A recuperação judicial voltou ao centro das atenções no agronegócio brasileiro após o setor registrar um volume recorde de pedidos no terceiro trimestre de 2025 (3TRI25). De acordo com dados inéditos divulgados pela Serasa Experian, foram protocoladas 628 solicitações no período, número mais que duas vezes superior às 254 registradas no mesmo trimestre de 2024 e o maior patamar desde o início da série histórica, em 2021.
Segundo a pesquisa, o avanço expressivo dos pedidos de recuperação judicial reflete a deterioração do ambiente de crédito no campo, atingindo produtores rurais pessoas físicas e jurídicas, além de empresas ligadas à cadeia do agronegócio. Segundo a Serasa Experian, o movimento indica dificuldades crescentes para manutenção de fluxo de caixa e cumprimento de obrigações financeiras, especialmente entre agentes que vêm postergando ajustes estruturais e mantendo estratégias de expansão sem readequação de custos e endividamento.
Na análise regional, o Mato Grosso liderou a busca pela recuperação judicial no período, consolidando-se como o estado com maior número de pedidos. Goiás e Paraná também figuraram entre as unidades federativas com maior volume de solicitações, evidenciando que a pressão financeira se espalha por importantes polos do agronegócio nacional.
Pedidos de recuperção judicial entre produtores pessoa física sobem
Entre os produtores rurais que atuam como pessoa física, foram registrados 255 pedidos de recuperação judicial no terceiro trimestre de 2025, frente a 106 no mesmo intervalo do ano anterior. A maior parte das solicitações partiu de produtores arrendatários ou vinculados a grupos econômicos e familiares, que somaram 84 pedidos. Na sequência aparecem os grandes proprietários, com 69 registros, seguidos pelos pequenos produtores, com 58, e pelos médios, com 44 solicitações.
No segmento de pessoa jurídica, os produtores rurais acumularam 242 pedidos de recuperação judicial no trimestre, também em trajetória de crescimento anual. O cultivo de soja concentrou a maior parte das solicitações, com 156 registros, seguido pela criação de bovinos, que contabilizou 45 pedidos, reforçando a pressão sobre atividades diretamente expostas a custos elevados, volatilidade de preços e crédito mais restritivo.
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As empresas ligadas ao agronegócio também apresentaram aumento relevante na busca pelo instrumento legal. Ao todo, 131 companhias do setor ingressaram com pedidos de recuperação judicial no terceiro trimestre de 2025, frente a 56 no mesmo período de 2024. O destaque ficou para o comércio atacadista de produtos agropecuários primários, com 31 pedidos, seguido pela indústria de processamento de agroderivados, como óleo e farelo de soja, açúcar, etanol e laticínios, com 27, e pela agroindústria de transformação primária, com 25 solicitações.
Diante desse cenário, a Serasa Experian aponta que o uso de modelos preditivos de análise de crédito pode reduzir a exposição do mercado ao risco de recuperação judicial. A datatech destaca o Agro Score, ferramenta desenvolvida para avaliar a saúde financeira de produtores rurais, como um instrumento capaz de identificar sinais de instabilidade com antecedência de meses ou até anos. Estudos internos indicam que, em média, produtores que ingressaram com recuperação judicial apresentavam pontuações significativamente mais baixas até três anos antes do pedido formal, quando comparados àqueles que permaneceram adimplentes.
Segundo a Serasa Experian, a ampliação do uso de inteligência de dados na concessão de crédito tende a permitir ajustes mais precisos de limites, antecipação de riscos e redução da inadimplência, contribuindo para maior previsibilidade financeira e sustentabilidade de toda a cadeia do agronegócio em um contexto de crédito mais seletivo e custos elevados.
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