A atividade econômica brasileira registrou queda em outubro, reforçando os sinais de desaceleração da economia em meio à política monetária restritiva. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado um termômetro do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,2% na comparação com setembro, segundo dados dessazonalizados divulgados pelo BC nesta segunda-feira (15).
Esse foi o segundo recuo consecutivo do indicador. Em setembro, o IBC-Br já havia apresentado retração de 0,19%, dado revisado pelo Banco Central após a divulgação inicial de queda de 0,20%. O resultado contrariou as expectativas do mercado, que projetava alta de 0,1%, conforme pesquisa da Reuters.
O desempenho amplia o debate sobre os rumos da política monetária. Para Matheus Pizzanim, economista do PicPay, o resultado vai na direção oposta a um dos principais pontos do último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que ainda indicava um ritmo de crescimento considerado positivo para a economia.
Na semana passada, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano e não sinalizou quando poderá iniciar um ciclo de cortes nos juros. A autoridade monetária reforçou que a manutenção dos juros em patamar elevado por um período prolongado é necessária para garantir a convergência da inflação à meta.
Atividade econômica mostra desaceleração disseminada entre os setores
A abertura dos dados revelou que, em outubro, apenas a agropecuária apresentou resultado positivo, com alta de 3,1% em relação a setembro. A indústria registrou retração de 0,7%, enquanto o setor de serviços recuou 0,2%. Excluindo a agropecuária, o IBC-Br teve queda de 0,3%.
Os números do Banco Central contrastam com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, as vendas do varejo surpreenderam positivamente e avançaram 0,5% sobre setembro, atingindo o maior nível em sete meses.
A produção industrial também teve leve alta, de 0,1%, embora abaixo das expectativas, enquanto o volume de serviços cresceu 0,3%, acima das projeções do mercado.
Na comparação com outubro do ano anterior, o IBC-Br apresentou alta de 0,4%. Já no acumulado em 12 meses, o indicador passou a registrar crescimento de 2,5%, segundo dados não dessazonalizados.
Na avaliação prospectiva de Pizzanim, desconsiderando impulsos pontuais associados a fatores sazonais, o desempenho observado em outubro tende a se repetir nos últimos meses do ano, consolidando um cenário de acomodação da atividade econômica.
Segundo ele, a indústria, especialmente o segmento de transformação, deve seguir em trajetória lateral, enquanto segmentos do setor de serviços mais sensíveis ao ciclo econômico devem aprofundar o processo de desaceleração.






