Em um cenário de juros em alta, qual análise deve ser feita ao se considerar investimentos de curto, médio e longo prazo?
Para esclarecer as dúvidas dos investidores, os especialistas da EQI, Denys Wiese, Head de Renda Fixa e Rômulo Luz, Assessor de Investimentos, fizeram uma análise do cenário atual e indicaram onde estão as melhores oportunidades de investimento até o final de março de 2022.
O tema fez parte do EQI Talks, live semanal da EQI, que abordou o tema: “Juros em alta: últimas oportunidades de março”.
Procurando boas oportunidades? Nossos especialistas mostram onde elas estão!
Ciclos da economia: por que o investidor precisa entender isso?
Para investir melhor, tudo parte do investidor conhecer sua estratégia e seu perfil. Mas, indo além, é preciso entender como as economias se movem ao redor do globo. Conforme explicam os especialistas da EQI.
“Quem diria que há um ano os juros estariam em quase 13%, que uma guerra estaria acontecendo, e que haveria inflação no mundo todo? Quando observamos o cenário atual, parece que todas as projeções erraram feio. Por isso, temos que nos basear por outros tipos de análises, como o ciclo econômico”, explica Denys Wiese, Head de Renda Fixa.
“Existem vários fatores que são capazes de ‘quebrar’ qualquer previsibilidade. Um exemplo é o evento da Covid-19, que desfez qualquer projeção para o ano de 2020”, relembra Rômulo Luz, Assessor de Investimento da EQI.
Melhores investimentos para cada fase
Os Banco Centrais atuam em uma rotina de ciclos econômicos – ora estimulando, ora desacelerando o crescimento.
Para estimular – diferentemente do passado – o dinheiro injetado na economia não mais é feito por meio da circulação de mais papel moeda. Mas, sim, acrescentando dígitos nas contas dos bancos, via open market.
Com essa entrada “ilusória” de recursos, empresários e consumidores passam a produzir e consumir mais. No entanto, não é possível manter este alto consumo por muito tempo. Logo em seguida, vem o movimento de contenção.
Para desacelerar, os BCs sobem os juros, retirando dinheiro de circulação, o que encarece e reduz o crédito. Finalizando, assim, um ciclo.
“O ciclo econômico é exatamente esse sobe e desce que a economia faz. O banco central ‘imprime’ dinheiro, aumenta a liquidez, com redução dos juros. E, depois, é obrigado a fazer exatamente o oposto, para conter a inflação. Ele é obrigado a matar a atividade econômica por um certo tempo. E como os juros altos mataram a atividade econômica, começa, então, um novo ciclo de estímulo”, ensina Denys Wiese, Head de Renda Fixa da EQI Investimentos.
“Esses ciclos ocorrem em qualquer país. É algo natural em qualquer economia, mas podem ter interrupções no meio do caminho, como foi o que aconteceu com a Covid-19, por exemplo”, analisa Rômulo Luz.
O fato é que para cada fase desse ciclo econômico, existem investimentos mais indicados. Conforme veremos a seguir:
Os juros e as melhores estratégias
Denys Wiese explica a dinâmica dos juros e os melhores ativos para cada etapa:
Queda de juros
“Quando estamos iniciando a fase de queda dos juros, o certo é pré-fixar as taxas, para aproveitá-las antes que os juros caiam. No mercado de ações, deve-se investir em ações de crescimento (growth)”.
Meio do ciclo – juros ainda baixos
“Nesta fase é indicado comprar os pós-fixados e continuar com as ações growth”.
Início da subida de juros
“Nesta fase é importante se posicionar em juros pós-fixados e ações de valor (empresas mais estabilizadas)”.
Queda dos juros
“Neste cenário, é recomendado voltar para os pré-fixados, IPCA+ e comprar ações de valor”.

Reprodução/EQI
Em qual fase do ciclo estão o Brasil e os EUA?
Com relação à fase do ciclo econômico, o Brasil, atualmente, está para entrar em um momento de recessão, que será seguido de um novo estímulo na economia.
Isso deve acontecer pela troca da sequência de altas nos juros por quedas consecutivas, começando a partir de 2023, conforme apontam os analistas.
“Quando a inflação começar a ceder, em função dos juros altos que já estamos tendo, abre-se espaço para a queda dos juros e, assim, inicia-se uma nova fase de expansão. Imagino que passadas as eleições, em 2023, já iniciaremos um novo ciclo”, diz Denys Wiese.
Já os EUA ainda estão finalizando a fase expansionista, iniciando agora um movimento de subida de juros, com contração da atividade.
- Leia também: entenda a alta da Selic.
Inversão da curva de juros: hora de alongar prazo dos investimentos
De acordo com o Head de Renda Fixa da EQI, está acontecendo algo interessante no Brasil que é a inversão da curva de juros, o que torna este o momento propício para alongar o prazo das aplicações.
“O normal da curva seria seguir a lógica: juros longos são mais altos que os juros curtos. Isso se estabelece porque a incerteza é maior no futuro do que no presente. No entanto, a contundente subida de juros pelo Banco Central está invertendo essa dinâmica. Os juros curtos, com vencimento em 2023/2024 estão mais altos. Ao passo que os juros projetados para um futuro mais distante já estão com projeção de queda”, explica.
Para o especialista, o que explica este efeito é a leitura feita pelo mercado, a qual entende que os juros altos no presente, viabilizam juros mais baixos no futuro.
“Este é o fator que está nos fazendo alongar o prazo das nossas aplicações. A partir do momento em que a inflação começar a cair, os juros cairão. A tendência é que os prefixados voltem em dois ou três anos a patamares entre 10, 9, ou 8% a.a. Portanto, agora é a hora de aproveitar os juros altos”, orienta Wiese.
Impacto dos juros: em qual setor apostar agora?
Os setores mais “castigados” pela subida dos juros são aqueles compostos por empresas “alavancadas”: as que possuem dívidas.
“Tem setores da economia que precisam tomar muitos empréstimos para que o retorno venha no futuro. São as chamadas empresas “growth” (crescimento). Essas empresas tendem a não ir tão bem em cenário de juros altos (como o que estamos vivendo agora). Paga-se muitos juros e os resultados são muito baixos”, avalia Denys Wiese.
Onde focar os investimentos?
“As empresas mais estabilizadas, que não precisam tomar tantos recursos, que possuem demanda e já apresentam resultados são as mais resilientes a um cenário de alta dos juros”, observa.
Essas companhias, chamadas de empresas de “value” (valor), são justamente as representantes da “velha economia”, como bancos, exportadoras de commodities, setor elétrico, saneamento e setor de alimentos.

Denys Wiese e Romulo Luz em live da EQI Investimentos
Março: oportunidades de investimento do momento
Após as análises dos ciclos econômicos, como os investidores podem alocar melhor os seus ativos no mês de março?
Veja o que dizem os especialistas e as oportunidades da EQI Investimento:
Estudar a troca de prazos
Rômulo Luz orienta que os investidores façam uma cotação de saída de seus investimentos atuais para analisar os possíveis ganhos de trocá-los por títulos com prazo mais longo e taxa maior.
Isso vale, principalmente, no caso dos investidores que tenham uma estratégia conservadora, de longo prazo, bem definida.
“Sair antes do vencimento e arcar com um prejuízo pequeno pode valer a pena para quem pode rolar esse investimento por mais 4 ou 5 anos. Porém, é preciso fazer algumas contas e verificar as condições, conforme o vencimento e taxa contratada”, analisa o assessor.
Para exemplificar, o Luz trouxe o seguinte cálculo de comparação:
Em um CDB hipotético, o investidor que considere a troca de um produto com vencimento em 2023 e taxa contratada de 10% a.a, teria hoje um deságio de 4,9% sobre o lucro.
No entanto, aproveitaria a chance de investir em um CDB de 14,5%, com vencimento de 5 anos e possibilidade de ganho financeiro de 22%.
Oportunidade para investimento de até 1 ano
Prefixados
Apenas nos dias 28 e 29 de março: os clientes da EQI com horizonte de investimento de até 1 ano, podem aproveitar CDBs, com vencimentos em diversos prazos – limitados até 1 ano – com taxas entre 14% e 15% a.a.
Apenas no dia 30 de março: os clientes da EQI terão acesso a CDBs de 5 anos, com taxas de 14 a 15% a.a e, também, a CDBs de 6 anos, com taxas de 14,5 a 15,5% a.a.
“Para quem consegue alongar essa taxa e montar um planejamento condizente, esses CDBs médios de 4, 5 ou 6 anos são os que mais estão sendo atrativos aos investidores atualmente. Afinal, não é sempre que vemos taxas como essas.”, analisa Rômulo.
Crédito privado
Até dia 25 de março
Clientes da EQI terão acesso a:
- CRI: com rendimento de CDI + 3% a.a., duration de 3,5 anos e vencimento em 2026, isento de IR.
- Debênture: IPCA +7% a.a., duration de 6,5 anos e vencimento em 2031, isento de IR.
“É muito importante que todo o investidor tenha posições pós-fixadas, como um CDI+ com taxa mista ou produtos com proteções inflacionárias. Afinal, não sabemos sobre os desdobramentos que trarão impactos à economia, como por exemplo a duração do conflito entre Rússia e Ucrânia. É preciso ser conservador e, dessa forma, o CRI e a debênture atendem bem”, pondera o assessor da EQI.
Tesouro Nacional
Dia 29 de março: Leilão da NTN-B 2060
“Como o título tem um prazo médio de 17 anos, isso confere a ele um poder de impacto na queda de juros. Quando os juros sobem, os preços desses ativos caem. Quando a taxa cai, o preço sobe, o que permite ganhar, em um curto período de tempo, 10, 15, 20% a mais que o rendimento do título. Isso se chama marcação a mercado. É uma bela oportunidade para fazer ganho de capital de médio prazo”, analisa Denys Wiese.
Os clientes da EQI terão acesso a este ativo. Basta fazer contato com seu assessor de investimento.
Bonds (renda fixa no exterior)
Segundo os especialistas da EQI, com o dólar a R$ 4,90, é um momento interessante para comprar ativos no exterior. Quem quiser colocar essa estratégia em prática agora, pode investir em Bonds (debêntures emitidas por empresas no exterior).
Os investimentos no exterior possuem taxas pré-fixadas, ou seja, o investidor já sabe o quanto irá receber em cada aplicação.
“Com a expectativa de subida de juros nos EUA em decorrência da inflação, as taxas dos Bonds também aumentam. Esse é o momento para o brasileiro investir em títulos como o do Banco do Brasil, Cosan, Cemig e Petrobrás a uma taxa média entre 8,25 a 9,25%, com retorno anual em dólar. Ter uma parcela do patrimônio investido em uma moeda forte e em uma empresa conhecida, é uma excelente alternativa para o momento atual”, comenta Rômulo Luz.
Os clientes da EQI podem fazer esse investimento diretamente no exterior, a partir da parceria com a corretora Avenue.
Quais as melhores estratégias de alocação para 2022?
Para finalizar, Denys Wiese comenta que a melhor estratégia até o final de março é o gerenciamento de risco da carteira de investimentos.
“Para uma boa alocação é preciso manter uma ‘pizza de diversificação’, de acordo com o perfil do investidor. É preciso aproveitar as rápidas subidas e quedas de algum ativo para fazer os rebalanceamentos, no sentido de vender a classe que está cara e comprar um pouco mais da classe que está barata. Nunca se deve entrar no jogo ou tudo ou nada. A melhor estratégia é seguir no gradualismo para construir patrimônio no longo prazo. Calibrando bem a carteira, ganhando 2% a mais ao ano, faz muita diferença em 5 ou 10 anos. Essas estratégias garantem sucesso em médio e longo prazo em seus investimentos”, finaliza Wiese.
- Quer conhecer mais sobre como investir com juros em alta? Então preencha este formulário que um assessor da EQI Investimentos entrará em contato para mostrar as aplicações disponíveis!