A produção industrial recuou 0,5% na passagem de março para abril, interrompendo uma sequência de dois meses consecutivos de crescimento, que acumularam uma expansão de 1%. A expectativa do mercado era por queda de 0,2%. Com esses resultados, o setor ainda se encontra 0,1% abaixo do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 16,8% abaixo do recorde alcançado em maio de 2011.
No acumulado do ano, o setor industrial cresceu 3,5%. Em comparação com abril de 2023, houve um avanço de 8,4%. Nos últimos 12 meses, a indústria acumula uma expansão de 1,5%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta quarta-feira (5) pelo IBGE.
Apesar da retração na taxa geral da indústria, predominaram os resultados positivos, com três das quatro categorias econômicas e 18 dos 25 ramos industriais registrando crescimento na produção.

Produção industrial recua: indústrias extrativas pesam no indicador
Entre as atividades, a maior influência negativa veio das indústrias extrativas, que recuaram 3,4% no mês, após avançarem 0,4% em março. Outras contribuições negativas significativas vieram dos produtos alimentícios (-0,6%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%), e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,6%).
“Entre os segmentos que mostraram queda na produção, alguns têm pesos importantes, como o setor extrativo, que recuou 3,4% devido à redução na produção de minério de ferro e petróleo, além do setor de alimentos, que caiu 0,6% em abril. Esses dois setores representam cerca de 30% da estrutura industrial”, diz André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal.
Outras atividades importantes também apresentaram taxas negativas no mês, como derivados de petróleo e biocombustíveis e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. “Mesmo com poucas atividades registrando queda, essas, devido ao seu peso, pressionam o total da indústria para o campo negativo”, ele complementa.
Macedo ressalta que o setor extrativo ainda possui um saldo positivo relevante nos últimos meses e está acima do patamar pré-pandemia. Assim, 2024 começou com menor intensidade, após um 2023 caracterizado pelo crescimento do setor, impulsionado pela maior extração de minério de ferro e petróleo.
“O setor de alimentos também teve um bom desempenho em 2023. No curto prazo, em janeiro e fevereiro, cresceu acumuladamente 1,2%. Apesar da queda de 0,6% em abril, o saldo no ano ainda é positivo, e o setor está 6,9% acima do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020. Houve quedas em alguns produtos importantes, como carne bovina, mas trata-se de um movimento específico de abril. No campo positivo, houve crescimento em carnes de aves e suínos, além do açúcar”, explica.
Indústria automobilística é destaque positivo
No campo positivo, o destaque é a indústria automobilística. Macedo ressalta que o segmento já vinha melhorando, exceto no mês anterior, quando houve um recuo de 4,6%. Nos outros meses de 2024, houve altas de 4,4% em janeiro, 3,5% em fevereiro e, agora em abril, um aumento de dois dígitos, 13,2%.
“Há uma melhora na produção recente de automóveis, caminhões, autopeças e ônibus. Esse movimento está relacionado ao mercado doméstico, influenciado pelo comportamento positivo do mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e aumento da massa de rendimentos; flexibilização da política monetária com redução da taxa de juros; e queda da inadimplência. Esses são fatores importantes que devem ser considerados para entender o maior dinamismo na produção do setor de veículos automotores nos últimos meses. Mas vale ressaltar que o setor ainda está abaixo do patamar pré-pandemia”, completa Macedo.
Indústria avança 8,4% frente a abril de 2023
Em comparação com abril de 2023, o setor industrial cresceu 8,4% em abril de 2024, com resultados positivos em todas as quatro grandes categorias econômicas, 22 dos 25 ramos, 68 dos 80 grupos e 70,3% dos 789 produtos pesquisados. Vale mencionar que abril de 2024 (22 dias) teve quatro dias úteis a mais do que o mesmo mês do ano anterior (18).
No fechamento do primeiro quadrimestre, o setor industrial avançou 3,5%, em comparação a uma queda de 1,0% no mesmo período de 2023. Destaca-se que o último quadrimestre de 2023 havia crescido 1,0%.
“O acumulado do ano, além de estar no campo positivo, mostra uma aceleração no crescimento de forma generalizada: bens de capital, associados a investimentos, estão crescendo; bens de consumo avançando; e bens intermediários, que concentram a matéria-prima, também mostrando taxa positiva. Comparando o último quadrimestre de 2023 com o primeiro de 2024, podemos verificar esse maior dinamismo da produção industrial”, conclui Macedo.
Produção Industrial: entenda a pesquisa
A Pesquisa Industrial Mensal Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 sobre o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.
A partir de março de 2023, iniciou-se a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após uma reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes. A próxima divulgação, relativa a maio de 2024, será em 3 de julho.
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