A taxa de desemprego entre jovens na China de 16 a 24 anos que vivem em áreas urbanas atingiu 17,7% em setembro de 2025, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (22) pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS). Apesar da leve melhora em relação a agosto, quando o índice foi de 18,9%, o resultado ainda é o terceiro mais alto do ano e reflete a dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho chinês.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, a taxa de setembro está 0,1 ponto percentual acima, consolidando-se como a quarta maior taxa de desemprego juvenil dos últimos dois anos. No acumulado de 2025, o desemprego entre jovens tem oscilado em torno de 16,6%.
A queda mensal não representa uma recuperação estrutural. Agosto costuma registrar o maior nível de desocupação, pois marca a época de formaturas universitárias, quando milhões de recém-formados tentam ingressar no mercado. Este ano, cerca de 12,2 milhões de chineses concluíram o ensino superior, ampliando a pressão sobre o emprego juvenil.
Desemprego entre jovens na China: redução da capacidade de consumo
O alto desemprego entre jovens preocupa o governo chinês por dois motivos principais: a redução da capacidade de consumo — já que menos jovens empregados significam menor demanda interna — e a crescente automatização dos setores industrial e de serviços, que vem substituindo postos de trabalho de entrada.
Para estimular contratações, o governo anunciou em julho um subsídio de 1.500 yuans (cerca de R$ 1.100) a empresas e organizações sociais por cada jovem de 16 a 24 anos contratado até dezembro. A medida busca aliviar o impacto social e econômico do desemprego juvenil.
Em comparação, no Brasil, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos foi de 12% no segundo trimestre de 2025, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
PIB chinês desacelera e pressiona políticas econômicas
O enfraquecimento do mercado de trabalho juvenil ocorre em um contexto de desaceleração da economia chinesa. O PIB do país cresceu 4,8% no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior — o menor avanço em um ano e o segundo trimestre consecutivo de perda de ritmo.
Nos três primeiros trimestres, o PIB registrou altas de 5,4% e 5,2%, respectivamente. O resultado mais recente coloca pressão sobre as autoridades de Pequim para adotar novos estímulos econômicos, já que o desempenho está abaixo da meta oficial de crescimento de “em torno de 5%” para 2025.
A crise no setor imobiliário, combinada às novas tensões comerciais com os Estados Unidos, tem sido apontada como um dos principais fatores para a desaceleração. As tarifas mais altas impostas por Washington no início do ano reduziram as exportações chinesas, forçando empresas a buscar novos mercados e evidenciando a dependência do país da manufatura e da demanda externa.
Live analisa impactos globais da desaceleração chinesa
Para discutir os rumos da economia chinesa e seus reflexos nos mercados internacionais, a EQI Research realiza nesta quarta-feira (22), às 18h15 (horário de Brasília), a live “Direto da China: Desaceleração, Oportunidades e Riscos”.
O evento contará com Marink Martins e Olivia Alonso, que recebem a economista Amanda Scupinari, especialista em economia chinesa e analista macroeconômica internacional, diretamente da China.
A transmissão, pelo canal da EQI Research no YouTube, abordará os efeitos das políticas norte-americanas, a posição geopolítica da China e estratégias de investimento diante do novo cenário econômico global. Clique aqui para participar da live!