A chegada da Mixue Ice Cream & Tea ao Brasil em 2025 chamou a atenção não só dos consumidores, mas também de quem busca oportunidades de investimento ligadas ao crescimento da marca.
A empresa chinesa, considerada a maior rede de bebidas e sobremesas geladas do mundo, anunciou um investimento de R$ 3,2 bilhões no país, com a promessa de abrir 25 mil empregos até 2030. Esse movimento faz parte de um pacote maior de R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil, impulsionando o interesse em entender como investir na Mixue e aplicar dinheiro nesse fenômeno do varejo alimentício.
Neste guia, você vai descobrir quem é a Mixue, qual é o seu modelo de negócio, com quem ela concorre, e como você pode investir — direta ou indiretamente — nesse império em expansão.
Quem é a Mixue: de raspadinha à maior rede de bebidas do mundo
A história da Mixue começa em 1997, na cidade de Zhengzhou, na província de Henan, na China. Fundada por Zhang Hongchao, a empresa começou como uma pequena loja de raspadinhas. Com o tempo, passou a vender sorvetes e bebidas à base de chá, ganhando popularidade por seus preços baixos e ambiente jovem.
Hoje, a Mixue conta com mais de 45 mil lojas em operação, espalhadas não só pela China, mas também em países como Indonésia, Vietnã, Tailândia, Coreia do Sul e Austrália. A marca se destaca por sua proposta de valor clara: produtos acessíveis, ambiente padronizado e apelo forte entre o público jovem.
A expansão internacional da Mixue é relativamente recente, mas agressiva. Em 2025, a marca chega oficialmente ao Brasil com uma meta ambiciosa de abrir milhares de lojas em poucos anos, aproveitando seu modelo enxuto de operação e alta padronização.
Mixue no Brasil: o plano de R$ 3,2 bilhões e os alvos do varejo local
A entrada da Mixue no Brasil representa um novo capítulo na concorrência do setor de bebidas, sorvetes e food service. A marca pretende se estabelecer inicialmente nas grandes capitais, com lojas próprias e futuramente com franquias locais.
A principal aposta será em um cardápio enxuto de sorvetes de baunilha, bubble teas e chás gelados com preços baixos — estratégia que já funciona em outras partes da Ásia.
Ao entrar no mercado brasileiro, a Mixue enfrentará gigantes já estabelecidos. Isso inclui desde sorveterias tradicionais até redes de cafeterias e lojas de bubble tea.
Concorrentes da Mixue no Brasil:
- Sorveterias: Chiquinho Sorvetes, Bacio di Latte, Rochinha
- Cafeterias: Starbucks, McCafé, Café Havanna
- Redes de bubble tea: Tiger Sugar, Bubblekill, Tea Shop
- Fast food: McDonald’s (MCD; MCDC34) e Burger King (ZAMP3), pela concorrência indireta no segmento de sobremesas
A Mixue é maior que McDonald’s e Burger King?
Sim — ao menos em número de unidades. Embora menos conhecida no Ocidente, a Mixue já ultrapassou o McDonald’s e o Burger King em número de lojas.
- Mixue: +45 mil unidades
- McDonald’s: ~40 mil unidades globais
- Burger King: ~19 mil unidades globais
Esse crescimento se deve à estratégia agressiva de franquias com baixo custo inicial, além de eficiência logística e um cardápio simples de replicar.
Além disso, a empresa adota uma postura de integração vertical, produzindo seus próprios insumos, o que reduz custos e garante padrão de qualidade. Essa estrutura lembra modelos adotados por grandes cadeias de fast food, mas com ainda mais controle de ponta a ponta.
O que a Mixue vende: cardápio enxuto, preço imbatível
O mix de produtos da Mixue é simples, mas eficiente. A ideia é oferecer poucas opções com alto giro, voltadas principalmente para o público jovem, com preços que desafiam os concorrentes.
Entre os itens mais populares da marca, estão:
- Sorvete de baunilha com opções de toppings
- Bubble tea: bebidas à base de chá com pérolas de tapioca
- Chás gelados com frutas
- Smoothies e bebidas cremosas com creme ou leite
Na China, muitos produtos custam o equivalente a menos de R$ 5, valor que a empresa promete replicar no Brasil.
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Como investir na Mixue: principais caminhos disponíveis hoje
Se você quer entender como investir na Mixue, saiba que a empresa já tem ações negociadas em bolsa, o que amplia as formas de se expor ao crescimento da marca, tanto no Brasil quanto no exterior.
Investir em ações do Mixue Group na Bolsa de Hong Kong
Em dezembro de 2023, a controladora da marca, o Mixue Group, abriu capital na Bolsa de Hong Kong (HKEX), sob o ticker HKG: 2097. Desde então, qualquer investidor com conta em uma corretora internacional pode comprar ações da empresa.
O processo exige envio de documentos, conversão de moeda e, em alguns casos, comprovação de renda. Corretoras que oferecem acesso à HKEX, como Avenue ou a conta internacional do BTG Pactual.
Investir em franquias no Brasil
Outra forma prática de quem busca como investir na Mixue é apostar em franquias. A entrada da marca no Brasil deve incluir a venda de unidades franqueadas, como já ocorre na China. Isso cria uma possibilidade de investimento direto no negócio, com ganhos operacionais e potencial valorização da marca.
Investir em empresas fornecedoras
Com a instalação de milhares de unidades no país, a Mixue precisará de insumos locais, como leite, frutas, embalagens, logística e equipamentos. Isso abre espaço para investir em empresas brasileiras que se tornem fornecedoras da rede.
Investir via ETFs ligados à China
Outra maneira de se beneficiar do crescimento da marca é buscar como investir na Mixue de forma indireta, por meio de ETFs internacionais que reúnem empresas chinesas de consumo ou tecnologia. Alguns exemplos:
- CHIQ (Global X China Consumer ETF): inclui empresas chinesas de consumo
- CHI (iShares MSCI China ETF): exposição ampla à economia chinesa
- KWEB (KraneShares CSI China Internet ETF): foco em empresas digitais chinesas
Oportunidades indiretas para investidores brasileiros
Mesmo que o investimento direto ainda não seja possível, a chegada da Mixue ao Brasil pode movimentar diversos setores e beneficiar empresas locais. Isso inclui:
- Laticínios e agroindústria: fornecedores de leite, frutas e derivados
- Indústria de embalagens e plásticos
- Construtoras e incorporadoras, com aumento da demanda por pontos comerciais
- Empresas de tecnologia para food service: automação de pedidos, CRM, POS
- Logística e distribuição, que ganharão com o aumento da operação
Além disso, o crescimento do setor de alimentação rápida pode beneficiar ações de empresas já listadas na B3, como Camil (CAML3), BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3), RD Saúde (RADL3) (via food service em drogarias), entre outras.
Riscos e desafios do investimento
Assim como toda oportunidade, a expansão da Mixue também carrega riscos que devem ser levados em conta:
- Adaptação cultural: nem todos os produtos da marca podem agradar ao paladar brasileiro
- Concorrência estabelecida: redes como Chiquinho e Starbucks já têm presença forte
- Riscos cambiais: caso a operação dependa de importações
- Cenário econômico brasileiro: inflação, juros altos e renda da população podem afetar o consumo
- Modelo de franquia acelerado: crescimento rápido demais pode comprometer o controle de qualidade
Vale a pena investir na Mixue?
A Mixue representa um movimento estratégico da China para consolidar marcas globais fora da Ásia, e o Brasil é um dos focos principais. A empresa tem escala, eficiência e preço para balançar o mercado nacional de bebidas e sobremesas.
Para o investidor brasileiro, entender como investir na Mixue é uma oportunidade de acompanhar um crescimento acelerado e com alto potencial. Embora o acesso direto ainda esteja se desenvolvendo, há diversas formas indiretas de se beneficiar dessa expansão — seja via franquias, investimentos em empresas relacionadas ou posicionamento para aproveitar o movimento no mercado financeiro.
Como em todo investimento, é essencial considerar seu perfil de risco, buscar informações atualizadas e, se possível, consultar um assessor de investimentos antes de tomar decisões.