A Cosan (CSAN3) divulgou na noite de quinta-feira (14) os resultados do segundo trimestre de 2025 (2TRI25), marcados por um aumento do prejuízo líquido, atingindo a marca de R$ 946 milhões. O desempenho foi afetado principalmente pela queda na equivalência patrimonial, reflexo do momento desafiador vivido pela Raízen (RAIZ4).
Apesar disso, o analista Felipe Paletta, da EQI Research, avalia que a tese de investimento da holding permanece atrativa no longo prazo para investidores com perfil arrojado.
Segundo Paletta, a Cosan é um “case mais agressivo” no portfólio, com um trabalho de reestruturação em andamento e potencial relevante de ganho de capital nos próximos anos.
“As oportunidades continuam nos parecendo oportunísticas neste momento”, afirmou.
Destaques do balanço
Segundo Paletta, o prejuízo no trimestre foi amenizado pelo bom desempenho de outras investidas da holding e pela redução de custos gerais e administrativos, fruto de um trabalho de enxugamento da estrutura. Houve ainda melhora no resultado financeiro, com custo da dívida abaixo de CDI + 0,8%, após alongamento dos prazos e redução do endividamento por meio de desinvestimentos, como a venda da participação na Vale.
O nível de endividamento da holding se manteve estável em R$ 17,5 bilhões, sustentado pelo recebimento de quase R$ 500 milhões em dividendos da Rumo (RAIL3) e pela venda de uma propriedade agrícola pela Radar.
Pressões nas investidas
- Raízen: atravessa um período de entressafra e preços baixos para etanol e açúcar, mas vem reduzindo custos e melhorando margens. A dívida líquida/Ebitda subiu para 4,5 vezes no trimestre, devido a reestruturação que alongou o prazo médio da dívida de seis para oito anos. A empresa avalia captação via follow-on ou entrada de sócio estratégico, o que poderia diluir a participação da Cosan.
- Mova: afetada por um incêndio em fevereiro na Ilha do Governador, que reduziu capacidade produtiva, mas apresenta recuperação de volumes e participação de mercado.
- Compass: segue como o ativo mais sólido da holding, com crescimento de 9% na distribuição de gás e geração de caixa superior a R$ 400 milhões no trimestre, mas sem distribuição de dividendos para a Cosan.
- Rumo: apesar do ciclo de investimentos elevado, pagou dividendo extraordinário no período.
Perspectivas
Paletta projeta melhora nos resultados de Raízen, Rumo e Compass já no 3TRI25, com potencial de aumento no fluxo de dividendos no fim do ano, ajudado por desinvestimentos realizados pela Raízen. A expectativa é que a alavancagem da subsidiária caia abaixo de quatro vezes ainda em 2025.
Para o analista, o momento atual pode ser o “fundo do poço” para a Raízen e para a própria Cosan, com possibilidade de recuperação à medida que o ciclo de investimentos das empresas amadureça e os juros no Brasil comecem a cair, reduzindo o custo de capital.
Vale investir?
A recomendação de Paletta é cautelosa: a tese continua arrojada e envolve riscos relevantes, especialmente ligados ao setor de commodities.
“Se você não é um investidor que topa correr esse tipo de risco, não recomendo Cosan para o seu portfólio. Mas, para quem quer montar posição visando dois a três anos, pode haver uma grande oportunidade de multiplicação patrimonial”, concluiu.
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O prejuízo, próximo de R$ 1 bilhão, foi causado principalmente pela queda na equivalência patrimonial, impactada pelo momento desfavorável da Raízen.
Não houve aumento relevante da dívida no trimestre. O endividamento bruto da holding se manteve em R$ 17,5 bilhões, sustentado por dividendos da Rumo e venda de ativos pela Radar.
O aumento da alavancagem para 4,5 vezes e a possibilidade de captação via follow-on ou entrada de sócio estratégico, o que poderia diluir a participação da Cosan.
Sim. O analista Felipe Paletta projeta melhora operacional nas principais investidas e redução da alavancagem da Raízen para abaixo de quatro vezes ainda este ano.
Para investidores arrojados e com horizonte de dois a três anos, o momento pode representar uma oportunidade de multiplicação patrimonial. Para perfis conservadores, os riscos são elevados.