Os fundos de investimento em cadeias agroindustriais (Fiagros) registraram saque que superaram os aportes em R$ 147,5 milhões em julho, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Com isso, o saldo de captações desses fundos ficou negativo, marcando o maior volume mensal de retiradas da história dessa categoria. Julho de 2024 foi o quarto mês com resgates superiores aos investimentos desde o lançamento dos Fiagros, em agosto de 2021. Anteriormente, os déficits ocorreram em janeiro, fevereiro e agosto de 2023, mas com valores inferiores aos registrados no último mês.
Qual o motivo da queda?
O relatório da Anbima não especifica as razões para a queda nas captações na classe, mas algumas hipóteses podem ser consideradas, levando em conta o cenário macroeconômico e setorial. A classe tem enfrentado desafios devido às restrições impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre títulos isentos.
Em fevereiro deste ano, o conselho impôs critérios mais rigorosos para a elegibilidade dos lastros dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e de outros títulos bancários, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Desde a implementação dessas mudanças, as ofertas de CRAs, que são comuns nas carteiras dos Fiagros, diminuíram.
Neste início de ano, o mercado também enfrentou preocupações crescentes sobre o aumento do risco de financiamento no agronegócio, uma questão que anteriormente passava despercebida pelos investidores. Além disso, houve uma onda de pedidos de recuperação judicial entre grandes produtores rurais, especialmente no Mato Grosso, elevando as preocupações com a inadimplência das carteiras e desencadeando uma “crise de crédito” na indústria.
Esse cenário de instabilidade foi exacerbado por calotes em alguns papéis, levando a um movimento de resgates nos Fiagros. Apesar de o volume de investimentos ainda ter superado o de saques no acumulado do ano, o panorama geral é de desaceleração em uma classe que vinha experimentando crescimento exponencial desde seu lançamento no mercado.
Ofertas nos Fiagros
As ofertas na classe em julho alcançaram o segundo maior volume mensal do ano, somando R$ 465,1 milhões em três operações. Esse resultado ficou atrás apenas de abril, quando foram captados R$ 497,7 milhões.
Em julho, as emissões de Fiagros-FIDC alcançaram R$ 403,1 milhões, enquanto os Fiagros-FII totalizaram R$ 62,0 milhões. Já os Fiagros-FIP, que foram os únicos a registrar captação líquida positiva no mês, não tiveram novas emissões no período.
Os fundos de investimento lideraram as subscrições na classe, representando 86% do total, seguidos por investidores pessoas físicas, com 14%. Esse dado revela uma mudança em relação ao padrão histórico da classe, onde os investidores de varejo costumavam ser os maiores alocadores.
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