O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, anunciou nesta sexta-feira (24) a suspensão temporária do chamado “anúncio de Reagan” — uma peça publicitária com trechos de discurso do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan criticando tarifas — após o fim de semana da World Series. A medida, segundo Ford, busca criar um ambiente favorável para a retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e Canadá, interrompidas pelo governo Donald Trump em reação à campanha.
O vídeo, financiado pelo governo de Ontário ao custo de US$ 75 milhões, vinha sendo exibido em diversos mercados dos Estados Unidos. Na propaganda, a voz de Reagan afirma que impor tarifas sobre importações estrangeiras pode parecer uma medida patriótica, mas “a longo prazo, essas barreiras comerciais prejudicam trabalhadores e consumidores americanos”.
Trump reagiu com indignação à peça, publicando no Truth Social que “o Canadá trapaceou e foi pego”, e acusando o país de “deturpar” o discurso original do ex-presidente. O republicano afirmou que Reagan “amava tarifas por razões de segurança nacional” e elogiou a Fundação Ronald Reagan por denunciar o uso indevido do áudio.
Anúncio de Reagan foi editado, diz fundação
A Fundação e Instituto Presidencial Ronald Reagan confirmou na quinta-feira que o anúncio editou o discurso original de Reagan, de 25 de abril de 1987, sem autorização, o que levou o governo norte-americano a encerrar temporariamente o diálogo comercial com o Canadá.
Ford declarou que conversou com o primeiro-ministro canadense Mark Carney antes de decidir suspender a veiculação, e reiterou que o objetivo da campanha era “iniciar uma conversa sobre o tipo de economia que os americanos querem construir e o impacto das tarifas sobre trabalhadores e empresas”.
Durante o fim de semana, o anúncio continuará sendo exibido nos dois primeiros jogos da World Series, em Toronto, onde o time local, o Toronto Blue Jays, enfrenta o Los Angeles Dodgers.
O episódio aumenta a tensão diplomática em um momento sensível: a Suprema Corte dos EUA deve julgar em novembro se o ex-presidente Trump tinha autoridade legal para impor tarifas amplas sobre dezenas de países, incluindo o Canadá, sem aprovação do Congresso — um tema que pode redefinir o alcance dos poderes presidenciais em política comercial.
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