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Quais os impactos de Trump na economia do Brasil?

Quais os impactos de Trump na economia do Brasil?

A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, com propostas protecionistas e medidas focadas na economia doméstica, já está gerando reflexos no mundo, incluindo o Brasil. 

Especialistas apontam que as ações do novo governo norte-americano devem intensificar a volatilidade nos mercados, afetar o comércio internacional e criar desafios para países emergentes como o Brasil.

Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, avalia que o início do governo Trump já está alinhado às expectativas geradas durante a campanha. Segundo ele, as medidas iniciais, como o endurecimento na política migratória e as tarifas comerciais, podem ter impactos diretos e indiretos na economia mundial. 

O que temos visto é muito parecido com o que se imaginava inicialmente, especialmente na questão de imigração, onde o governo já anunciou medidas como o fechamento da fronteira e a expulsão de imigrantes”, destaca Kautz.

Essa política migratória restritiva, observa o economista, pode gerar efeitos rápidos nos EUA, como pressão inflacionária e problemas na formação de mão de obra. “É importante ficar atento se isso pode gerar alguma inflação mais à frente, já que a oferta de trabalhadores pode ser afetada”, acrescenta.

O protecionismo e os reflexos no Brasil

O protecionismo comercial de Trump, um dos pilares do novo governo, também preocupa. 

Tarifas de importação direcionadas a países como México, Canadá e China já foram sinalizadas, embora sem datas firmes. Ainda assim, Kautz ressalta que essas medidas podem ter um efeito global relevante, inclusive no Brasil.

Trump abriu uma investigação para identificar países com superávits comerciais muito grandes em relação aos EUA e justificar ações protecionistas. Esse processo pode levar tempo, mas vir com um embasamento técnico maior, o que tornaria os efeitos ainda mais significativos no futuro”, explica o economista.

No Brasil, o impacto das políticas protecionistas pode ser sentido em setores como o agronegócio, que compete diretamente com os Estados Unidos em exportações para a China. 

A EQI Research alerta que, caso o conflito comercial entre EUA e China se intensifique, o Brasil pode ser beneficiado no curto prazo, mas o dólar forte e uma postura mais agressiva dos EUA podem prejudicar a competitividade brasileira.

Dólar forte e a volatilidade

A valorização do dólar é outro reflexo esperado do governo Trump. 

Para a EQI Research, as políticas norte-americanas de manutenção de juros elevados e estímulos internos devem sustentar a força da moeda americana, o que tende a pressionar economias emergentes como o Brasil.

O dólar se apresenta como uma exposição defensiva importante neste cenário, ajudando a proteger patrimônios contra riscos locais, como a instabilidade política e econômica, o risco fiscal elevado e a volatilidade cambial no Brasil”, analisa a equipe da EQI Research.

Além disso, os analistas da casa de análises da EQI enfatizam que um dólar forte eleva a pressão inflacionária no Brasil, já que o país depende de insumos importados. “Isso também pode dificultar a entrada de investimentos estrangeiros na bolsa brasileira, agravando ainda mais o quadro de fluxo negativo que vimos em 2024”, alerta a EQI Research. 

Os dados mais recentes sobre o fluxo estrangeiro na B3 ($B3SA3) em 2024 revelam uma saída acumulada de R$ 23,7 bilhões, o pior saldo desde 2019.

Um mercado mais volátil

O retorno de Trump à Casa Branca também é acompanhado de uma alta volatilidade nos mercados. Segundo Kautz, isso ocorre porque o novo governo adota uma postura de constantes anúncios e mudanças de direcionamento, que afetam diferentes setores.

Trump anuncia algo, o mercado cai. Depois anuncia outra coisa, o mercado sobe. Um setor vai bem, outro vai mal. Essa volatilidade nos preços dos ativos, gerada por medidas ou mesmo boatos, deve fazer com que o mercado permaneça bastante volátil neste início de governo e provavelmente durante a primeira metade do mandato”, avalia Kautz.

O economista-chefe reforça esse ponto, destacando que o cenário atual exige cautela dos investidores, com maior foco na diversificação. “Posições e convicções muito grandes são difíceis neste momento. É preciso pensar em posições menores e mais diversificadas para não ser pego pela volatilidade dos mercados”, recomenda.

Impactos no Brasil: desafios e oportunidades

Para o Brasil, o novo governo Trump apresenta desafios consideráveis. Entre os principais, está o risco de desaceleração da economia chinesa em função de um possível embate comercial mais intenso com os EUA. Como a China é o maior parceiro comercial do Brasil, qualquer retração chinesa afeta diretamente as exportações brasileiras de commodities.

Outro ponto crítico é o cenário fiscal doméstico. Mesmo após o anúncio de um pacote fiscal considerado decepcionante, o governo brasileiro enfrenta dificuldades em reduzir gastos e controlar o aumento da dívida pública. “Sinais de dificuldades em reduzir despesas, somados ao aumento de gastos fora do orçamento, têm intensificado as preocupações do mercado sobre a sustentabilidade da trajetória da dívida pública brasileira”, alerta a EQI Research.

Diante desse contexto, a EQI recomenda maior exposição internacional nos portfólios de investimentos, ampliando o percentual de 10% para 15%. “Essa alocação internacional é essencial para mitigar riscos associados à economia doméstica e aproveitar oportunidades em mercados menos impactados pelo cenário fiscal brasileiro”, aponta o relatório da equipe.

Uma conjuntura de incertezas

No geral, a gestão de Donald Trump representa um ambiente de incertezas para o mercado global, com impactos diretos e indiretos no Brasil. Como observa Kautz, o governo norte-americano deve “entregar muito mais do que prometeu”, mas a intensidade e a velocidade das ações ainda são incertas.

O que vale ressaltar é que há muito barulho e ruído, mas na direção do que se esperava. Isso sugere a continuidade de um dólar forte, uma preocupação com o fiscal para frente e dúvidas sobre os ativos e como eles vão performar daqui para frente”, conclui Stephan Kautz.

Para investidores brasileiros, a recomendação é clara: diversificação e cautela. O momento pede estratégias bem planejadas, com menor exposição a ativos de alta volatilidade e maior foco em proteção patrimonial.

Ouça a análise completa do Stephan Kautz na íntegra:

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