O investidor que acompanha o mercado de ações está familiarizado com um termo que vira e mexe aparece nos comunicados das empresas: split. Ele nada mais é do que o desdobramento de ações. E serve para alterar a quantidade de ações em circulação, sem que isso afete o valor total da empresa.
O oposto disso também existe e é chamado de “inplit” ou split reverso. No desdobramento, o número de ações é aumentado e o preço unitário é reduzido, enquanto no agrupamento o número de ações é reduzido e o preço unitário é aumentado.
Mas você sabia que também ocorre desdobramento de cotas de Fundos Imobiliários? Acompanhe e entenda.
Desdobramento de cotas de Fundos Imobiliários: o que é
O mercado de Fundos Imobiliários (FII) tem ganhado destaque no cenário de investimentos nos últimos anos, atraindo um número crescente de investidores interessados em obter renda passiva por meio da participação em empreendimentos imobiliários.
Uma das estratégias que pode impactar o desempenho dos FIIs é o desdobramento de cotas, que influencia no valor das cotas e, consequentemente, na liquidez do fundo e na pulverização dos cotistas.
O desdobramento de cotas de Fundos Imobiliários é uma operação em que a quantidade de cotas de um determinado FII é aumentada, enquanto o valor unitário das cotas é reduzido na mesma proporção.
Por exemplo, em um desdobramento de 1 para 5, um investidor que possuía 10 cotas agora terá 50 cotas, mas o valor de mercado total de sua participação permanecerá o mesmo.
“Eu sempre exemplifico com o corte de uma pizza. O investidor precisa entender que a pizza segue a mesma. A diferença é que ao invés de fazer 4 cortes, você vai fazer 8”, explica Carolina Borges, analista de FIIs da EQI Research.
Desdobramento de cotas de Fundos Imobiliários: quando acontece?
O desdobramento de cotas em FIIs ocorre geralmente quando a gestora do fundo deseja tornar as cotas mais acessíveis a um maior número de investidores.
Isso pode ser motivado por diversos fatores, incluindo a valorização do fundo, a ampliação da base de investidores ou a busca por liquidez no mercado secundário.
Recentemente, houve o desdobramento de cotas do CPTS11 é um dos Fundos Imobiliários presentes na Carteira Recomendada de FIIs da EQI Research do mês de setembro.
O Capitânia Securities II (CPTS11) é um FII de recebíveis, também conhecido como fundo de papel. Isso significa que ele investe prioritariamente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). E é um dos FIIs mais líquidos do mercado.
A base de negociação deste FII estava em cerca de R$ 100. E a gestão decidiu desdobrar a cota, com valor unitário passando de R$ 88,90 para R$ 8,89, mas com total de cotas sendo multiplicado por 10 para cada investidor. Nesta quarta-feira (27), a cota está sendo negociada a R$ 8,78.

Com isso, explica Carol, o fundo pretende aumentar a pulverização dos cotistas, com um preço de entrada baixo, o que deve aumentar a quantidade de investidores que possuem cotas do fundo.
“Geralmente, o desdobramento de cotas de Fundos Imobiliários acontece para aumentar a liquidez, mas também, como no caso do CPTS11, para aumentar a base de cotistas. Muitas vezes um fundo tem um investimento de entrada alto, o que afasta possíveis investidores. E essa é uma forma rápida de ajustar isso, mas sem alterar a estrutura do fundo”, avalia.
No caso do CPTS11, o fundo de papel estava com base de negociação em torno de R$ 100. A gestão decidiu, então, fazer com que a cota de R$ 88,90 passasse a valer R$ 8,80. E o investidor que tinha 1 cota, passou a ter 10.
O CPTS11 tem cerca de 231 mil cotistas atualmente. Por isso, diferentemente do que circulou em algumas redes sociais, o desdobramento não tem por objetivo se adequar à Medida Provisória (MP) da taxação dos chamados fundos dos “super-ricos”, que prevê cobrança de imposto de renda de dividendos de fundos com menos do que 500 cotistas.
Desdobramento de cotas dos Fundos Imobiliários: vantagens para o investidor
Acessibilidade
O desdobramento torna as cotas mais acessíveis a investidores com menor capital disponível, permitindo que mais pessoas participem do fundo.
Potencial de Liquidez
Com um maior número de cotas em circulação, a liquidez do fundo pode aumentar, facilitando a compra e venda das cotas no mercado secundário.
Diversificação
Investidores podem diversificar mais facilmente seu portfólio, já que cotas mais acessíveis permitem a alocação em diferentes fundos imobiliários.
Desvantagem: percepção de desvalorização
Apesar de o valor total do investimento permanecer o mesmo após o desdobramento, o valor unitário das cotas tende a diminuir, o que pode afetar a percepção de valor por parte dos investidores.
“É importante o investidor saber que o CPTS11 não caiu 90%, como alguns podem ter entendido ao visualizar o extrato da conta de investimento. Teve a redução no valor da cota, mas houve uma multiplicação por 10 do número de cotas”, enfatiza Carol Borges.
Confira abaixo a representação gráfica da “queda” na cotação do fundo, no dia do desdobramento.

Fonte: Google Finance
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