Descubra as 10 Maiores Pagadoras de Dividendos da Bolsa
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Notícias
Investimento no Exterior
Manipulação de dados econômicos na China é exposta pelo Wall Street Journal

Manipulação de dados econômicos na China é exposta pelo Wall Street Journal

Wall Street Journal aponta manipulação em dados econômicos da China, com dúvidas sobre PIB, desemprego e crise no setor imobiliário

O jornal americano Wall Street Journal levantou sérias dúvidas sobre a manipulação de dados econômicos na China e a falta de transparência nas estatísticas divulgadas pelo governo do país asiático.

A publicação jornalística revelou um padrão sobre a opacidade dos dados e uma possível manipulação de indicadores fundamentais para a compreensão da verdadeira situação econômica da segunda maior economia do mundo.

Segundo a reportagem da WSL, diversos indicadores econômicos têm sido apresentados com metodologias questionáveis ou simplesmente deixaram de ser divulgados nos últimos anos. O crescimento do PIB chinês é um dos pontos mais controversos destacados na investigação. 

Enquanto autoridades chinesas anunciaram um crescimento de 5% em 2024, as principais instituições financeiras internacionais apresentaram estimativas bem menores. 

O Goldman Sachs (GS; GSGI34), utilizando métricas alternativas baseadas em consumo doméstico e dados de importação, calcula um crescimento real de apenas 3,7%, enquanto o Rhodium Group, centro de pesquisa sediado em Nova York, sugere números ainda mais modestos: apenas 2,4%.

Publicidade
Publicidade

A taxa de desemprego juvenil também está no centro das controvérsias. Após atingir o alarmante patamar de 21,3% em meados de 2023, o indicador ficou ausente das publicações oficiais por quase meio ano. Quando finalmente reapareceu, surpreendentemente havia caído para 14,5%. 

A justificativa oferecida pelas autoridades chinesas foi a exclusão de aproximadamente 62 milhões de estudantes das estatísticas, mesmo aqueles ativamente em busca de emprego. Especialistas acadêmicos de Pequim contestam esses números, sugerindo que a taxa real poderia superar 46%.

O setor imobiliário, que enfrenta uma crise prolongada com gigantes como Evergrande e Country Garden em dificuldades, também sofreu uma redução na transparência de dados. As estatísticas de vendas residenciais deixaram de ser publicadas em 2022, justamente quando o setor entrava em colapso. Similarmente, as principais bolsas chinesas interromperam em abril de 2024 a divulgação em tempo real dos fluxos de investimento estrangeiro.

De acordo com o WJS, mais preocupante ainda é o tratamento dispensado a economistas que questionam as narrativas oficiais. A reportagem do jornal cita o caso do economista Gao Shanwen, da SDIC Securities, que teria sido silenciado após declarar em uma conferência nos Estados Unidos que o crescimento chinês poderia estar próximo de apenas 2% anuais – bem abaixo dos números oficiais.

Para contornar a escassez de dados confiáveis, as instituições têm desenvolvido metodologias alternativas. O Goldman Sachs, por exemplo, implementou sistemas próprios de análise econômica focados na China, utilizando indicadores indiretos e cruzamentos estatísticos para obter uma visão mais realista da economia do país.

A manipulação de dados econômicos na China se estende até a estatísticas incomuns, como as relacionadas à cremação — usadas como termômetro demográfico durante a pandemia — e à produção de molho de soja (shoyu), referência indireta do consumo doméstico. Ambos os conjuntos de dados deixaram de ser atualizados desde 2022.

Leia também:

Qual é a atual situação da economia chinesa?

A economia chinesa enfrenta um cenário de desaceleração, e o governo tem recorrido a medidas de estímulo para tentar reverter esse quadro.

Segundo a BBC, Pequim anunciou novos subsídios para creches, aumentos salariais e mais dias de férias remuneradas, além de lançar um programa de descontos de US$ 41 bilhões em produtos que vão de eletrodomésticos a veículos elétricos.

Apesar dessas ações, o consumo interno ainda não reagiu como esperado. Há uma cautela generalizada entre os consumidores chineses, o que tem limitado a eficácia dos estímulos. Por outro lado, houve um dado positivo recente: as vendas no varejo cresceram 4% nos dois primeiros meses de 2025, indicando um leve impulso na demanda.

Entretanto, o setor imobiliário continua pressionado, com a queda persistente nos preços de imóveis novos e usados na maior parte do país — com exceção de cidades como Xangai. Esses fatores reforçam a percepção de que a recuperação econômica chinesa é lenta e ainda bastante instável.