O cenário macroeconômico de 2024 deverá ser de juros ainda em níveis altos nos Estados Unidos e na Europa.
Já no Brasil, deve ter sequência o ciclo de queda da Selic, taxa de juros básica da economia. No entanto, o cenário externo e possíveis mudanças no quadro fiscal do país são ameaças para este cenário.
Confira, abaixo, os principais pontos do cenário macro em 2024.
Cenário macroeconômico em 2024: Taxas de juros ainda altas no exterior
Após dois anos de altas nas taxas de juros, 2024 se desenha como um período de maior estabilidade para as principais economias, condicionado ao comportamento da inflação e da atividade econômica.
“Após os ajustes de altas de juros nos dois últimos anos, 2024 deve marcar uma estabilidade nas taxas de juros das principais economias no primeiro semestre. Há ainda dúvidas sobre a possibilidade de cortes de juros, dependendo do comportamento da inflação e da atividade econômica”, aponta Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.
Após as últimas movimentações do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que manteve a taxa de juros entre 5,25% e 5,50% e comunicou a probabilidade de três cortes de juros em 2024, o mercado projeta que a queda se inicie possivelmente em junho.

Questões geopolíticas
Adicionalmente, as incertezas geopolíticas persistem, destacando disputas entre Estados Unidos e China, Rússia e Ucrânia, e Israel e Hamas, além da reorganização das cadeias de produção de energia na transição para fontes “limpas”.
Uma possível escalada no conflito entre Israel e Hamas, com possibilidade de envolvimento de outros países produtores de petróleo, como o Irã, pode trazer volatilidade aos mercados.
Desafios para o Brasil
No contexto brasileiro, o crescimento econômico enfrentará obstáculos devido ao aperto monetário dos últimos anos e a um cenário global mais fraco.
Este será também o primeiro ano no novo arcabouço fiscal proposto pelo atual governo, com algum ceticismo do mercado quanto à meta estabelecida.
Os cortes de juros no primeiro semestre de 2024 dependerão, em grande medida, do panorama internacional. Mas o comportamento do governo quanto aos gastos públicos também pode trazer volatilidade.
Projeção para a taxa Selic em 2024
A expectativa é que a taxa Selic alcance 9,25% em 2024.
No entanto, essa projeção está sujeita a fatores como o cenário internacional de juros desafiador, o ritmo do crescimento econômico doméstico e a resposta fiscal do governo.
“Esperamos que a taxa Selic alcance patamar de 9,25% em 2024. Os principais fatores que podem alterar essa expectativa são: cenário de juros internacional, que se mostra mais desafiador, ritmo do crescimento doméstico, com dúvidas sobre a desaceleração do crescimento e o tamanho do hiato de produto e resposta fiscal do governo a um potencial crescimento mais fraco ao longo do ano, que poderia deteriorar as contas fiscais e erodir a confiança do mercado sobre a trajetória da dívida nos próximos anos”, diz Kautz.
Agenda fraca do Congresso
A reforma tributária, recentemente aprovada, alivia ainda mais a agenda do Congresso para 2024.
“O próximo ano deverá ser de uma agenda mais micro do que macro. Poucas medidas adicionais devem ser votadas, dado que será um ano eleitoral (eleições municipais), e a agenda do Congresso tende a esfriar especialmente no segundo semestre”, aponta o economista-chefe da EQI Asset.
Cenário macroeconômico em 2024: expectativa de juros nos EUA e seu impacto no Brasil
A previsão é de que os juros nos EUA sejam reduzidos gradualmente ao longo de 2024, mas apenas em meados do ano, quando a inflação estiver em uma trajetória mais clara de convergência para a meta de 2% estabelecida pelo Banco Central dos EUA, o Fed.
O mercado crê, majoritariamente, em três cortes de 25 pontos-base, o que levaria os juros ao teto de 4,75% até o final do ano que vem.
Qualquer adiamento desse ciclo de afrouxamento pode restringir a capacidade de cortes de juros no Brasil. Por outro lado, se os cortes começarem antes, o BC brasileiro pode ter mais liberdade e acelerar o corte da Selic.
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