A percepção dos brasileiros sobre investimentos no exterior mudou nos últimos anos, passando de uma visão de que enviar dinheiro para fora do país seria um investimento exótico para uma estratégia de proteção de patrimônio.
Essa foi a avaliação de Roberto Lee, CEO da Avenue, durante o evento da corretora americana “5 anos de expansão: o que esperar do futuro?”, realizado nesta quarta-feira (29) na Faria Lima, em São Paulo.
Além de Lee, participaram do evento o jornalista Carlos Sambrana, co-fundador da NeoFeed, e Carlos Constantini, responsável pela divisão Wealth Management & Services do Itaú Unibanco (ITUB4).

Investimentos no exterior: mudança na percepção
Lee revelou que as primeiras pesquisas antes da fundação da corretora indicavam que o investimento no exterior era visto como uma forma de enviar dinheiro para fora do país com o objetivo de não declarar o patrimônio, seja por motivos lícitos ou ilícitos.
No entanto, essa percepção mudou nas pesquisas mais recentes, onde os investidores abrem conta na Avenue, por exemplo, para investir em grandes empresas americanas, como a Apple (AAPL; AAPL34).
O executivo destacou que os investidores, hoje, desejam investir no exterior para preservar o seu patrimônio.
Constantini reforça este argumento de Lee, afirmando que os produtos de investimentos internacionais passaram de exóticos para nicho.
“A tendência mais recente é que os investimentos internacionais se tornem gradualmente mais estruturais. As pessoas poderão diversificar cada vez mais os seus investimentos”, afirmou Constantini, responsável pela divisão Wealth Management & Services do Itaú.
O gestor também aponta que a educação financeira terá um papel fundamental para a democratização dos investimentos internacionais. Segundo ele, as pessoas se sentem mais confortáveis em investir naquilo que conhecem.
Assim, com a maior quantidade de informações disponíveis, os investidores estarão mais dispostos a diversificar parte do seu patrimônio no exterior.
“Em qualquer métrica, a diversificação do investimento é o guia. Atualmente, exposição ao mundo é uma premissa de diversificação dos investidores”, declarou.
Para Constantini, a diversificação e a alocação no exterior chegaram para ficar. “Mudou bastante o perfil de investidores mais especulativos para aquele mais conservador para proteção de capital”, destacou.
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- Internacionalização dos investimentos entre os brasileiros
Globalização e digitalização mudaram o mercado financeiro
Lee cita que a globalização e a digitalização provocaram uma mudança no perfil dos investidores.
“A proximidade não é mais física e geográfica, mas de consumo. Hoje, os jovens preferem investir em empresas americanas de tecnologia do que em empresas brasileiras, por exemplo”, comentou Lee.
O CEO da Avenue informou que até 2017, apenas 50 mil brasileiros tinham acesso a investimentos no exterior. Mas hoje, somente a Avenue tem mais de 800 mil usuários ativos.
Sobre o volume financeiro movimentado por brasileiros em investimentos no exterior, Lee estima que os compatriotas movimentem algo em torno de US$ 200 bilhões, cerca de R$ 1 trilhão.
“A transformação para internacionalização tem que ser natural, sem aquele medo de investir fora. Ela deve vir da assessoria, onde o assessor recomenda a internacionalização de parte da carteira do seu cliente”, citou Lee.