 2024.
Halving é uma palavra que vem do inglês half (metade), e é o corte de 50% na produção de novas moedas no Bitcoin. Esse movimento foi projetado na criação do Bitcoin e serve para reduzir o efeito inflacionário na emissão de novas criptomoedas.
A estimativa do mercado é que o próximo halving ocorra em 20 de abril de 2024.
Uma curiosidade: Satoshi Nakamoto, pseudônimo por trás da criação do Bitcoin, foi quem definiu a política monetária do Bitcoin e a regra só pode ser alterada por consenso, como todas as regras do Bitcoin, o que é improvável que ocorra. O sistema monetário foi pensado para ser o mais previsível possível e impossível de ser burlado.
A cripto tem um limite máximo de 21 milhões de moedas em circulação, estabelecido em sua criação. Atualmente, estão em circulação cerca de 19,4 mil ativos.
Historicamente os cortes na produção de Bitcoin foram extremamente benéficos para a moeda.
“A economia do token, do Bitcoin, muda drasticamente com o halving. Porque a taxa de emissão de novos bitcoins cai pela metade, enquanto a demanda permanece constante. E por princípios econômicos básicos, isso faz o preço subir”, aponta Helena Margarido.
E sobe não apenas o preço do Bitcoin: “O Bitcoin também é o drive de sentimento do mercado inteiro e por conta disso as correlações de movimentação de preços, para cima ou para baixo, das demais criptomoedas com o Bitcoin costuma ser bem alta. Então, uma projeção de movimentação para cima por conta do halving também é uma projeção para cima para o restante do mercado, que acaba seguindo a tendência. Isso não deveria acontecer, per se, porque os fundamentos são diferentes entre as criptos, mas na prática é o que acontece”, explica.
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Quanto o Bitcoin ainda sobe?
Helena Margarido aponta que o Bitcoin, da mínima de novembro de 2022 até aqui, já se valorizou 100%. Isso em momento ruim para a criptomoeda, com juros americanos ainda subindo.
“Essa alta foi um ‘petisco’ do que o Bitcoin ainda pode oferecer. Nesse segundo semestre, eu, pessoalmente, estimo que o Bitcoin deve passar dos US$ 30 mil e depois fazer uma correção”, diz.
“Tal correção deve ser a última antes de a criptomoeda tracionar para pegar a subida pré-halving. O Bitcoin gosta muito de repetir ciclos, ele já repetiu muitas vezes”, indica.
Para ela, o investidor deve olhar com bons olhos especialmente para Bitcoin e Ethereum. A valorização maior das criptos, ela indica, deve acontecer em 2024 e 2025.
Por conta disso, diz, este é um ponto ótimo para fazer o chamado Dollar Cost Averaging (DCA), ou preço-médio do ativo – ou seja, a média dos valores de compra ou de venda de um determinado ativo em relação às respectivas quantidades.
“É hora de observar as movimentações de preço e tentar pegar bons pontos de entrada para fazer preço-médio e surfar a provável valorização dos próximos dois anos, que vai acontecer pré-halving, halving e pós-halving”, indica.
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FTX não abalou confiança nas criptos
Sobre a falência da FTX, corretora de criptoativos, Helena Margarido descarta que o caso seja um complicador para o desempenho dos criptoativos, apesar da repercussão que o caso tomou, especialmente na imprensa.
“A questão da FTX, ainda que tenha sido na casa dos US$ 9 bilhões e tenha afetado tanta gente, foi a terceira grande quebra do mercado”, pontua.
“Foi algo totalmente previsível, não por conta das fraudes e das particularidades do caso, mas por conta do histórico do mercado”, avalia.
“Se você me perguntar se pode ter outra exchange quebrando, eu respondo que pode ter sim. Porque essas corretoras são grandes repositórios de dinheiro de terceiros e por isso são alvo de constantes ataques hackers. Não é à toa que as corretoras investem muito em segurança. Elas estão propensas tanto a ataques hackers quanto a cometimentos de fraudes e outras coisas ilícitas por parte de quem está por trás da movimentação desses recursos”, esclarece.
Para ela, não existe correlação entre a queda dos criptoativos nos últimos anos e o caso FTX. Em sua visão, a alta de juros é o que explica a recente queda das moedas.
“As quedas de preço estão correlacionadas ao aumento da taxa de juros e à migração do investidor para a renda fixa. A FTX foi só a cereja do bolo. Não veio para colocar mais medo no mercado. Os novos investidores e os antigos não deixaram de acreditar nos criptoativos por conta da FTX”, finaliza.
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