O Parlamento do Japão convocou Kazuo Ueda, presidente do Banco do Japão (BoJ), para participar de sessões especiais na próxima semana, com o objetivo de discutir a recente decisão da autoridade monetária de elevar a taxa de juros do país.
A convocação ocorre em resposta à surpreendente decisão de aumentar os juros para o nível mais alto em 15 anos, anunciada no dia 31 de julho. As sessões ocorrerão em 23 de agosto e serão realizadas pelos comitês financeiros das câmaras alta e baixa do Parlamento.
A última decisão do Banco do Japão provocou uma agitação significativa nos mercados financeiros, especialmente após a sinalização de que mais aumentos nos juros podem ocorrer, caso a inflação continue se aproximando da meta de 2%.
O impacto da medida foi exacerbado por temores de recessão nos Estados Unidos, resultando na maior queda (12%) do índice Nikkei desde a chamada “Segunda-feira Negra de 1987” (Black Monday). As perdas nos mercados levaram autoridades governamentais e partidos de oposição a solicitar a presença de Ueda para explicar as motivações e as futuras direções da política monetária.
Reversão das operações de carry trade
A recente decisão do Banco do Japão desencadeou uma reversão significativa nas operações de carry trade. Esse tipo de operação envolve tomar emprestado em uma moeda com juros baixos, como o iene japonês, e investir em ativos que oferecem maiores rendimentos. A estratégia era popular nos últimos anos devido à expectativa de que o iene permaneceria barato e as taxas de juros no Japão, baixas.
Contudo, com o aumento das taxas de juros, o iene se valorizou, provocando uma liquidação dramática nos mercados globais.
Economistas e analistas estão agora avaliando o impacto dessa reversão. Richard Kelly, chefe de estratégia global da TD Securities, expressou ceticismo sobre a ideia de que o carry trade tenha chegado ao fim. Segundo Kelly afirmou à CNBC, ainda há muitos fatores a serem considerados, incluindo a desvalorização estrutural do iene e as implicações futuras das políticas monetárias dos principais bancos centrais.
Alguns analistas estimam que o carry trade do iene pode envolver até US$ 4 trilhões, enquanto outros, como a TS Lombard, calculam que os investidores possam precisar de até US$ 1,1 trilhão para liquidar empréstimos relacionados.
Analistas do Barclays indicam que a pressão de venda sistemática nos mercados pode continuar, e que é cedo para avaliar a totalidade do impacto sobre os carry trades. Eles alertam que a volatilidade elevada pode persistir e continuar a afetar negativamente os mercados emergentes.
Apesar disso, outros analistas acreditam que a maior parte da perturbação imediata do carry trade pode já ter sido absorvida. Jonas Goltermann, vice-economista-chefe de mercados da Capital Economics, sugere que a interrupção do carry trade foi mais uma fase temporária e prevê que o iene manterá seus ganhos recentes e pode até se valorizar ainda mais nos próximos meses.
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