O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou nesta quinta-feira (11) que novas reduções no tarifaço dos Estados Unidos podem beneficiar outros produtos brasileiros em breve. Segundo ele, a decisão de Washington de retirar tarifa sobre celulose da lista do tarifaço abre espaço para que frutas, café e carne também sejam incluídos entre as exceções.
“Ontem, mais um produto foi excepcionado também, que é a celulose brasileira. E eu acho que, em breve, acabado o julgamento, eles vão excepcionar as frutas, o café e a carne, porque os Estados Unidos não conseguem viver sem esses produtos”, disse o ministro em entrevista ao programa Acorda Metrópoles.
Teixeira associou a postura do presidente Donald Trump ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), mas avaliou que a pressão não tem surtido efeito. Para ele, insistir nas sobretaxas pode prejudicar mais a economia norte-americana do que a brasileira.
Tarifa sobre celulose cai e favorece exportações
A tarifa sobre celulose cai após ordem executiva assinada na última sexta-feira (5), o que retirou o produto brasileiro da lista de bens taxados em 10% ao entrar nos EUA. O alívio foi imediato para a indústria nacional, que exportou 2,8 milhões de toneladas do insumo em 2024, equivalente a 15% das vendas externas totais do setor.
Com a medida, cerca de 90% da celulose enviada aos norte-americanos passa a entrar sem sobretaxa. Ainda assim, outros produtos da cadeia, como papéis e painéis de madeira, continuam submetidos às tarifas impostas por Trump.
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que representa o setor, comemorou a decisão. “Trata-se de uma decisão muito positiva, que partiu do governo americano, acreditamos que muito graças aos esforços de clientes que levam ao governo peculiaridades de produtos e matérias-primas essenciais ao país”, afirmou Paulo Hartung, presidente da entidade.
Expectativas para frutas, café e carne
O setor agroexportador agora acompanha a possibilidade de que os próximos beneficiados sejam frutas, café e carne, como adiantou Teixeira. Caso a previsão se confirme, o impacto poderá ser expressivo para a balança comercial, já que esses segmentos são estratégicos e responsáveis por boa parte da presença brasileira nos mercados internacionais.
Somente a celulose, nos oito primeiros meses de 2025, já rendeu US$ 6,9 bilhões em exportações, um crescimento de 1,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. A ampliação das exceções reduziria os prejuízos que os produtores vêm enfrentando desde o início da política tarifária norte-americana.
Diplomacia e política no centro do debate
Para o ministro, a recente decisão de Trump revela tanto pressões internas nos EUA quanto disputas políticas ligadas ao cenário brasileiro. O julgamento de Bolsonaro no STF segue em andamento e pode ter influência indireta sobre as negociações comerciais.
“O Judiciário brasileiro é livre nas suas decisões, ninguém interfere nas decisões”, destacou Teixeira, acrescentando que a tentativa de pressão não altera o curso do processo.
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