O Banco Central divulgou nesta quinta-feira (28) o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), com as perspectivas até 2026.
As projeções de inflação permaneceram em 3,5%, 3,2% e 3,2% para 2024, 2025 e 2026, respectivamente, assim como no Relatório Trimestral anterior.

Vale dizer, a meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com tolerância, para cima ou para baixo, de 1,5 ponto porcentual – ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
Para 2024, as chances de a inflação superar o limite superior de tolerância da meta (4,5%) é de 19%. Para 2025 e 2026, a probabilidade é de 17%.

Uma maior inflação no resto do mundo e a inflação de serviços mais alta do que o esperado poderiam dificultar o controle da inflação, aponta o Banco Central no relatório.
Por outro lado, uma redução do crescimento econômico global e uma maior redução da inflação no mundo em virtude de políticas monetárias restritivas poderiam ajudar a reduzir a inflação no Brasil.
A autoridade monetária também destaca que o firme compromisso com as metas fiscais é fundamental para que as expectativas de inflação de prazos mais longos convirjam para a meta e assim auxiliem o processo de desinflação.
O BC volta a citar as preocupações com mercados de crédito e de trabalho e seus impactos na inflação, assim como o fez na ata da última decisão de política monetária:
“O mercado de crédito, que em 2023 registrou desaceleração, dá sinais de recuperação, com aumento das concessões e queda dos juros e da inadimplência. O mercado de trabalho tem mostrado dinamismo, destacando-se a retomada da queda da taxa de desocupação e o crescimento mais forte dos salários”, aponta o relatório.
Relatório Trimestral de Inflação: Projeções para o PIB
O Banco Central promoveu uma revisão da projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, de 1,7% para 1,9%.
A projeção para o PIB agropecuário passou de alta de 1% para recuo de 1%. A projeção para o PIB da indústria passou de 1,7% para 2,2%. E para serviços, de 1,9% para 2%.

Afirma o BC: “A economia brasileira cresceu 2,9% em 2023, bem acima do que se esperava no início do ano passado. O crescimento do PIB foi robusto no primeiro semestre, com importante contribuição do setor agropecuário. Mas no segundo semestre a economia desacelerou, como esperado. O mercado de trabalho mostra dinamismo maior que o esperado. O desemprego voltou a recuar enquanto os salários cresceram em ritmo mais elevado. O crédito desacelerou em 2023, mas dados recentes mostram sinais de melhora. No segundo semestre os juros recuaram, as concessões aumentaram, e a inadimplência recuou. A projeção de crescimento da economia brasileira em 2024 foi revisada de 1,7% para 1,9%. Projeta-se moderação do consumo das famílias e retomada dos investimentos”.
Novo corte previsto para a Selic
O Relatório também repetiu a ata do Copom ao afirmar que “espera-se redução na taxa Selic de 0,50 ponto percentual na próxima reunião”, o que indica taxa de juros a 10,25% em maio. Mas não houve mais indicações sobre os próximos passos.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, diz que o Relatório trouxe poucas novidades, apenas com ajuste fino para PIB de 2024.
“Não trouxe grandes novidades, mas teve mudança no PIB, aumentando a projeção de gastos do Governo e da taxa de investimento. Estes foram os principais destaques”, diz.
Mas é mais um ajuste fino do que efetivamente uma grande mudança de visão, tanto que não afetou o hiato do produto, que é o que entra nos modelos de projeções”.
Para inflação, as projeções se mantiveram, ligeiramente acima da meta. E para a taxa de juros, o Banco Central repetiu a ata do Copom, reforçando que o cenário-base não mudou, mas que há mais preocupações com inflação de serviços, mercado de trabalho e crescimento do crédito.
“Fica mantido nosso cenário de Selic a 9,25% este ano. Um cenário abaixo disso vai ficando cada vez mais difícil”, complementa.
Ouça o áudio na íntegra:
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