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Por que empresas brasileiras têm preferido abrir capital nos EUA em vez da B3? Entenda o motivo

Por que empresas brasileiras têm preferido abrir capital nos EUA em vez da B3? Entenda o motivo

Juros altos, baixa liquidez e ambiente institucional mais frágil ajudam a explicar por que empresas brasileiras têm preferido fazer IPO nos EUA, em bolsas como Nasdaq e NYSE, em vez de abrir capital na B3

Com a B3 ($B3SA3) sem registrar IPO relevante desde 2021 e um ambiente doméstico marcado por juros elevados, insegurança jurídica e menor apetite ao risco, as empresas brasileiras estão direcionando os seus planos de abertura de capital para os Estados Unidos.

Esta movimentação está acontecendo em empresas de diversos setores, como tecnologia, serviços financeiros, alimentos e até mesmo companhias aéreas que estudam listar ações diretamente na Nasdaq ou na NYSE — caso de grupos que já protocolaram pedidos na SEC e de companhias que iniciaram estruturas de dupla listagem.

Para profissionais do mercado, a escolha por Nova York reflete vantagens estruturais do mercado americano e limitações históricas do mercado local.

Segundo executivos de bancos de investimento, operações de grande porte — próximas ou superiores a US$ 500 milhões — encontram demanda mais consistente nos EUA. No Brasil, o tamanho reduzido da base de investidores institucionais e a taxa de juros ainda elevada criam dificuldades para companhias que precisam captar volumes expressivos para financiar expansão ou desalavancagem.

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Como funciona o IPO nos EUA e por que o modelo americano atrai empresas brasileiras

De acordo com conteúdo educacional da Avenue sobre o funcionamento de IPOs globais, a abertura de capital é o processo pelo qual uma empresa realiza sua primeira oferta pública de ações, passando a negociar parte de seu patrimônio em bolsa. Entre os objetivos mais comuns estão captar recursos, ampliar visibilidade, dar liquidez a sócios e utilizar ações como instrumento estratégico em fusões e aquisições.

A Avenue explica que, enquanto o Brasil concentra todas as listagens na B3, o mercado americano dispõe de múltiplas bolsas, como a NYSE e a Nasdaq, cada uma com perfis distintos. A NYSE é associada a empresas consolidadas e de grande capitalização, enquanto a Nasdaq atrai companhias de tecnologia e inovação, como grupos de software, hardware, biotecnologia e comunicação digital. Essa diversidade permite que negócios em diferentes estágios encontrem estruturas adequadas à sua estratégia de crescimento.

Outro ponto destacado pela corretora internacional é a liquidez significativamente maior das bolsas americanas, o que aumenta o interesse de fundos globais e melhora o potencial de valuation — especialmente em setores de alto crescimento. Em contraste, o mercado brasileiro enfrenta desde 2022 um ambiente marcado por juros altos, baixo apetite ao risco e instabilidade fiscal, fatores que reduziram o interesse por novas ofertas.

Essas diferenças ajudam a explicar por que empresas brasileiras vêm avaliando o IPO nos EUA como uma alternativa mais eficiente para captação em moeda forte e acesso a investidores internacionais.

“Sintoma de fragilidade estrutural”, avalia Fabio Murad

Para Fabio Murad, CEO da Spacemoney Investimentos, o fato de a retomada dos IPOs brasileiros acontecer prioritariamente nos EUA não deve ser interpretado como um movimento isolado.

“A possível retomada dos IPOs de empresas brasileiras acontecendo nos Estados Unidos, e não no Brasil, reflete uma realidade que vai além de um movimento pontual: é um sintoma claro da fragilidade estrutural do ambiente de negócios e do mercado de capitais no Brasil”, afirma.

Murad destaca que a busca por uma listagem internacional envolve fatores que empresas consideram determinantes para a tomada de decisão.

“Quando uma empresa escolhe abrir capital fora, ela está buscando liquidez real, segurança jurídica, previsibilidade tributária e acesso a uma base global de investidores. São fatores que o mercado brasileiro, infelizmente, ainda não oferece com consistência.”

Segundo ele, a estrutura americana oferece regras estáveis, grande base de investidores institucionais e maior profundidade de mercado, proporcionando condições mais favoráveis para financiar expansão, competir globalmente e atrair capital de longo prazo.

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Empresas brasileiras já se movimentam para listagem nos EUA

Embora o número de IPOs no Brasil tenha desacelerado desde 2021, diferentes companhias brasileiras iniciaram processos ou estudam formalmente abrir capital nos Estados Unidos. Entre os movimentos públicos mais recentes estão empresas que protocolaram documentos na SEC, avaliam estruturas de dupla listagem ou reabriram conversas com bancos de investimento para ofertas superiores a US$ 500 milhões.

No grupo das empresas que miram um IPO americano estão a PicPay, que retomou o processo de registro e já realizou arquivamento preliminar na SEC; o Agibank, que também protocolou documentação; a CloudWalk, dona da InfinitePay, que voltou a avaliar uma listagem fora do país; e a Wellhub (antigo Gympass), que surge como candidata natural ao mercado americano. A Doal Foods Eggs, controladora da Granja Faria, também iniciou movimentos para uma operação internacional conforme expandiu sua receita no exterior.

Além delas, grupos como JBS (JBSS32) e BR Partners avançaram com estruturas de dupla listagem, enquanto a Gol (GOLL54) solicitou o registro de sua holding para negociar ações nos EUA. O conjunto desses movimentos reforça a avaliação de que a próxima onda de IPOs envolvendo empresas brasileiras deve ocorrer fora da B3 ($B3SA3).