O Tesouro RendA+, título do Tesouro Direto desenhado especialmente para quem busca aposentadoria, voltou ao centro das discussões do mercado financeiro em meio às expectativas de queda da taxa Selic. A análise é de Felipe Paletta, da EQI Research, que avalia os impactos do cenário de juros sobre o produto e compara seu potencial com oportunidades em ações.
Segundo o especialista, o título tem características únicas: o investidor realiza aportes regulares e, a partir da data de vencimento, passa a receber uma renda recorrente por 20 anos. O papel mais longo disponível hoje, o Tesouro Renda Mais 2065, garante pagamentos até 2085. “É um produto que foi criado com características particulares para quem tem foco em aposentadoria”, explicou Paletta.
Com a possibilidade de um ciclo de queda da Selic, cresce o interesse em títulos de prazo mais extenso. Isso porque há uma relação inversa entre juros e preços unitários (PU) dos papéis. Hoje, o Renda Mais 2065 pode ser adquirido por menos de R$ 200, e, em um cenário de taxa recuando para 10% ou 12%, o valor investido poderia até dobrar.
Tesouro RendA+ ainda tem alta volatilidade, diz Paletta
Apesar desse potencial, Paletta alerta para a alta volatilidade do produto. O analista compara o risco do título de longo prazo ao de ativos altamente instáveis, como criptomoedas, com oscilações anuais superiores a 40%.
“Embora se pense em renda fixa como algo previsível, o RendA+ tem comportamento muito volátil, quase comparável ao de uma cripto”, observou.
Nesse contexto, o especialista defende que a simetria risco-retorno é mais favorável no mercado acionário brasileiro. Ele destaca que a bolsa segue barata, com subalocação de investidores, o que reduz a volatilidade e amplia a oportunidade de valorização em caso de queda nos juros longos.
“A convexidade, esse movimento que você captura de valorização com juros mais baixos, me parece muito mais oportuno no mercado de ações”, afirmou.
Paletta conclui que, embora o Tesouro RendA+ possa ser um instrumento interessante para aposentadoria, investidores que buscam retorno ajustado ao risco encontram hoje melhores condições na renda variável.
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