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Investir em obras de arte: como funciona e quais os benefícios?

Investir em obras de arte: como funciona e quais os benefícios?

O Brasil está protagonizando uma transformação significativa no mercado global ao investir em obras de arte. Segundo levantamento “Survey of Global Collecting 2025”, da Art Basel em parceria com o UBS, o país concentra 23% dos novos colecionadores de arte do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que representam 26% dos colecionadores mais recentes.

Os dados revelam que no primeiro semestre de 2024, brasileiros foram os que mais compraram arte no mundo, superando tradicionais mercados como Suíça, França e até mesmo os Estados Unidos em volume de transações.

O estudo mostra que colecionadores brasileiros gastaram em média US$ 1,03 milhão em obras de arte em 2024, o segundo maior valor global, perdendo apenas para a China Continental.

Além disso, 72% dos entrevistados brasileiros planejam adquirir novas obras no próximo ano, a maior taxa de intenção de compra entre todos os mercados analisados. Esses números evidenciam um mercado aquecido e cada vez mais profissionalizado no país.

O que significa investir em obras de arte

Investir em obras de arte representa uma estratégia de alocação de capital em ativos tangíveis únicos, como pinturas, esculturas, fotografias e outras peças artísticas.

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Diferentemente dos investimentos tradicionais no mercado financeiro, a arte funciona como um investimento alternativo que busca valorização através da apreciação do bem ao longo do tempo.

Ana Maria Lima de Carvalho, head de investimento em obras de arte da Artk e originadora de investimentos em obras de arte da Hurst Capital, explica que a Hurst nasceu com o propósito de explorar diferentes mercados para diversificar o capital do investidor.

“O investimento em obras de arte já existe em capitais onde há a combinação de mercados de investimento e mercado de arte altamente desenvolvidos como Londres e Nova Iorque”, afirma. Ao perceber o tamanho do mercado de arte no Brasil, a Hurst estruturou essa operação pioneira no país.

O princípio básico é simples: adquirir uma obra por determinado valor e vendê-la posteriormente por um preço superior. Contudo, investir em arte é uma decisão que exige conhecimento aprofundado do mercado, paciência e horizonte de investimento adequado.

Não se trata apenas de comprar qualquer peça, mas de identificar obras com potencial real de valorização.

Segundo Ana Maria, o que diferencia o investimento em arte de outras operações “é a simplicidade de como funciona o recebimento do ativo, e, ao mesmo tempo, há o desafio de entender como o ativo valoriza pois é um dos mercados mais nichados que existem”.

A estratégia ganha força especialmente porque o mercado de arte pode oferecer descorrelação com os mercados tradicionais. Quando há quedas na bolsa de valores ou instabilidade econômica, o mercado de arte tende a apresentar comportamento independente, funcionando como proteção patrimonial. As peças de arte são ativos globais, negociados internacionalmente, o que amplia as possibilidades de valorização e diversificação cambial.

Cada obra de arte é única por natureza. Mesmo que existam réplicas ou reproduções, apenas uma peça original foi criada pelo artista, o que estabelece uma escassez natural. Essa característica fundamental diferencia a arte de outros investimentos e é um dos principais fatores que impulsionam sua valorização ao longo do tempo.

Como funciona o mercado de investimento em arte

Investir em obras de arte
Adobe Stock

O mercado de arte opera através de diversos canais de comercialização. As galerias representam o principal canal, sendo responsáveis por apresentar artistas, organizar exposições e intermediar vendas.

Segundo dados da Art Basel, 83% dos colecionadores compraram de galerias em 2024, seja pessoalmente, em feiras de arte ou através de plataformas digitais.

As feiras de arte ganharam relevância expressiva nos últimos anos. Há menos de cinco anos, existiam cerca de cinco grandes feiras internacionais. Atualmente, são mais de dez eventos de grande porte, incluindo novidades como Art Basel Qatar e Frieze Abu Dhabi.

Esses eventos concentram obras de diversas galerias e artistas, permitindo que colecionadores e investidores tenham acesso a um amplo portfólio em um único local.

Os leilões constituem outro canal importante, especialmente para obras de artistas consagrados.

Casas tradicionais como Christie’s e Sotheby’s movimentam cifras milionárias e estabelecem recordes de vendas que servem como referência de mercado. Aproximadamente 67% das compras de obras de artistas estabelecidos foram realizadas através de leilões no primeiro semestre de 2024.

O ambiente digital transformou o mercado nos últimos anos. Plataformas online e até mesmo redes sociais como Instagram tornaram-se canais de venda relevantes. Entre colecionadores que compram diretamente com negociantes, 51% fizeram pelo menos uma compra via Instagram no último ano.

Muitas transações acontecem de forma híbrida: o interessado conhece a obra presencialmente em uma feira, retorna para casa, realiza análises e finaliza a compra digitalmente.

A precificação no mercado de arte considera múltiplos fatores. O renome do artista é fundamental, assim como sua trajetória e reconhecimento internacional. A idade da obra, sua procedência documentada, o certificado de autenticidade, a técnica utilizada, o tamanho, a condição de preservação e até o tema abordado influenciam o valor.

Obras de artistas já falecidos tendem a ter maior procura, pois a oferta torna-se limitada e não haverá novas criações.

Categorias de artistas e estratégias de investimento

O mercado de arte pode ser compreendido através da categorização dos artistas, o que permite aos investidores diversificar estratégias e equilibrar risco com potencial de retorno. A Hurst Capital, maior plataforma de ativos reais da América Latina, estrutura suas operações considerando três perfis principais de artistas.

Os artistas classificados como “blue chips” representam nomes consagrados, com alta demanda, reconhecimento consolidado e estabilidade no mercado de arte. Essas obras funcionam como âncoras de portfólio, oferecendo menor risco e valorização mais previsível. Artistas concretistas renomados ou nomes já estabelecidos em museus e coleções importantes enquadram-se nesta categoria.

Os artistas reemergentes ou reposicionados são profissionais que tiveram reconhecimento no passado, mas cujas obras perderam visibilidade temporariamente. Quando voltam ao radar do mercado através de exposições retrospectivas, organização de acervos ou redescobertas críticas, suas peças podem apresentar valorização significativa. Adquirir obras nesta fase pode gerar retornos expressivos nos anos seguintes, funcionando de forma semelhante a ações subvalorizadas que voltam a ganhar atenção do mercado.

Os artistas ultracontemporâneos são jovens talentos em ascensão. A análise para investimento monitora o período entre o surgimento inicial do artista, sua inserção em galerias jovens, participação em feiras internacionais e entrada em galerias médias e grandes. São considerados as “startups” do mercado de arte, com potencial de crescimento exponencial, mas também com maior risco associado.

Ana Maria Carvalho explica a lógica por trás dessa diversificação: “Percebemos que há dentro do mercado de arte diferentes tipos de mercados que variam em termos de valorização e liquidez. É por isso que colocamos diferentes tipos de obras na mesma operação”.

Segundo ela, as obras de artistas ultracontemporâneos têm maior liquidez e muitas são vendidas antes dos dois primeiros anos, enquanto as obras blue chip, dos consagrados, podem demorar mais.

Essa diversificação permite que operações tenham performance em diferentes prazos e cenários econômicos. Enquanto obras de artistas ultracontemporâneos podem ter maior liquidez e serem vendidas nos primeiros anos, as obras blue chip podem levar mais tempo para atingir o momento ideal de venda, mas oferecem estabilidade ao portfólio.

Rentabilidade e desempenho histórico

A rentabilidade no investimento em arte não possui garantias e cada operação apresenta resultados distintos. No entanto, o histórico de operações bem estruturadas demonstra o potencial do setor. A primeira operação da Hurst Capital com obras do artista plástico Abraham Palatnik projetava rentabilidade de 17% ao ano, com prazo de 24 meses.

O resultado superou as expectativas. Após 13 meses do lançamento, as peças foram vendidas com retorno de 27,25%, representando 10% acima das projeções iniciais. Além disso, a venda dos ativos ocorreu com 11 meses de antecedência em relação ao prazo previsto. Esse desempenho exemplifica como obras precificadas corretamente e com ativos relevantes podem gerar retornos elevados.

A operação Fine Art IV da Hurst, lançada com portfólio diversificado incluindo obras de Luiz Sacilotto, Maria Polo, Walter Levy e Bernardo Liu, foi estruturada com rentabilidade base projetada de 19,07% ao ano. O aporte mínimo estabelecido foi de R$ 10 mil, tornando o investimento mais acessível em comparação com a compra direta de obras em leilões tradicionais.

A IOX Investimentos, boutique de crédito especializada em teses high yield, está estruturando iniciativas no mercado de arte buscando rentabilidade mínima de 40% ao ano. Richard Ionescu, CEO da IOX Investimentos, revela que a motivação para criar o IOX Arts veio da identificação de uma tese complementar às demais já existentes: “A falta de liquidez nos incentivou a iniciar esta iniciativa”, explica.

A IOX, que administra R$ 2,3 bilhões em carteira com rentabilidade média de 45% ao ano nas cotas subordinadas juniores, está aplicando sua expertise em estruturação de crédito ao mercado de arte. Ionescu explica a metodologia: “Demanda x Oferta, laudo de avaliação e claro o custo de capital acrescido do ganho do capital do acionista/controlador da IOX”. O IOX Arts ainda está em fase piloto, com conversas em andamento com possíveis administradores e gestores do fundo. A iniciativa será possivelmente direcionada ao público private/wealth.

É importante contextualizar esses números. O período pós-pandemia foi marcado por forte valorização das obras e baixas taxas de juros no Brasil, criando um cenário favorável.

Ana Maria Carvalho, da Hurst, pondera sobre o momento atual: “Estamos agora em um novo momento. Há pessoas buscando liquidez, colocando boas obras com bom preço no mercado. O cenário está bom para quem quer comprar ou investir. Estamos conseguindo vender algumas obras com boa rentabilidade, mas não parece ser o melhor momento de liquidar as obras”.

Principais benefícios de investir em arte

Investir em obras de arte
Adobe Stock

Investir em obras de arte oferece vantagens estratégicas para a construção de um portfólio diversificado. O benefício mais evidente é a descorrelação com o mercado financeiro tradicional. Enquanto ações, títulos e fundos imobiliários respondem diretamente a indicadores econômicos, juros e resultados corporativos, o mercado de arte possui dinâmica própria, influenciada por fatores culturais, sociais e de prestígio.

Essa independência significa que ativos alternativos como obras de arte não estão sujeitos às oscilações comuns na bolsa de valores. Durante crises financeiras ou correções de mercado, o segmento de arte tende a manter comportamento diferenciado. Isso permite reduzir o risco total do portfólio através da diversificação efetiva, não apenas nominal.

O público comprador de arte geralmente possui maior poder aquisitivo, incluindo colecionadores e instituições culturais. Esse perfil de demanda torna o mercado menos sensível a crises econômicas que afetam o consumo geral. Mesmo em períodos de retração, colecionadores sérios continuam adquirindo obras, especialmente quando surgem oportunidades de compra com bom preço.

A natureza global dos ativos artísticos amplia as possibilidades. Obras podem ser vendidas em diferentes países, aproveitando mercados aquecidos em regiões específicas. A precificação em moeda estrangeira pode favorecer resultados quando há variações cambiais positivas. Artistas brasileiros reconhecidos internacionalmente, por exemplo, podem ter suas obras valorizadas tanto no mercado doméstico quanto em leilões internacionais.

O potencial de valorização representa atrativo significativo. Obras adquiridas no início da carreira de artistas que posteriormente alcançam reconhecimento podem multiplicar o valor investido. A escassez natural contribui para essa dinâmica: conforme a demanda por determinado artista cresce e a oferta permanece limitada, os preços tendem a subir consistentemente ao longo do tempo.

Investir em arte também proporciona benefício intangível: a posse e apreciação de bens culturais. Diferentemente de outros investimentos puramente financeiros, obras de arte podem ser expostas, apreciadas esteticamente e compartilhadas, agregando valor sociocultural ao patrimônio.

Riscos e desafios do investimento em arte

Como qualquer estratégia de investimento, a aplicação em obras de arte envolve riscos que precisam ser compreendidos e gerenciados. O risco de mercado é o primeiro deles.

A demanda por determinado artista ou movimento pode não se materializar conforme esperado. Tendências culturais mudam, novos artistas surgem e obras que pareciam promissoras podem não alcançar a valorização projetada.

Sobre os fatores que influenciam a valorização, Ana Maria Carvalho é direta: “Sempre a lei da oferta e da demanda. Quando tem mais gente buscando determinado artista do que obras dele disponíveis, a obra valoriza”.

No entanto, a especialista reconhece que democratizar esse acesso não é simples: “Envolve criar lâminas com todas as informações, de forma que o investidor consiga entender, então é um exercício de síntese e de didática. Ao longo do tempo aprimoramos a mitigação de risco. Mas como qualquer investimento sempre envolve algum risco, que explicamos na lâmina e no contrato do investidor”.

A liquidez representa desafio considerável. Diferentemente de ações ou títulos públicos que podem ser vendidos rapidamente através de plataformas eletrônicas, vender uma obra de arte exige encontrar compradores dispostos a pagar o preço desejado. Esse processo pode levar meses ou até anos. O horizonte de investimento em arte deve ser sempre de médio a longo prazo, normalmente entre três e cinco anos no mínimo.

O mercado de arte é altamente especializado e possui cada vez menos participantes com conhecimento profundo. Isso significa que flutuações de preços podem ser mais pronunciadas e menos previsíveis. A falta de transparência em algumas transações dificulta a formação de preços de referência consistentes. Obras similares do mesmo artista podem ter cotações variadas dependendo do canal de venda, momento e contexto da negociação.

A autenticidade constitui risco crítico. Falsificações existem em diversos níveis de sofisticação. Investir sem certificado de autenticidade confiável ou sem procedência documentada pode resultar em perdas totais. A verificação adequada requer conhecimento técnico ou consultoria especializada, o que adiciona custo e complexidade ao processo.

Os custos de manutenção e preservação não podem ser ignorados. Obras precisam ser mantidas longe da luz solar direta, em ambientes com temperatura e umidade controladas. Seguros específicos são necessários para proteger peças de alto valor. Esses custos recorrentes reduzem a rentabilidade líquida do investimento e precisam ser considerados na análise de viabilidade.

O armazenamento adequado é fundamental. Obras devem ser mantidas em suas embalagens originais ou em acomodações apropriadas. Danos durante armazenamento ou transporte podem ser irreversíveis, comprometendo completamente o valor da peça. A logística para movimentação de obras valiosas adiciona complexidade operacional.

Riscos de fraude e precificação inflacionada também existem. Alguns vendedores podem apresentar obras com valores acima do mercado, especialmente para compradores menos experientes. A ausência de regulação padronizada em alguns segmentos do mercado de arte dificulta a identificação dessas situações.

Como estruturar investimentos em arte através de plataformas especializadas?

Para investidores que reconhecem o potencial do mercado mas não possuem expertise ou capital para compras diretas em leilões, as plataformas de ativos reais apresentam alternativa acessível e profissional. Essas estruturas democratizam o acesso ao investimento em arte, permitindo participação com aportes menores e com gestão especializada.

A Hurst Capital estruturou mais de R$ 3 bilhões em operações financeiras com ativos alternativos e foi pioneira no Brasil ao criar investimentos dedicados a obras de arte. A empresa conta com a Artk, área especializada que realiza curadoria, avaliação e gestão das operações artísticas. Fundada em 2017, a plataforma atende mais de 110 mil investidores.

O funcionamento opera através de modelos estruturados. Na operação de acervo compartilhado, o investidor adquire percentual do valor total do portfólio de obras. Conforme as peças são vendidas ao longo do tempo, ocorre amortização proporcional do valor investido acrescido da valorização obtida. Esse modelo permite participar de diversas obras simultaneamente, diluindo riscos.

Ana Maria Carvalho detalha as modalidades oferecidas pela Hurst: “Temos 2 tipos de operação. A operação de acervo compartilhado, na qual o investidor adquire uma porcentagem do valor do acervo, e conforme as obras são vendidas vamos amortizando o valor investido naquela obra somado a valorização”.

Outro formato desenvolvido envolve Certificados de Recebíveis. “Criamos recentemente uma operação de Certificado de Recebíveis na qual o investidor aporta para fomentar ações de galerias brasileiras em feiras internacionais. Com o resultado da feira, os valores retornam com alta rentabilidade em curto prazo ao investidor”, explica a especialista. Essa modalidade ocorre com menor frequência, pois depende da análise de múltiplos fatores: “a galeria, a feira, o país, o artista e as obras que serão expostas”.

As obras ficam bloqueadas para venda nos primeiros meses após o lançamento da operação, período no qual a plataforma estrutura estratégias de comercialização. A partir do terceiro mês, inicia-se o monitoramento ativo do mercado em busca de oportunidades. Após o prazo estabelecido (geralmente 24 meses), as obras são oferecidas em leilões nacionais ou internacionais, buscando maximizar o retorno.

Esse modelo reduz barreiras de entrada. Enquanto adquirir uma obra significativa diretamente pode exigir centenas de milhares de reais, investir através de plataformas permite participação a partir de R$ 10 mil. Além disso, elimina preocupações com autenticação, armazenamento, seguro e comercialização, aspectos gerenciados pela estrutura profissional.

A curadoria especializada é fundamental. As plataformas avaliam não apenas a qualidade técnica das obras, mas também o momento de carreira do artista, demanda de mercado, participação em exposições futuras e potencial de valorização. Comprar obras das melhores fases de artistas reconhecidos, com preços abaixo do valor de mercado, é o segredo para operações bem-sucedidas.

Ana Maria Carvalho resume os benefícios dessa modalidade: “O investidor pode consultar nossos assessores de investimento e tirar todas as dúvidas. É uma forma de diversificar o investimento e ter o capital aportado em um ativo de valor sócio-cultural”.

Tendências e futuro do mercado de arte como investimento

Investir em obras de arte
Adobe Stock

O mercado de arte está em pleno crescimento e transformação. Dados recentes demonstram expansão tanto em volume quanto em sofisticação. A multiplicação de grandes feiras internacionais, que passaram de cinco para mais de dez nos últimos cinco anos, evidencia o aquecimento do setor. Novos eventos em regiões como Qatar e Abu Dhabi sinalizam a globalização crescente do mercado.

Ana Maria Carvalho, da Hurst, analisa o cenário com perspectiva ampla: “É sempre importante olhar para a figura toda em perspectiva. E isso envolve acompanhar o que acontece no mundo todo, olhar para o passado, entender os ciclos ver o que valorizou e o que derreteu – sem euforia, mas sem o pessimismo que preocupou recentemente algumas áreas do mercado internacional”.

A especialista comenta sobre os receios em torno da tecnologia: “Muita gente falou que as NFTs e que as exposições interativas substituiriam o interesse na obra de arte, e se provou o contrário, esse papo só trouxe mais relevância para o mercado de arte, só aumentou o fascínio pela arte”.

Ela complementa observando o crescimento concreto: “Tem mais gente comprando arte, começando por obras mais acessíveis, e tem também o mercado de topo, blue chip, que continua vendendo. Há menos de cinco anos atrás havia cerca de cinco grandes feiras de arte. Agora, são mais de dez. Só este ano surgiram duas: feiras Art Basel Qatar e Frieze Abu Dhabi, isto significa que o mercado está em pleno crescimento”.

A entrada da Geração Z e millennials está renovando o perfil de colecionadores. Segundo o estudo da Art Basel, colecionadores da Geração Z alocam 26% de seu patrimônio em obras de arte, acima da média geral de 20%. Esse público é fluente digitalmente, socialmente engajado e transita com fluidez entre arte, design e outras disciplinas culturais. Eles veem o colecionismo como extensão de interesses estéticos e intelectuais mais amplos.

As mulheres ganharam protagonismo significativo. Elas representam cada vez mais decisões de aquisição, gastaram em média US$ 323,9 mil em obras durante 2024 e demonstram preferência por artistas emergentes e obras de artistas mulheres. Esse movimento, impulsionado também pelo fenômeno da transferência intergeracional de riqueza, está recalibrando o mercado e ampliando a representatividade.

A tecnologia desempenha papel crescente. A tokenização de obras, plataformas de comercialização online e uso de redes sociais para descoberta e aquisição tornaram-se realidade consolidada. Contrariamente ao que alguns previram, as NFTs e exposições interativas não substituíram o interesse pela obra física, mas trouxeram mais relevância e fascínio para o mercado de arte tradicional.

O interesse por artistas ultracontemporâneos cresceu. Enquanto 66% dos colecionadores compraram obras de artistas descobertos nos últimos 18 meses, evidencia-se busca ativa por novos talentos. Investidores reconhecem que o maior potencial de valorização pode vir justamente de artistas ainda em ascensão, equilibrando portfólios entre segurança dos nomes estabelecidos e oportunidade dos emergentes.

A arte contemporânea ganhou destaque particular, com preços das obras atingindo cifras extraordinárias em leilões internacionais. Movimentos artísticos atuais dialogam com questões sociais, tecnológicas e culturais relevantes, atraindo interesse de públicos diversos e gerando demanda sustentada.

Os investimentos institucionais também aumentaram. Fundos dedicados, family offices e plataformas especializadas profissionalizaram o setor, trazendo metodologias de análise de risco, diversificação e gestão de portfólio típicas do mercado financeiro para o universo da arte.

Aspectos práticos: como começar a investir em arte?

Antes de investir em obras de arte, é fundamental avaliar o perfil de investidor e objetivos financeiros. A tolerância ao risco deve ser compatível com ativos ilíquidos e de valorização incerta. O horizonte de investimento precisa ser de médio a longo prazo, preferencialmente acima de três anos, permitindo aguardar o momento ideal para venda.

O conhecimento é base essencial. Investidores devem dedicar tempo para compreender o mercado de arte, estudar artistas, visitar galerias, participar de feiras de arte e acompanhar resultados de leilões. Consulte especialistas e art advisors de confiança antes de tomar decisões. A pesquisa aprofundada minimiza riscos de adquirir obras sem potencial de valorização.

Para quem busca entrada mais estruturada e menos complexa, as plataformas de ativos reais oferecem caminho acessível. Investir de forma tokenizada ou através de fundos estruturados permite participação com valores menores, gestão profissional e diversificação automática entre diversas obras e artistas.

A diversificação dentro do próprio portfólio de arte é recomendável. Combinar obras de artistas estabelecidos com peças de talentos emergentes equilibra segurança e potencial de retorno. Incluir diferentes movimentos artísticos e períodos também contribui para reduzir o risco concentrado.

A documentação completa é indispensável: todo investimento deve vir acompanhado de certificado de autenticidade, histórico de procedência e avaliação técnica. Esses documentos são cruciais tanto para comprovar legitimidade quanto para facilitar vendas futuras.

Acompanhar o mercado continuamente é importante também já que tendências mudam, artistas ganham ou perdem relevância, e oportunidades surgem em momentos específicos. Manter-se informado sobre exposições, premiações, participação de artistas em feiras internacionais e movimentos do mercado secundário permite identificar momentos adequados para compra ou venda.

Os custos totais devem ser considerados na análise de retorno. Além do preço de aquisição, calcule despesas com autenticação, transporte, seguro, armazenamento e eventuais restaurações. Na venda, há comissões de galerias ou leilões que impactam a rentabilidade líquida.

É importante lembrar que investir em arte deve agregar valor além do financeiro. O componente sociocultural, a possibilidade de apreciação estética e o legado que pode ser construído através de uma coleção significativa são aspectos que diferenciam este investimento de aplicações puramente financeiras.