O Banco Central do Brasil, em seu Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (19), elevou para 50% a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância em 2025. A revisão reflete um cenário de pressões econômicas internas e externas, que continuam a desafiar a convergência para a meta de 3%.
Relatório Trimestral de Inflação: cenário atual de inflação
De acordo com o relatório, as projeções indicam inflação acumulada de 4,9% em 2024, valor acima do limite de tolerância de 4,50% (meta de 3% mais 1,5 ponto porcentual de tolerância).
Para 2025, a inflação projetada é de 4,5%, também superior à meta, mas dentro do intervalo de tolerância. O índice tende a retornar à trajetória de declínio apenas em 2026, com expectativa de 3,6%, quando finalmente se aproximaria do patamar desejado.
Essa deterioração ocorre em um contexto de persistente aquecimento da economia doméstica, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado.
Além disso, fatores como a pressão nos preços dos alimentos, a depreciação cambial e o aquecimento do mercado de trabalho têm contribuído para manter os índices inflacionários elevados. Em novembro, a inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA, subiu para 4,87%, surpreendendo positivamente em 0,44 ponto percentual em relação ao cenário projetado no relatório anterior.

Probabilidade de superação da meta
Os intervalos de probabilidade apresentados pelo Banco Central indicam uma escalada preocupante. Para 2024, a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite de tolerância chegou a quase 100%. Em 2025, esse risco aumentou de 28% para 50%, na comparação com o relatório anterior, enquanto, para 2026, subiu de 19% para 26%.
Esses números refletem não apenas a dificuldade de controlar os choques de oferta e demanda, mas também a cautela necessária frente às incertezas no ambiente global. Nos Estados Unidos, dúvidas persistem sobre o ritmo de desaceleração econômica e a postura do Federal Reserve diante das pressões nos mercados de trabalho e de inflação.

Impactos no crescimento econômico
Apesar do ambiente inflacionário desafiador, as projeções para o crescimento do PIB continuam a ser revisadas para cima. Para 2024, espera-se uma expansão de 3,5%, enquanto para 2025 a expectativa passou de 2% para 2,1%. Esse crescimento moderado é impulsionado por setores como a agropecuária, que se beneficia de uma safra de grãos ampliada, e pelo impacto do desempenho acima do esperado em 2023.
Desafios apontados pelo Banco Central
O Banco Central destaca que a política monetária continuará desempenhando um papel crucial na tentativa de trazer a inflação para a meta nos próximos anos. No entanto, fatores como o menor impulso fiscal e as condições externas adversas deverão limitar o ritmo de convergência.
Com as expectativas de inflação da pesquisa Focus se deteriorando, sobretudo para 2025 e 2026, o cenário requer atenção redobrada para evitar um descolamento ainda maior das metas estabelecidas, garantindo um ambiente econômico mais estável e previsível.
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