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Macron reconduz primeiro-ministro da França de volta ao cargo

Macron reconduz primeiro-ministro da França de volta ao cargo

O presidente francês Emmanuel Macron nomeou novamente Sébastien Lecornu como primeiro-ministro da França, poucos dias após o político ter deixado o cargo. A decisão foi vista como uma tentativa de restaurar a estabilidade e garantir apoio parlamentar suficiente para aprovar o orçamento de 2026, em meio à pior crise política que o país enfrenta em décadas.

Com 47 anos, Macron correu o risco de intensificar a ira de seus adversários ao optar por reconduzir um aliado próximo em vez de buscar um nome de consenso. Rivais argumentaram que a saída mais adequada seria a convocação de eleições legislativas antecipadas ou até mesmo a renúncia do presidente.

A principal missão de Lecornu será entregar ao parlamento um novo orçamento até segunda-feira. Em publicação no X (antigo Twitter), ele afirmou aceitar “por dever” a missão conferida pelo presidente. “Devemos pôr fim a esta crise política que exaspera o povo francês e a esta instabilidade que é prejudicial à imagem da França e aos seus interesses”, escreveu.

Primeiro-ministro da França: renúncia foi reflexo de crise política

Macron tentou construir apoio político ao convocar uma reunião com os principais líderes partidários, excluindo os extremos — o Rally Nacional (RN), de Marine Le Pen, e a França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon. A decisão gerou críticas. Jordan Bardella, presidente do RN, declarou que a estratégia de Macron visava apenas evitar novas eleições. “A RN se sente honrada por não ter sido convidada. Não estamos à venda para aqueles que cercam Macron”, afirmou nas redes sociais.

A crise política já causa reflexos econômicos. O presidente do Banco Central da França, François Villeroy de Galhau, estimou que a incerteza política reduziria em 0,2 ponto percentual o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “A incerteza é o inimigo número um do crescimento”, disse ele à rádio RTL.

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As dificuldades em torno do orçamento vêm pressionando o governo francês há meses. A França tenta equilibrar suas contas públicas e conter um déficit previsto em 5,4% do PIB neste ano, quase o dobro do limite estabelecido pela União Europeia. O objetivo é reduzir o déficit para 4,8% até 2026.

O impasse orçamentário também já custou caro ao governo: em menos de um ano, Macron perdeu três primeiros-ministros. O último deles, François Bayrou, foi destituído pela Assembleia Nacional após propor cortes de 44 bilhões de euros para reduzir o déficit.

Reformas previdenciárias

No cerne das negociações atuais está o embate sobre as reformas previdenciárias de 2023, que elevaram a idade mínima de aposentadoria e aumentaram a tributação sobre os mais ricos. A esquerda exige a revogação dessas medidas, enquanto os conservadores — cujo apoio Macron também precisa — rejeitam concessões amplas.

Durante a reunião com líderes partidários, Macron propôs adiar o aumento da idade de aposentadoria para 64 anos até 2028, mas a líder verde Marine Tondelier classificou o gesto como “insuficiente”.

Caso o parlamento não aprove o orçamento até o prazo estipulado, o governo poderá recorrer a uma legislação de emergência para manter as contas públicas operando em 2026 — cenário que reforçaria a percepção de fragilidade política e aprofundaria a crise institucional francesa.