O ano de 2024 foi marcado pela ausência de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) na B3 ($B3SA3), sendo reflexo de um ambiente macroeconômico instável e de taxas de juros elevadas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Apesar disso, o mercado de capitais alcançou um volume recorde de emissões, com R$ 783,4 bilhões captados, destacando-se como um dos maiores da história.
Seca de IPOs e retração no mercado de ações
Desde setembro de 2021, nenhuma empresa abriu capital na B3. Em vez disso, o número de companhias listadas na bolsa segue em queda, passando de 385 em janeiro de 2022 para 335 em 2024. Empresas como EDP Brasil e Cielo optaram por realizar Ofertas Públicas de Aquisição (OPAs) para saírem da Bolsa.
Além disso, as ofertas subsequentes (follow-ons) no mercado de ações somaram apenas R$ 7,3 bilhões no ano, números baixos comparados a períodos anteriores.
Segundo Guilherme Maranhão, em entrevista coletiva, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, a alta dos juros desincentivou as empresas a buscarem capital na Bolsa. “O custo de oportunidade de investir em equities ou vender parte de uma empresa com desconto acaba sendo um fator proibitivo”, explicou.
A retomada de IPOs em 2025 não é vista como cenário-base, embora o executivo acredite que possam surgir janelas de oportunidade para ofertas pontuais ao longo do ano. Ele também projeta que os follow-ons deverão se manter em patamares próximos aos dos últimos três anos.
Renda fixa e títulos híbridos ganham destaque
Enquanto o mercado de ações enfrentou dificuldades, o mercado de renda fixa e títulos híbridos apresentou um desempenho expressivo. Em 2024, foram captados R$ 783,4 bilhões no mercado de capitais, com destaque para:
- Debêntures: R$ 473,7 bilhões captados, representando um salto de R$ 202,7 bilhões em relação ao recorde anterior de 2022. O volume registrado em dezembro (R$ 68,1 bilhões) foi o maior da série histórica para o mês.
- Notas Comerciais: Recorde de R$ 43,6 bilhões emitidos.
- Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI): R$ 58,9 bilhões, também o maior volume já registrado.
As debêntures voltadas para infraestrutura responderam por 25,7% do volume total, enquanto 24,5% foram direcionadas à gestão ordinária dos negócios e 23,4% ao pagamento de dívidas. Este último uso registrou um salto significativo, passando de R$ 39,8 bilhões em 2023 para R$ 111,0 bilhões em 2024.
No mercado externo, as emissões de renda fixa somaram US$ 20,1 bilhões, com 23 operações, alcançando o maior volume desde 2021 (US$ 24,6 bilhões).
FIIs e outros títulos híbridos
Entre os títulos híbridos, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) captaram R$ 44,3 bilhões em 2024, o maior volume desde 2021, enquanto os FIAGROs registraram R$ 4,8 bilhões, uma queda de 45,3% em relação a 2023.
Entre os títulos de securitização, os Certificados de Recebíveis (CRs) ultrapassaram pela primeira vez a marca de R$ 1 bilhão ofertados.
Já os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) captaram R$ 41,3 bilhões, uma leve retração de 4,7% em relação a 2023.
Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), por sua vez, alcançaram o segundo maior volume da série histórica, com R$ 81,4 bilhões.
Os maiores compradores desses títulos foram fundos de investimento e investidores institucionais, que adquiriram 47,4% dos CRIs e 50,5% dos FIDCs, enquanto pessoas físicas representaram 55,5% da demanda pelos CRAs.
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