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Tarifas de Trump: Ásia é a grande prejudicada e Brasil pode ser beneficiado

Tarifas de Trump: Ásia é a grande prejudicada e Brasil pode ser beneficiado

Na quarta-feira (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a implementação de tarifas recíprocas sobre importações, uma medida que ele denominou como o “Dia da Libertação”. Essas tarifas visam equilibrar as relações comerciais, de acordo com o governo norte-americano, com a imposição de taxas adicionais sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil.

A decisão tem implicações significativas tanto para o mercado brasileiro quanto para a economia global. E os mercados reagem negativamente nesta quinta-feira (3), com queda acentuada nas bolsas de valores. No entanto, segundo especialistas, apesar de negativas de um modo geral, as tarifas vieram dentro do esperado pelo mercado, com impacto mais forte apenas para os países asiáticos. O Brasil, apesar de também sofrer aumento na tarifa, pode acabar por ser beneficiado comparativamente com a medida, atraindo mais capital estrangeiro. Entenda.

Tarifas de Trump: como ficou a tarifa para cada país

As tarifas anunciadas variam conforme o país de origem dos produtos:​

  • Camboja – 49%
  • Laos – 48%
  • Madagascar – 47%
  • Vietnã – 46%
  • Myanmar – 44%
  • Sri Lanka – 44%
  • Bangladesh – 37%
  • Sérvia – 37%
  • Botsuana – 37%
  • Tailândia – 36%
  • China – 34%
  • Taiwan – 32%
  • Indonésia – 32%
  • Suíça – 31%
  • África do Sul – 30%
  • Paquistão – 29%
  • Tunísia – 28%
  • Cazaquistão – 27%
  • Índia – 26%
  • Coreia do Sul – 25%
  • Japão – 24%
  • Malásia – 24%
  • Costa do Marfim – 21%
  • União Europeia – 20%
  • Jordânia – 20%
  • Nicarágua – 18%
  • Filipinas – 17%
  • Israel – 17%
  • Noruega – 15%
  • Turquia – 10%
  • Peru – 10%
  • Costa Rica – 10%
  • República Dominicana – 10%
  • Emirados Árabes – 10%
  • Nova Zelândia – 10%
  • Argentina – 10%
  • Equador – 10%
  • Guatemala – 10%
  • Honduras – 10%
  • Egito – 10%
  • Arábia Saudita – 10%
  • El Salvador – 10%
  • Marrocos – 10%
  • Trinidad e Tobago – 10%
  • Brasil – 10%
  • Cingapura – 10%
  • Chile – 10%
  • Austrália – 10%
  • Colômbia – 10%
  • Reino Unido – 10%

Além disso, foi confirmada uma tarifa de 25%, já aguardada, sobre todos os automóveis fabricados fora dos EUA.

Impacto no Brasil

O Brasil, ao receber uma tarifa de 10%, encontra-se na faixa mais baixa das imposições tarifárias. Felipe Paletta, analista CNPI da EQI Research, considera que, em termos relativos, essa medida é positiva para o país.

Ele observa que o mercado já antecipava tarifas entre 10% e 20%, com uma mediana em torno de 15%, e que a taxa aplicada ao Brasil ficou abaixo dessa expectativa. Paletta também destaca que países asiáticos foram mais penalizados, o que pode tornar o Brasil um destino mais atraente para investimentos internacionais.​

“Nossa primeira leitura é de que, apesar de uma imposição de tarifa universal não ser positiva, ela foi positiva em termos relativos para o Brasil, porque ficou abaixo do esperado”, avalia.

Paletta aponta que o mercado entendeu que o cálculo feito pelo governo Trump para determinar a tarifação de cada país foi bem simples, basicamente calculando qual o déficit de bens dos países em proporção à pauta de importação dos EUA, para definição da base de cálculo e da tarifa.

Para o Brasil, o panorama ficou, comparativamente, vantajoso. “O Brasil tende a receber mais capital estrangeiro, porque já tem as maiores taxas de juros reais do mundo e já vinha performando como melhor mercado em termos de moeda no ano. A postura mais agressiva de Trump tende a prejudicar o comércio global como um todo e os EUA. O Brasil, que já vinha se destacando entre os mercados emergentes, pode se beneficiar mais ainda a partir de agora. Se você olhar os pares do BRICs (grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) os países asiáticos foram muito mais punidos, o que torna o Brasil ainda mais atraente ao capital internacional e aos investimentos”, complementa.

No entanto, Paletta aponta incertezas quanto aos impactos nas commodities brasileiras, especialmente para empresas que dependem de importações de países asiáticos. Empresas como a Intelbras podem enfrentar desafios, enquanto outras, como a Gerdau, com operações significativas nos EUA, podem se beneficiar.

foto de Felipe Paletta
Felipe Paletta, analista da EQI Research

Perspectiva global

Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, também destaca que as tarifas foram calculadas com base nas taxas que os países aplicam sobre produtos americanos. Países asiáticos, como China e Vietnã, que impõem tarifas mais altas sobre produtos dos EUA, foram os mais afetados. A União Europeia recebeu uma tarifa de 20%, alinhada com as expectativas, enquanto Canadá e México foram excluídos devido a acordos de livre comércio existentes.​

“Quem foi mais punido é quem tem tarifa média mais alta em relação aos EUA, o que ficou concentrado para Ásia e na China. Os maiores perdedores são esses”, aponta.

Kautz ressalta que o mercado reagiu negativamente ao anúncio, com quedas especialmente nas bolsas americanas e desempenho misto das moedas. Ele observa que as empresas expostas ao mercado asiático podem enfrentar dificuldades.​

Ainda assim, sua leitura é de que o anúncio não veio fora do esperado. “Para o Brasil foi ok, para a América Latina ok, México e Canadá não vão ser tarifados nesse primeiro momento, Europa foi dentro do esperado. China e Ásia, sim, tiveram impacto forte”, afirma. “Mas é preciso lembrar que ainda é uma primeira rodada, todos vão negociar a partir de hoje, e pode ser que haja espaço para negociação”, complementa.

foto Stephan Kautz: economista-chefe da EQI Asset
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

Reações internacionais

A decisão de Trump gerou reações diversas no cenário internacional. Líderes europeus criticaram as tarifas, considerando-as injustificadas e prejudiciais ao comércio global.

Enquanto isso, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o Brasil responderá de forma recíproca caso seja necessário, enfatizando a importância do respeito mútuo nas relações comerciais.

Em nota, o governo afirmou que, ao mesmo tempo, se mantém “aberto ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes”, avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive com recurso junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

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