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Qual é a segurança do sistema bancário brasileiro?

Qual é a segurança do sistema bancário brasileiro?

Olá, Investidor Inteligente!

Os últimos 10 dias foram intensos dentro do mercado bancário mundial… Pudermos ver eventos que não ocorriam desde a crise de 2008:

  • Quebra do SVB (Silicon Valley Bank) e do Signature Bank, que forçaram uma atuação quase que imediata do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), uma espécie de FGC dos EUA;
  • Essa linha de crédito do FED já emprestou US$ 300 bi em pouco mais de uma semana;
  • Na sequência, os correntistas do First Republic Bank perceberam que a linha de crédito não serviria para esse caso, o que ocasionou uma nova corrida bancária;
  • Essa corrida inclui um total de 11 bancos privados americanos, incluindo o JPMorgan Chase & Co, Citigroup Inc, Bank of America Corp, Wells Fargo & Co, Goldman Sachs e Morgan Stanley;
  • Por último, o Credit Suisse, que já não vinha bem das pernas, necessitou de um resgate para não fechar as portas, ocorrendo inclusive a aquisição do banco pelo UBS, na quantia de US$ 3,25 bilhões.

Tais acontecimentos levantam questionamentos, e podem, inclusive, fazer com os investidores se sintam paralisados.

Como consequência, já podemos ver muitos investidores reduzindo seus portfólios no mercado financeiro e aumentando sua exposição ao mercado imobiliário.

Ação essa que é comum em momentos onde os investidores temem uma nova crise bancária.

Mas nem tudo é notícia ruim…

Em meio a tudo isso, é importante ver que se abriu uma das melhores janelas de investimentos da história!

Nas palavras do renomado gestor de fortunas Peter Lynch:

“Mais dinheiro foi perdido tentando encontrar ou estimar possíveis crises do que nas crises de fato”.

imagem com frase de Peter Lynch
Fonte: AZ Quotes

Qual a segurança do sistema bancário brasileiro?

Diante deste cenário, 2 perguntas devem ser respondidas urgentemente:

  1. Qual é a segurança do sistema bancário brasileiro?
  2. Qual é a chance da crise bancária nos atingir?

Para responder a essas duas questões importantes, primeiramente temos que entender quais são os dois motivos que os bancos quebram.

O primeiro deles é a INSOLVÊNCIA dos seus ativos.

Veja, um banco faz a captação de recursos (o que chamamos de “funding”) de algumas fontes principais:

  • Depósito dos correntistas;
  • Venda de títulos ao mercado;
  • Recursos próprios;
  • Outros.

E esse dinheiro é utilizado para o banco realizar seus investimentos, dentre os quais, destacam-se:

  • Empréstimos para as pessoas físicas;
  • Financiamento de atividade produtiva às pessoas jurídicas;
  • Linhas de adiantamento de recebíveis;
  • Compra de ações de outras empresas;
  • Títulos de dívida privada;
  • Títulos públicos.
  • Etc…

Então você pode notar que são muitos os ativos e os mercados em que um banco atua.

Agora, imagine que a maioria dos investimentos que o banco fez deram prejuízo, e que o total de ativos ficou muito abaixo do total de passivos.

Se isso ocorrer, o banco simplesmente não terá recursos para pagar todo mundo, pois os recursos devidos se tornarão muito maiores do que o recursos possuídos pelo banco.

Esse é o caso em que o banco apresentaria um Patrimônio Líquido negativo e, quando isso acontecer ou estiver prestes a ocorrer…

Os órgãos reguladores deverão solicitar a liquidação extrajudicial de seus ativos, para garantir que os credores consigam reaver o seu capital.

Segurança do sistema bancário: iliquidez

O segundo motivo de quebra dos bancos é a ILIQUIDEZ.

Qualquer banco da era moderna faz dívidas de curto prazo, para o investimento em ativos de longo prazo.

Quais as dívidas que os bancos possuem?

Principalmente, os recursos depositados em conta corrente, poupança e CDBs de alta liquidez.

E onde esses bancos investem?

Preferencialmente, em carteiras de crédito de longo prazo…

Ou seja, se houver uma corrida bancária, o banco terá que liquidar ativos de longo prazo (muitas vezes com prejuízo) para pagar os resgates. 

E, quando os prejuízos nas vendas de ativos superam o quanto o banco tem de capital próprio… O banco quebra!

Foi exatamente isso que aconteceu com o Silicon Valley Bank.

O banco possuía a maior parte de suas dívidas em curto prazo (depósito à vista) e grande parte desse dinheiro estava investido em títulos do Tesouro Americano (10, 20, 30 anos…).

Quando a taxa de juros subiu, o valor dos títulos caiu substancialmente, pela marcação a mercado.

Com a crise do setor de tecnologia, muitos correntistas passaram a fazer grandes saques de suas contas.

Dessa forma, o banco foi obrigado a liquidar títulos com prejuízo, e o capital do banco foi sendo dizimado…

Até o ponto em que os reguladores tiveram que intervir.

Mas afinal, como podemos medir a segurança de um banco?

Bom, existem vários índices e formas de se responder a essa pergunta…

O quanto um banco é vulnerável em caso de corrida bancária?

Uma das formas mais conhecidas de identificar a segurança de um banco, é medir o quão vulnerável ele é, em um possível corrida bancária.

Caso as fontes de recursos do banco (funding) sejam predominantemente oriundas de depósito de correntistas ou “base depositante”, a vulnerabilidade poderá se tornar alta, pois os recursos são facilmente sacados e/ou resgatados. E na maioria dos casos, não existe carência junto ao banco.

Por outro lado, se a fonte de recursos do banco (funding) tiver uma grande proporção de capital próprio, ou empréstimos de longo prazo, em uma possível corrida bancária, o valor total dos saques seria potencialmente menor, bem como a necessidade de liquidação de ativos.

Observe o exemplo abaixo do First Republic Bank…

Ilustração sobre First Republic Bank
Fonte: firstrepublic.com

Do lado passivo, podemos ver que 92% do funding do banco vem dos depósitos dos correntistas…

Que em um momento de desconfiança podem facilmente solicitar saques da suas contas.

Ilustração sobre First Republic Bank
Fonte: firstrepublic.com

Agora, vejamos pelo lado do ativo, que são os investimentos que o banco realiza.

Se o banco imobilizar em demasia os seus ativos, em uma possível corrida bancária o banco poderá ficar sem caixa para honrar com as solicitações de resgate.

No caso do First Republic Bank, observe do lado direito da imagem acima, que a maioria dos ativos são bastante ilíquidos…

Sendo, 74% do total são empréstimos imobiliários de baixíssima liquidez (home equity e multifamily).

O descasamento de prazos era gritante!

Analisando o JP Morgan Chase & Co. (o maior banco norte americano), a exposição do passivo é bem menor se comparado ao First Republic Bank, veja o gráfico abaixo:

Tabela com dados de depósitos bancários J.P. Morgan

Cerca de 70% dos passivos são de depositantes… Um número bem mais plausível e de menor risco.

Seguindo nossa análise, vamos entender o caso dos bancos do Segmento 1 (maiores bancos do Brasil).

Vamos verificar a composição do passivo, que é o funding dos bancos. Veja a tabela abaixo:

Tabela com depósitos dos maiores bancos do Brasil
Fonte: bcb.gov.br

O banco se financia de diversas fontes, dentre as principais, podemos destacar:

  • Depósitos, que incluem contas correntes, poupança e depósitos à prazo, como CDBs;
  • Operações compromissadas;
  • Emissão de Títulos;

Etc…

Entenda… Essa tabela apresenta as fontes de financiamento em ordem de liquidez, da maior para a menor, da esquerda para a direita.

Sendo assim, os depósitos se constituem na fonte mais líquida e exigível do passivo do banco.

Isso quer dizer que é a fonte mais volátil que pode mudar rapidamente.

Outro ponto importante a ser analisado… 

A tabela nos mostra que todos os bancos do Segmento 1 (os “bancos” que todo mundo conhece) estão em posição amplamente favorável, se comparados com o J.P. Morgan (maior banco dos EUA).

A proporção da captação dos bancos, que é feita por depósitos dos correntistas, não supera os 40%…

Sendo que o BTG Pactual aparece como tendo a menor dependência dessa fonte de recursos.

Em outras palavras, por essa métrica, o mercado bancário brasileiro pode ser considerado muito mais robusto para enfrentar uma corrida bancária.

Mas esse não é o único fato a ser considerado…

O mercado brasileiro é muito mais concentrado (os 6 maiores bancos concentram quase todo o mercado).

Ao passo que nos EUA, o mercado é mais pulverizado (existem cerca de 5 mil bancos, sendo que os 25 maiores representam 65% do total de ativos).

Enquanto no Brasil, os 6 maiores bancos concentram 80% dos ativos, e o número total não chega nem a 200.

E como você deve imaginar…

A concentração bancária é péssima para o consumidor, pelo menos em termos de preço e qualidade de serviço.

Agora, pensando em segurança, a concentração cria grandes conglomerados no formato “Too big to fail” (grande demais para quebrar).

Onde no menor sinal de crise, o Banco Central corre para socorrer e mitigar os estragos na medida do possível.

Outro fator importante da diferença entre Brasil e EUA, é o prazo dos títulos encarteirados pelos bancos.

No Brasil, o prazo médio de um título público é de 3, 4 anos. Já nos EUA, os títulos do governo, possuem prazos médios de 10, 20 anos!

Com isso, o risco de mercado desses títulos acaba sendo maior nos Estados Unidos, e em um cenário de aumento de juros, a diminuição do valor de mercado também acaba sendo maior por lá.

E, por fim, mas não menos importante, há diferenças importantes nas legislações americana e brasileira, quanto à responsabilidade.

Enquanto aqui no Brasil, acionistas majoritários, administradores de alto escalão e conselheiros respondem de forma ILIMITADA por prejuízos (isto é, arcam com os próprios bens, para cobrir rombos e desvios nos bancos).

Nos EUA a responsabilidade é LIMITADA ao capital investido no banco. Fato esse que acaba limitando a “ousadia” dos banqueiros brasileiros.

Mas isso é apenas uma visão de parte do assunto, afinal…

Segurança do sistema bancário: Brasil é melhor que EUA?

Se o Brasil fosse realmente tão vantajoso em comparação aos EUA, todos os investidores estariam aqui.

Olhando pelo ponto de vista das informações financeiras talvez sim, o mercado é um oligopólio de forma que as instituições têm maior poder de barganha.

Porém, devemos considerar também nesta equação, o Risco Brasil…

Os gastos públicos aumentam a 6% ao ano acima da inflação, ou seja, inflação + 6%, desde a década de 90 até a edição do teto de gastos.

E, quando se tem uma sociedade que pressiona por aumento de gastos e um sistema político que sanciona esses gastos, é necessário pagá-los de alguma forma:

  • Inflação devido a impressão de recursos: Banco do Brasil empresa, Banco Central ressarce;
  • Aumento de impostos, até limite onde possível;
  • Aumento da dívida do estado, que mal gerida pode gerar consequências, perda de grau de investimento, e aprofundar recessões.

Tudo isso pode contribuir para a continuidade da perda do poder de compra do real ao longo do tempo, desde a década de 90 o real perdeu 80% de valor contra o dólar, quando era “1 para 1”.

Resumindo o que falei até aqui…

O mercado bancário brasileiro é mais SÓLIDO do que o americano, pelas 4 questões comentadas:

  1. Maior blindagem contra corridas bancárias;
  2. Alta concentração em poucas instituições;
  3. Menor prazo dos títulos do governo;
  4. Maior responsabilidade.

Mas como já abordei acima, existem outras razões não exploradas aqui, que devem ser consideradas.

Mas não farei isso nesse texto, afinal, ficaria de um tamanho deságradavel de ser lido.

E por isso, eu decidi deixar o melhor para o final…

Ao invés de encher você com mais 15, 20 páginas de explicação, eu decidi compilar todos os ensinamentos sobre esse assunto…

Para abordar junto ao Alejandro Schiuma na nova edição da live do Investidor Inteligente.

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Agora, o que não podemos esquecer de comentar é que enquanto o nosso Banco Central defende a economia de “espingarda”…

O FED defende com uma “bazuca”!

O que quero dizer com isso?

Que o instrumental que o FED possui é poderoso (em grande parte, porque o dólar é a principal e mais confiável moeda do mundo).

E ele já se mostrou disposto a usar todo o poder de fogo para evitar qualquer crise sistêmica no mercado bancário americano.

Se olharmos na história, veremos que ele deu conta do recado.

E, quanto à possibilidade da crise bancária americana (e europeia) atingir o nosso mercado, diante do que foi exposto, se daria de duas formas, sem que possamos ter certeza do que vai acontecer:

  1. De forma positiva, com o FED promovendo juros menores para não escalar a crise; isso seria bom para os emergentes e ativos de risco.
  2. De forma negativa, com continuidade do aumento dos juros, para conter a inflação. Isso seria ruim para o Brasil, com nova rodada do movimento “fly to quality” e redução de liquidez por aqui.

Enfim, tudo se resume à política monetária.

Mas esse é um assunto no qual eu precisaria me aprofundar mais, e essa leitura ficaria extremamente maçante para você.

Por isso… Te convido a participar da próxima live do Investidor Inteligente, que ocorrerá quinta-feira (23/03), às 18h15…

Onde eu irei conversar com o gestor de Renda Fixa da EQI Asset, Alejandro Schiuma, sobre o tema: Qual é a segurança do sistema bancário brasileiro”.

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Nesta live, iremos abordar diversos assuntos como:

  • Segurança do sistema bancário brasileiro;
  • Comparação com os Estados Unidos;
  • Riscos que o investidor deve considerar;
  • Como se proteger em meio a tudo isso;
  • E principalmente… Como aproveitar as melhores oportunidades do mercado.

Então, se você está pronto para aproveitar essa que pode ser a maior janela de investimentos da história…

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Por Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos