Na última quarta-feira (06), o Grupo Petrópolis, controlador das marcas de cervejas Itaipava, Crystal e Petra, apresentou um plano de recuperação judicial para 30 empresas do grupo.
Em março, a companhia já havia ingressado com um pedido de recuperação judicial, acumulando uma dívida de R$ 5,6 bilhões para um pouco mais de 5 mil credores.
De acordo com o plano de RJ apresentado pelo Grupo Petrópolis, a empresa elaborou uma lista de medidas para reestruturar os créditos, incluindo:
- A alienação de parte da frota de caminhões por meio da unidade produtiva isolada (UPI) de frotas;
- A eventual venda de parte ou da totalidade dos ativos de energia sob a forma da UPI Sociedades de Energia, através de um procedimento competitivo que envolve a apresentação de propostas com pagamento em moeda corrente nacional.
O documento também indica que os credores quirografários, aqueles que não se enquadram entre os credores trabalhistas ou com garantia real, terão duas opções de recebimento a escolher em até dez dias úteis a partir de 5 de setembro.
A “Condição A” implica na quitação integral de R$ 10 mil para cada credor quirografário, desde que dentro do limite estabelecido para cada crédito quirografário, com prazo máximo de 30 dias a partir da data de homologação.
Na “Condição B”, o grupo propõe realizar o pagamento aos credores com um desconto de 70% sobre o valor nominal do crédito, além de ajustes monetários vinculados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com um limite máximo de 1,5%, para os créditos em reais. Para os créditos em euros e dólares, serão aplicados ajustes com base nos índices Euribor e Libor, de seis meses, também com um teto de 1,5%.
No que diz respeito ao prazo de pagamento, o Grupo Petrópolis esclarece que “haverá carência para o pagamento de valores de principal e correção monetária” até dezembro de 2035.
A companhia informa que os créditos com garantia real destinados aos credores fornecedores e colaboradores serão pagos sem qualquer desconto, sendo ajustados de acordo com a variação do IPCA e acrescidos de juros à taxa de 3% ao ano.
No caso dos credores trabalhistas, o valor a ser pago será de até 150 salários mínimos, dividido em onze parcelas. Aqueles que possuírem créditos superiores a esse limite serão pagos em até 84 parcelas.
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Outros pedidos de recuperação judicial em 2023
Um estudo da Serasa Experian, o Indicador de Falências e Recuperações Judiciais, aponta que o Brasil registrou 593 pedidos de recuperação judicial por empresas durante o primeiro semestre de 2023. Esse número representa um crescimento de 52,1% em relação ao mesmo período de 2022.
Em uma nota, o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, afirma que este foi o pior número dos últimos três anos e que isso é reflexo da alta inadimplência das empresas.
Em 2023, podemos destacar o pedido de recuperação judicial da Americanas após a divulgação do rombo de R$ 40 bilhões no início do ano.
Recuperação judicial da Americanas
Em março, a Americanas (AMER3) apresentou seu plano de recuperação judicial à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Esse passo faz parte do processo que teve início em 19 de janeiro, quando a empresa reconheceu uma dívida de R$ 43 bilhões com 16,3 mil credores.
O plano da varejista foi submetido dentro do prazo estabelecido pela Justiça e abrange um aporte de R$ 10 bilhões, bem como a venda de ativos, um leilão reverso e a conversão de dívidas em ações. Entre os ativos a serem negociados, inclui-se uma aeronave avaliada em mais de R$ 40 milhões e uma rede de hortifruti.
O documento informa que o aporte bilionário foi realizado pelos três principais acionistas da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O plano, aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia, estabelece medidas destinadas a permitir que a Americanas supere suas dificuldades financeiras e continue suas operações.
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