O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou no último sábado (1º) a imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados dos Estados Unidos. A medida, que entra em vigor a partir de amanhã (4), é uma resposta às novas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump
Trudeau afirmou que a taxação afetará um volume expressivo de importações norte-americanas, totalizando 155 bilhões de dólares canadenses, cerca de US$ 106,6 bilhões. A lista de produtos tarifados inclui cerveja, vinho, eletrodomésticos e artigos esportivos.
A aplicação das tarifas ocorrerá em duas fases:
- A partir de 4 de fevereiro, mercadorias somando 30 bilhões de dólares canadenses serão taxadas;
- Nos 21 dias seguintes, os outros 125 bilhões também passarão a ser tarifados.
Durante coletiva de imprensa, o primeiro-ministro canadense reforçou que seu governo não recuará diante da defesa dos interesses do país. “Nós não queremos estar aqui, não pedimos isso”, disse Trudeau, reconhecendo que as medidas terão consequências para ambos os lados da fronteira.
A decisão do governo canadense gerou repercussão imediata. O primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, David Eby, pediu aos cidadãos que boicotassem produtos alcoólicos dos estados republicanos dos EUA e ordenou a retirada dessas mercadorias das prateleiras das lojas administradas pelo governo.
A insatisfação com as tarifas também ficou evidente no mundo esportivo. No sábado, torcedores vaiaram o hino dos EUA durante um jogo da Liga Nacional de Hóquei contra um time americano. No domingo, o mesmo aconteceu em uma partida da NBA entre Toronto Raptors e Los Angeles Clippers, quase abafando a performance do jovem de 15 anos que entoava a canção.
Trump sugere, novamente, que Canadá se torne o “51º estado” dos EUA
A resposta de Donald Trump veio rapidamente. No domingo (2), o presidente norte-americano sugeriu que o Canadá deveria se tornar o 51º estado dos Estados Unidos.
Em uma publicação na sua plataforma Truth Social, Trump afirmou que os EUA “pagam centenas de bilhões de dólares para subsidiar o Canadá” e alegou que, sem esse apoio, o país vizinho “deixaria de existir como uma nação viável”.
Ele argumentou que a anexação traria vantagens aos canadenses: “impostos muito menores, melhor proteção militar e nenhuma tarifa”.
México anuncia retaliação e rejeita acusações de Trump
O México também reagiu às tarifas impostas pelos EUA. A presidente Claudia Sheinbaum anunciou que o país adotará um pacote de medidas de retaliação, incluindo tarifas sobre produtos norte-americanos e outras restrições comerciais.
“Eu instruo o ministro da Economia para que implemente o Plano B sobre o qual temos trabalhado, que inclui medidas tarifárias e não tarifárias em defesa dos interesses do México”, declarou Sheinbaum em comunicado oficial.
Além disso, a presidente rejeitou as alegações da Casa Branca de que o governo mexicano teria “alianças intoleráveis” com organizações do tráfico de drogas. Sheinbaum classificou a acusação como “caluniosa” e criticou a política antidrogas dos EUA, afirmando que o problema do fentanil deveria ser combatido dentro do próprio território norte-americano.
“Se os EUA realmente quisessem enfrentar o grave problema do consumo de fentanil, deveriam combater a venda de drogas nas ruas de suas cidades e reprimir a lavagem de dinheiro que sustenta essa atividade criminosa”, afirmou a presidente.
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China prepara ação na OMC e promete contramedidas
A China também não ficou de fora da disputa comercial e reagiu com firmeza às tarifas impostas por Trump.
O Ministério do Comércio chinês anunciou que entrará com uma ação contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que a medida “viola gravemente as regras do comércio internacional”.
Além da contestação na OMC, Pequim prometeu “contramedidas correspondentes” para proteger os interesses econômicos do país, mas ainda não divulgou detalhes sobre as ações que pretende tomar.O ministro das Relações Exteriores chinês também criticou a retórica norte-americana sobre o fentanil, um dos argumentos usados pela Casa Branca para justificar a nova rodada de tarifas.
“O fentanil é um problema dos Estados Unidos. A China tem cooperado com os EUA no combate ao tráfico, e os resultados são evidentes”, afirmou um porta-voz do governo chinês.
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