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Quem é a investidora brasileira?

Quem é a investidora brasileira?

Elas podem tudo! Mães, filhas, empreendedoras, elas são mulheres e também investem. O perfil da investidora brasileira é esse: elas “estão para jogo” e se alguém disser que elas não podem no mercado financeiro, é aí que se enganam.

Elas não apenas investem como começam com valores maiores do que os homens, como aponta relatório da B3. Ao entrar na bolsa, o primeiro investimento das brasileiras gira em torno de R$ 167 na média, enquanto eles começam com apenas R$ 62.

Hoje é Dia Internacional da Mulher e nada melhor do que falar delas e do espaço que vêm ocupando no mercado econômico, de investimentos e em toda a sociedade. Então, vamos lá!

Quem é a investidora brasileira: ela investe mais que ele

Segundo o levantamento da B3, já são mais de 1,2 milhão de investidoras brasileiras em Renda Variável em 5 anos. Em 2018, o número era de 165,2 mil, um crescimento equivalente a 658%.

Já no Tesouro Direto, o número de cinco anos atrás era de 250,7 mil mulheres, e atualmente elas já estão em 903,5 mil, uma alta de 260%.

Entre os produtos mais escolhidos pela investidora brasileira estão as Ações. Confira quantas delas investem em cada produto da Bolsa Brasileira, segundo estudo até dezembro de 2023:

  • Ações: 951,9 de investidoras
  • BDRs e BDR de ETF: 217,9
  • ETFs de Renda Fixa e Renda Variável: 136,6
  • FIIs: 641,9
  • Tesouro Direto: 903,6

Olhando por faixa etária, a maior parte das investidoras de Renda Variável tem entre 25 e 39 anos, sendo 46%. Além disso, o número de mulheres que investem nesses tipos de ativos entre 18 e 24 anos subiu 1.819,67%.

Dia Internacional da Mulher: entenda a data

Mais do que uma simples celebração, 8 de março é uma data para refletir sobre as lutas, conquistas e contribuições das mulheres ao longo da história, do mundo e em diversas esferas sociais. Para além disso, é olhar para o passado e pensar também nas oportunidades do futuro, reconhecendo o potencial ainda não explorado com elas, ainda mais no mercado de investimentos.

A data oficializada em 1975, pela Organização das Nações Unidas (ONU), é símbolo de fortaleza, em homenagem a elas. O dia de hoje representa a resistência feminina após movimentos operários no século XIX, conhecidos por greves e protestos de mulheres em busca de condições de trabalho e igualdade de direitos.

No ramo dos investimentos, assim como no mercado de trabalho, a presença feminina é historicamente subestimada. Entretanto, cada vez mais mulheres assumem papéis de destaque nesse setor. Rompendo barreiras, representando em programas televisivos voltados ao mercado econômico, fazendo aquisições e investindo, elas estão ganhando cada vez mais espaço ao investir em suas escolhas.

A brasileira hoje é investidora, gestora de fundos, empreendedora e líder de empresas. Com habilidades excepcionais e toque feminino, elas têm conquistado sucesso em campos que por anos foram dominados por homens.

Mulheres Investidoras

Para entender melhor quem são as investidoras brasileiras, conversamos com importantes nomes do mercado de investimentos.

Para Carolina Borges, analista de Fundos Imobiliários da EQI Research, as mulheres são responsáveis e precavidas, e visam sempre a segurança de seu patrimônio. Elas costumam buscar investimentos em Renda Fixa, ainda que a maioria use a poupança. Quando começam a diversificar, buscam primeiro por opções mais tradicionais, priorizando proteção de capital e não a rentabilidade.

O objetivo principal geralmente é proteger o patrimônio e, em segundo lugar, rentabilizá-lo. E está certo. Se você tentar rentabilizar antes de proteger, você pode cair em algumas armadilhas do mercado”, comenta.

Investidora Brasileira. Carolina Borges / Foto: EQI
Carolina Borges, analista de FIIs da EQI Research / Foto: EQI

Júlia Abi-Sâmara, educadora financeira e fundadora do canal “As Investidoras”, comenta que elas são muito responsáveis com seus investimentos. “Acredito que ainda existe a ideia de que homens lidam com as finanças melhor do que mulheres, e isso não é verdade. As mulheres buscam realmente se informar sobre o assunto antes de tomar uma decisão, desconfiam de promessas de altos ganhos em um curto período de tempo, e têm mais paciência e responsabilidade”, avalia.

Ela conta a sua própria experiência para exemplificar os avanços femininos no mercado. Em meio a uma conversa com alguns colegas da faculdade, Julia comentou que queria começar a investir. Virou motivo de chacota, mas a “tiração de sarro” fez com que Julia “virasse uma chavinha” em sua cabeça e refletisse sobre a predominância masculina. A partir de então, ela se dedicou a estudar os investimentos.

Investidora Brasileira. Julia Abi-Sâmara / Foto: Renata Souza
Julia Abi-Sâmara, fundadora da “As Investidoras” / Foto: Divulgação/Renata Souza

A educadora financeira, que já conta com mais de 90 mil seguidores no Instagram e mais de 5,3 mil alunas investidoras, comenta que se apaixonou pelo tema quando entendeu que cuidar da vida financeira é uma forma de autocuidado que impacta todas as outras áreas da nossa vida.

“Quando ensino uma mulher a investir, estou ajudando ela a ter autonomia para tomar decisões importantes que vão transformar a sua vida. É um passo muito importante para que as mulheres tenham mais segurança, independência e liberdade”, afirma.

Carolina Borges conta que também começou aos poucos, logo quando entrou no mercado de trabalho, na época investindo na poupança. Foi poupando cada vez mais, até que o gerente do banco a procurou para oferecer mais produtos. “Da poupança, eu fui para o Tesouro Direto, em 2013. Tínhamos juros bem altos na época, então o retorno era bom, o que me chamou atenção”, lembra.

A partir de um amigo, Carol descobriu que poderia investir no mercado imobiliário, e foi assim que começou a se aprofundar em Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), área que domina atualmente.

Mudanças no mercado de investimentos

Segundo Melissa Angelini, diretora de Relações com Investidores e membro do conselho do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), essa movimentação no mercado de investimentos é resultado do acesso a informações, programas de educação financeira direcionados às mulheres e uma mudança cultural que valoriza a independência financeira feminina.

Melissa aponta também para a necessidade de incentivo à participação de mulheres em conselhos de administração de empresas. “A baixa representação feminina em conselhos de administração exige uma ação mais incisiva. Incentivar as empresas a incluírem mulheres em cargos de liderança é crucial para a transformação do cenário”, afirma.

Investidora Brasileira. Melissa Angelini IBRI / Foto: Arquivo Pessoal
Melissa Angelini, do IBRI / Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com ela, a mudança nesse panorama demanda esforços conjuntos das instituições, do poder público e das próprias mulheres, como indicado por diversos estudos e especialistas. “A busca pela equidade de gênero no setor financeiro é um compromisso contínuo, e todos os setores devem colaborar para essa transformação.”

André Vasconcellos, vice-presidente do conselho do IBRI, reforça que historicamente, os homens têm sido mais ativos no mercado financeiro do que as mulheres. “No entanto, essa lacuna está diminuindo à medida que mais mulheres entram no campo financeiro e buscam educação financeira”, comenta.

O “IBRI Mulheres”, criado em 2020, tem a missão de ampliar a participação feminina no mercado de capitais e promover uma maior integração entre gêneros. André comenta que através do programa são divulgadas histórias de mulheres com carreiras consolidadas e que conseguiram driblar os obstáculos do mundo corporativo, por meio de eventos de networking e inspiração, bem como cursos, workshops e mentorias coletivas.

Investidoras brasileiras: as Sharks

Não basta começar a ocupar espaço como investidora brasileira na Bolsa de Valores, as mulheres querem igualdade nesse mercado. Não podendo esperar pouco delas, elas cresceram nos investimentos, empreendedorismo e também fomentam negócios de outras mulheres com o poder e conhecimento que adquiriram ao longo do tempo nesse mercado.

Entenda qual é a visão de grandes investidoras, como Carol Paiffer sobre a investidora brasileira.

Como uma investidora nata, Carol Paiffer, CEO da Atom e Investidora Shark, comenta que uma das principais características das investidoras brasileiras é o conhecimento, pois elas buscam saber quais riscos correm e entendem a importância de construir patrimônio, principalmente de poder planejar a aposentadoria e também a faculdade dos filhos.

“Isso as diferencia bastante do ambiente masculino, tanto que seguro de carro para mulher é mais barato que para o homem. Então, a cautela feminina traz a mulher para um investimento muito mais conservador do que o homem”, comenta.

Formada em administração, a CEO foi inspirada a entrar no mercado financeiro por seu irmão, Kim Paiffer. Para ela, apesar de ser um segmento majoritariamente masculino, isso nunca foi um problema, nem um desafio, porque é um mercado altamente meritocrático. “Não importa se você é homem ou mulher, a última linha, o lucro, de fato, é o que importa”, contempla.

Investidora Brasileira. Carol Paiffer / Foto: Arquivo Pessoal
Carol Paiffer, CEO da Atom e Investidora Shark / Foto: Arquivo Pessoal

Ela bate sempre na tecla de que as mulheres precisam entender do mundo dos investimentos. “Isso é importante para que elas não sejam reféns nem da minha opinião, nem da opinião de ninguém. Cada uma das pessoas precisa entender das suas próprias vidas”, reforça sobre ser uma referência no mercado financeiro.

Carol comenta também que dicas para investir podem atrapalhar muito, pois é importante conhecer o perfil do investidor, o planejamento e o momento de vida. “Então, é muito importante que você entenda muito mais sobre os investimentos e você tenha clareza de qual é o seu momento de vida para que você possa ter os melhores resultados”, diz.

A responsabilidade de fazer a diferença no mercado financeiro, ainda mais sendo mulher, é grande e, sendo televisionada então, fica maior ainda. Monique Evelle, cofundadora da Inventivos e Shark, sabe o quanto pode encorajar outras mulheres, principalmente a falarem sobre dinheiro sem culpa.

“Essa é a oportunidade de fazer a diferença, nem que seja na vida de uma única pessoa. Por isso, tenho o compromisso em compartilhar minha bagagem, conhecimento, experiências e desafios da jornada de empreendedora e como investidora para auxiliar outras mulheres”, comenta.

Investidora Brasileira. Monique Evelle / Foto: Guido Ferreira
Monique Evelle, cofundadora da Inventivos e Shark / Foto: Guido Ferreira

Para ela, a diversidade e a inclusão são fundamentais nos investimentos. Ao trazer diversas perspectivas à mesa, ela defende, as decisões tomadas são mais informadas e e conseguem alcançar melhores resultados. O que fica é a importância de assumir riscos calculados e estar aberta para aprender com os fracassos.

“Meu maior aprendizado como mulher investidora brasileira foi entender que, mesmo tendo dinheiro para investir, a sociedade não vai me enxergar nesse lugar. Tentam diminuir o meu trabalho, comparando sempre com investidores que não são mulheres e muito menos pessoas negras”, comenta.

No final do dia, o maior aprendizado de Monique, ela conta, foi não ter medo de continuar em movimento, reconhecendo o poder que tem em mãos para moldar o próprio futuro financeiro e o impacto positivo que pode ter ao encorajar outras mulheres a fazerem o mesmo.

Segundo Camila Farani, Shark, investidora anjo e empreendedora, a mulher investidora brasileira é uma figura que desafia continuamente o status quo do mercado financeiro, por este ser um ambiente historicamente dominado por homens. Para ela, mulheres possuem um perfil marcado pela resiliência, inovação e uma habilidade única de enxergar oportunidades onde muitos veem apenas obstáculos.

Camila relembra estudo recente da B3 que revelou um aumento expressivo no número de mulheres no mercado de ações, saltando de 76 mil em 2016, para mais de 808 mil em 2020. “Essas mulheres não estão apenas investindo; elas estão redefinindo o próprio mercado”, ressalta.

Investidora Brasileira. Camila Farani / Foto: Roberta Lira
Camila Farani, Shark, investidora anjo e empreendedora / Foto: Roberta Lira

Além disso, para ela, essas investidoras não são apenas números em um relatório; são mulheres que, diariamente, enfrentam e superam o machismo estrutural, quebrando barreiras e construindo um novo paradigma de sucesso financeiro.

“Eu acho que o que as diferenciam de forma marcante no mercado financeiro é que elas são multifacetadas, e profundamente enraizadas em uma combinação de perspicácia financeira, visão estratégica e um compromisso intrínseco com a sustentabilidade e a ética nos negócios”, defende.

Farani ainda ressalta cinco características da investidora brasileira que definem o sucesso e uma evolução necessária e bem-vinda no mercado financeiro. Confira!

  1. Visão de longo prazo e cautela: Diferentemente da abordagem por vezes mais agressiva e focada no curto prazo adotada por muitos de seus pares masculinos, as mulheres investidoras tendem a priorizar investimentos com uma visão de longo prazo, combinando cautela com uma análise rigorosa dos riscos e benefícios. Isso não só as torna investidoras resilientes durante as flutuações do mercado, mas também promove uma maior estabilidade financeira.
  2. Diversificação: A mulher investidora brasileira é astuta na diversificação de seu portfólio. Seu enfoque não está apenas em maximizar retornos, mas em construir uma base sólida de investimentos que possa suportar adversidades econômicas. Essa abordagem holística significa uma melhor proteção contra a volatilidade do mercado.
  3. Educação financeira e busca por conhecimento: Uma característica marcante é o comprometimento contínuo com a educação financeira. Elas estão sempre buscando ampliar seu conhecimento sobre finanças e investimentos, participando de cursos, seminários e redes de networking. Essa sede de aprendizado não apenas as capacita, mas também empodera outras mulheres a entrarem no mundo dos investimentos.
  4. Responsabilidade social e sustentabilidade: Muitas mulheres investidoras dão grande importância aos impactos sociais e ambientais de seus investimentos, favorecendo empresas que demonstram responsabilidade social corporativa (RSC) e práticas sustentáveis. Esse enfoque reflete um desejo não apenas de obter retorno financeiro, mas também de contribuir para um futuro mais justo e sustentável.
  5. Empatia e inteligência emocional: As mulheres, de modo geral, tendem a exibir altos níveis de empatia e inteligência emocional, o que transparece em suas estratégias de investimento. Elas são capazes de entender melhor as nuances do mercado e das equipes por trás dos negócios em que investem, levando a decisões mais informadas e humanizadas.

Para a Shark, é uma “honra imensurável e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade colossal” ser influenciadora. “Isso vai além de oferecer conselhos sobre onde investir, trata-se de inspirar confiança, de encorajar mulheres a superar barreiras, tanto internas quanto externas, e de reforçar a importância da independência financeira”, enfatiza.

A independência financeira é empoderadora

Confira as três dicas das “gigantes” para começar a investir no mercado financeiro:

Conhecimento

A educação financeira é o ponto de partida essencial. Compreender os fundamentos do mercado, explorar diversas classes de ativos e elaborar uma estratégia de investimento alinhada aos objetivos individuais são passos cruciais. Através do conhecimento, pode-se quebrar barreiras e superar o estigma de que o mercado financeiro é um ambiente exclusivamente masculino.

Investir em educação financeira não apenas proporciona liberdade e autonomia, mas protege contra decisões precipitadas e influências externas. É fundamental buscar conhecimento sólido e se conectar com mentores experientes, pois suas experiências podem oferecer valiosas lições sobre os altos e baixos do mercado.

Uma dica de ouro é não colocar todos os investimentos em uma única opção, pois a diversificação é essencial para mitigar riscos. Espalhar os investimentos por diferentes classes de ativos ajuda a proteger o portfólio contra a volatilidade do mercado, buscando um equilíbrio entre risco e retorno.

É importante lembrar que o mercado financeiro está sempre em constante mudança, influenciado por diversos fatores. Manter-se informado sobre tendências econômicas, políticas e sociais é essencial para tomar decisões informadas. No entanto, é crucial ter paciência e adotar uma abordagem de longo prazo, evitando reações precipitadas às flutuações de curto prazo.

Segurança

O que mais impede a investidora brasileira de investir são as suas inseguranças. É importante trabalhar para que o resto seja mais simples.

Um dos primeiros passos cruciais é identificar e compreender essas inseguranças, se é o medo de perder dinheiro, a falta de confiança na tomada de decisão ou experiências passadas negativas, esse reconhecimento vai facilitar a superar esses obstáculos.

Por isso, a busca pela educação financeira e conhecimento são tão importantes, que eles vão dar um “gás” na confiança na hora de investir.

Peça ajuda

Ter o conhecimento básico e entender a estratégia é o que vai trazer confiança na hora de investir, mas pedir ajuda também é uma opção.

Contar com ajuda profissional e ouvir aqueles que já fazem investimentos há mais tempo que você é bom para saber qual caminho trilhar, mas é importante também saber filtrar os conselhos dados.

Não é necessário investir um valor extraordinário e já diretamente em Renda Variável. Pode ser um valor baixo na Renda Fixa mesmo. Você só precisa começar!

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