O desempenho da Allos (ALOS3) no segundo trimestre de 2025 superou as expectativas do mercado e reforçou a percepção de que a companhia vive um ciclo consistente de melhora operacional. Segundo Felipe Paletta, analista da EQI Research, o período foi marcado por avanço nos principais indicadores financeiros, ganhos de eficiência e consolidação da estratégia iniciada após a fusão com a BR Malls. “A empresa continua entregando sucessivas melhoras operacionais, isso é o reflexo da atualização de portfólio com os desinvestimentos que foram realizados ao longo dos últimos trimestres”, afirmou.
A receita líquida da Allos atingiu R$ 656 milhões, o NOI (Receita Operacional dos Empreendimentos) ficou próximo de R$ 600 milhões e o EBITDA foi de R$ 490 milhões — ligeiramente acima das projeções de mercado. O lucro líquido somou R$ 200 milhões, o que resultou em um FFO mais forte que o esperado.
Paletta atribuiu o desempenho a “ganhos de eficiência operacional, com aceleração na redução de custos e despesas”, além de crescimento nas vendas mesmas lojas, que avançaram 7% em relação ao ano anterior.
Pontos fortes e desafios
O analista destacou que a taxa de ocupação permanece elevada, em 96%, e que a operação de mídia, agora presente em 17 aeroportos, já representa cerca de 4,5% da receita de locação. Além disso, projetos de uso misto próximos aos shoppings devem atrair cerca de 35 mil moradores, fortalecendo o ecossistema da companhia.
Apesar dos avanços, Paletta observa que a Allos cresce menos que concorrentes como Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11) e que há fragilidade no consumo no Nordeste. Ele projeta uma desaceleração no varejo nos próximos trimestres, mas acredita que a queda da taxa de juros pode compensar parte desse efeito.
Avaliação e perspectivas
Na visão do analista, a ação negocia a múltiplos atrativos: cerca de 7 vezes o preço sobre FFO, contra 13 vezes dos REITs de shoppings nos EUA. “Me parece, sim, uma tese que coincide muito com o nosso propósito, uma tese de ações pra carregar pro longo prazo”, afirmou.
Com EV/m² de R$ 12 mil — abaixo dos concorrentes — e perspectiva de cap rate de 16% e dividend yield próximo de 6% para 2026, Paletta considera que Allos vale investir, especialmente para quem busca exposição ao setor de consumo básico e aposta na redução dos juros.
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