Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos marcada para o próximo dia 20 de janeiro, o cenário econômico internacional vive um clima de incerteza. Diversos fatores poderão moldar a economia global, afetando mercados e investimentos. Mas afinal, quais os principais pontos que o investidor deve ficar atento?
Para abordar essas questões e entender quais pontos os investidores devem ficar atentos nos investimentos internacionais, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, e Ângelo Manzan Dalla Vecchia, assessor de investimentos e gestão patrimonial da EQI, realizaram uma live nesta quinta-feira (10).
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O que ficar de olho no cenário econômico?
Segundo o estrategista-chefe da Avenue, os principais pontos que merecem atenção estão as questões de imigração, tarifas comerciais, redução de impostos e regulação governamental.
Sobre o primeiro tópico, ele ressalta que uma das promessas mais controversas de Trump durante a campanha foi a deportação em massa de imigrantes ilegais. “Se concretizada, essa política pode afetar significativamente o mercado de trabalho nos Estados Unidos, com potenciais repercussões para setores que dependem de mão de obra estrangeira”, ressalta.
O Departamento de Trabalho dos EUA divulgou dados positivos sobre o emprego no país, com a criação de 256 mil novas vagas em dezembro, superando a previsão de 164 mil. A taxa de desemprego ficou em 4,1%, levemente abaixo da expectativa de 4,2%. No entanto, a falta de clareza sobre as políticas de imigração pode gerar tensões e afetar a confiança do mercado de trabalho.
Outro ponto importante é a política de tarifas comerciais proposta por Trump, especialmente em relação a países como China, México, Canadá e Brasil. Assessores do presidente eleito estão avaliando um plano tarifário que poderia impactar as importações de produtos críticos de diversos países.
“A imposição de tarifas poderia resultar em uma guerra comercial, afetando a dinâmica de mercado global e, em última instância, os preços e a inflação”, diz Castro Alves. Ele ainda ressalta que a forma como Trump lidará com as negociações comerciais será determinante para o cenário econômico internacional.
O estrategista também relembra que Trump tem defendido fortemente a redução de impostos como uma estratégia para estimular o crescimento econômico nos Estados Unidos. Embora a medida possa impulsionar os investimentos e o consumo a curto prazo, ela também levanta preocupações sobre o aumento do déficit fiscal e a sustentabilidade das finanças públicas a longo prazo. A execução dessa política exigirá uma análise cuidadosa dos impactos fiscais e da eficácia das medidas de estímulo.
O novo presidente americano também tem se mostrado favorável à redução da regulação e à busca por maior eficiência governamental. Ele criou um novo departamento de eficiência, com o objetivo de reduzir a burocracia e tornar a administração pública mais ágil.
Trump nomeou Elon Musk, CEO da Tesla, para chefiar esse órgão, o que gerou expectativas sobre mudanças significativas na estrutura governamental. O nível de desregulação e suas implicações para o mercado e a economia ainda são questões abertas.
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Incerteza e seus reflexos no mercado global
A combinação desses fatores, somada à falta de previsibilidade sobre as ações do novo governo, tem gerado um clima de incerteza no mercado financeiro. As dúvidas sobre as políticas imigratórias, tarifárias, fiscais e regulatórias de Trump podem impactar a inflação, o crescimento econômico e até mesmo a política monetária, afetando as taxas de juros e o valor do dólar. As flutuações no mercado de câmbio e os movimentos da bolsa americana também são questões a serem observadas de perto.
Nos próximos dias, conforme Trump assume oficialmente a presidência, o mercado espera maior clareza sobre essas questões, e os investidores estarão atentos aos primeiros sinais de como o novo governo moldará a economia dos Estados Unidos e suas relações comerciais com o restante do mundo.
O estrategista-chefe da Avenue, ressalta ainda que a incerteza excessiva representa um grande desafio, mas ele acredita que Donald Trump, ao assumir a presidência, trabalhará rapidamente para reduzir esse cenário de incerteza. Segundo Alves, com o novo governo em vigor, o mercado terá mais clareza sobre os rumos da economia americana.
Em termos gerais, Alves projeta um crescimento para a economia dos Estados Unidos, respaldado por dados econômicos positivos. “A economia americana é predominantemente voltada para serviços, e ao observarmos o desempenho do setor de serviços, que é o principal motor do PIB, vemos que ele está indo muito bem”, destacou o estrategista. O PMI (Índice de Gerentes de Compras) de serviços, indicador-chave, superou as expectativas, refletindo a força do setor.
Além disso, apesar dos receios globais, Alves acredita que o consumo nos Estados Unidos permanece saudável. “As perspectivas para o consumo continuam positivas, e quase 70% do PIB americano vem desse setor. Isso indica um cenário de crescimento”, afirmou. O consumo robusto é um pilar essencial da economia americana, e a tendência é que essa dinâmica continue sustentando a expansão.
Pode acontecer uma recessão?
Em relação à probabilidade de recessão, uma pesquisa realizada pela Amundi Research em novembro de 2024 apontou que a chance de uma recessão nos Estados Unidos em 2025 é inferior a 30%. Isso sugere que, embora haja desafios, as perspectivas para a economia americana são, em geral, otimistas.
Alves reforça que os Estados Unidos continuarão a ser o principal motor do crescimento global em 2025. “Como a maior economia do mundo, os EUA têm uma influência significativa no crescimento econômico global”, concluiu, destacando a relevância do país no cenário internacional.
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