Nesta quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic, a taxa básica de juros da economia, de 10,75% para 11,25%. Essa alta, já antecipada pelo mercado, reforça o protagonismo da renda fixa entre as opções de investimento no atual cenário.
Após um ciclo de sete cortes consecutivos, a Selic havia sido ajustada pela primeira vez para cima em 18 de setembro, de 10,50% para 10,75%. Agora, com a nova elevação, a expectativa é que o movimento de alta continue nos próximos meses, sustentado por pressões inflacionárias justificadas especialmente pelo câmbio. Somam-se à desvalorização do real as incertezas do cenário fiscal (ainda na ausência da apresentação de um pacote de corte de gastos pelo Governo) e a forte atividade econômica.
Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, explica que o aumento da Selic torna a renda fixa ainda mais atrativa, destacando especialmente os ativos pós-fixados. Segundo ele, esses títulos são os mais beneficiados em curto prazo, pois suas rentabilidades acompanham os aumentos da Selic e do CDI, tornando-os uma adição recomendada para as carteiras.
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Selic a 11,25%: opções de renda fixa pós e prefixada e IPCA+
Os ativos de renda fixa dividem-se em três classes principais, todas vantajosas no atual cenário de juros em alta. Além do aumento na Selic e no CDI, as taxas reais também estão em alta, devido à elevação do risco-país e das taxas dos títulos de longo prazo americanos.
Títulos IPCA+, por exemplo, estão oferecendo juros reais bastante elevados, superiores a 6% para papéis de longo prazo. Esse tipo de título ainda corrige seu valor pela inflação, o que o torna especialmente interessante em períodos de alta inflacionária, garantindo um retorno acima da inflação.
Já os prefixados, embora tenham enfrentado uma desvalorização recente com o aumento dos juros, podem ser uma boa oportunidade para novos investidores. Com a Selic na faixa de 11% a 12%, esses papéis prefixados estão oferecendo taxas de 14% a 15%, o que pode compensar o risco de carregamento.
Renda variável: FIIs e ações a preços acessíveis
A alta dos juros, em geral, penaliza a renda variável, mas também abre oportunidades. Fundos imobiliários, por exemplo, estão sendo negociados abaixo de seu valor patrimonial, oferecendo bons yields – em alguns casos, acima de 1% ao mês.
Para quem tem visão de longo prazo, esse é um momento interessante para entrar no mercado, tanto em FIIs quanto em ações de empresas sólidas e bem geridas, especialmente aquelas com baixa alavancagem e que distribuem bons dividendos. Essas empresas, geralmente de setores defensivos, têm condições de manter sua estabilidade mesmo com a Selic em alta, enquanto a bolsa apresenta preços atraentes. Embora possa haver volatilidade, investidores de longo prazo podem encontrar boas oportunidades.
Fundos Imobiliários: fundamentos seguem bons
Carolina Borges, head e analista de Fundos Imobiliários da EQI Research, avalia que, nos últimos meses, não teve como os FIIs não serem impactados pelo cenário de juros, inflação e política fiscal. Mas que todos estes são fatores que não estão sob controle do investidor. “Por outro lado, os indicadores operacionais dos FIIs estão bons e crescentes, com queda de inadimplência, aumento da ocupação, reajuste de aluguéis acima da inflação etc”, aponta Carolina.
“Essa decisão (de alta de juros) por si só não deve impactar ainda mais o mercado de FIIs, que irá reagir de modo mais consistente quando as causas que levaram a um juro mais alto tiverem perspectivas de melhora, especialmente com um pacote fiscal estruturante. Assim, entendo que os FIIs estão em patamares de preço bastante atrativos quando projetamos a renda que aquele portfólio pode entregar”, complementa.
Diversificação internacional: proteção contra o risco local
Com o dólar em alta, a diversificação internacional ganha importância. Além de proteger contra os riscos econômicos locais, a renda fixa internacional, embora os juros estejam em ciclo de queda nos EUA, ainda oferece taxas atrativas em comparação com os últimos dez anos.
Manter uma parte da carteira em ativos externos pode mitigar os impactos das oscilações econômicas brasileiras e diluir o risco.
Ouça o áudio na íntegra:
O papel da Selic e seus impactos
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Copom a cada 45 dias e usada como referência para o mercado financeiro. Sua influência vai além das decisões de investimento: afeta o custo do crédito e, consequentemente, setores econômicos como o imobiliário e o empresarial.
Com taxas mais baixas, as condições de financiamento tendem a melhorar, impulsionando a demanda por crédito. Já em um ambiente de alta de juros, ativos de renda fixa tornam-se mais atraentes, proporcionando rentabilidades ajustadas ao aumento da Selic.
Considerações para o investidor
Entender a Selic e acompanhar seu comportamento é essencial para decisões de investimento bem informadas. No cenário atual, em que a inflação e as taxas de juros estão em alta, a renda fixa se destaca, mas oportunidades na renda variável também estão presentes para os que têm paciência e foco no longo prazo. A adaptação da carteira ao ciclo econômico e ao contexto macroeconômico é fundamental para maximizar o retorno e equilibrar o risco.
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