A produção industrial recuou 0,9% em maio, conforme dados divulgados nesta quarta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da queda, o resultado superou a estimativa do mercado, que esperava uma retração de 1,5% no mês.
Foi o segundo mês consecutivo de queda, acumulando uma perda de 1,7% nesse período. Com isso, o setor anulou o ganho de 1,1% obtido entre fevereiro e março deste ano.
O gerente da Pesquisa Industrial Mensal, André Macedo, afirma que a queda neste mês reflete as chuvas no Rio Grande do Sul. Segundo ele, o impacto foi maior localmente, mas também influenciou os números nacionais.
“Em maio, houve predominância de resultados negativos de forma geral, com queda na margem e na comparação com maio do ano anterior, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores. Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e um dos fatores que explicam esse resultado são as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo.

Produção industrial: 16 atividades recuaram em maio
Das 25 atividades investigadas pela pesquisa, 16 registraram queda em maio. As duas maiores influências negativas no resultado geral da indústria foram veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%). De acordo com Macedo, ambos os setores foram impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
“No setor de veículos automotores, houve o impacto direto e indireto das plantas industriais locais que paralisaram durante um tempo. Nesse período, tanto a montadora de veículos quanto as fábricas de autopeças registraram paralisações em suas produções em decorrência das chuvas e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no resto do país”, explicou.
No caso de produtos alimentícios, maio foi o segundo mês seguido de queda, acumulando perda de 4,7% no período. “A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, destaca André. A atividade de produtos alimentícios responde por cerca de 15% da produção industrial do país.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Impactos positivos
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria vieram das indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). “Esses dois segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria. O crescimento do setor extrativo ocorreu após uma queda no mês anterior, beneficiando-se de uma base de comparação mais baixa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, petróleo e minério de ferro”, explica o gerente.
Com o resultado positivo de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, houve um ganho acumulado de 3,1% no ano nessa atividade. “O avanço desse setor em maio compensou parte da perda acumulada nos cinco meses anteriores (-4,2%). Entre os produtos desse segmento, apenas o álcool teve resultado negativo neste mês, influenciado pelo processamento da cana-de-açúcar”, explica André.
As demais atividades com resultados positivos foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%).
Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%).
Produção Industrial: entenda a pesquisa
A Pesquisa Industrial Mensal Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 sobre o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.
A partir de março de 2023, iniciou-se a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após uma reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes. A próxima divulgação, relativa a junho de 2024, será em 2 de agosto.
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