A atividade em Israel vem sido prejudicada desde o início de outubro, com a guerra entre o país e o Hamas. Empresas israelenses – pequenos restaurantes até firmas de alta tecnologia – estão sendo impactadas por fechamentos que abalam a economia de US$ 520 bilhões. Com isso, o mercado prevê que a economia israelense encolherá 11% neste trimestre em termos anuais.
O impacto chega a ser comparado ao da pandemia da covid-19, uma vez que escolas, escritórios e canteiros de obras estão vazios ou abrem apenas algumas horas por dia.
Israel mobilizou cerca de 350 mil reservistas para a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, o que drenou cerca de 8% da força de trabalho.
As convocações militares e a paralisação parcial da economia provocaram uma queda repentina na atividade e trouxeram reviravoltas para quase todos os setores.
O banco Mizrahi-Tefahot, um dos principais de Israel, diz que está custando ao governo o equivalente a US$ 2,5 bilhões por mês. O banco central de Israel diz que o impacto deve piorar à medida que o conflito durar mais tempo.
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No mercado financeiro, as ações israelenses são as de pior desempenho no mundo desde o início dos combates. O índice referencial do mercado acionário de Tel Aviv caiu 15% em dólares – o equivalente a quase US$ 25 bilhões.
Já o câmbio local atingiu sua pior cotação desde 2012. O banco central do país anunciou um pacote sem precedentes de US$ 45 bilhões para defender a moeda, mas o shekel ruma a seu pior desempenho anual neste século.
Israel: pior conflito armado nos últimos 50 anos
Analistas do JPMorgan Chase & Co. projetam que o Produto Interno Bruto (PIB) de Israel deve recuar 11% neste trimestre em termos anuais.
Conflitos recentes de Israel, como o de 2006 com o Hezbollah, do Líbano, e outro com o Hamas em 2014, que durou cerca de sete semanas e incluiu um ataque terrestre a Gaza, “mal afetaram a atividade”, segundo analistas do banco.
A guerra atual, no entanto, “teve um impacto muito maior na segurança interna e na confiança.”
A guerra testará a resistência de Israel até seus limites, inclusive no campo fiscal. O próprio governo do país disse que os déficits fiscais podem mais do que dobrar em 2023 e 2024, em relação às previsões anteriores.
As agências avaliadoras de risco de crédito S&P Global Ratings, Moody’s Investors Service e Fitch Ratings emitiram alertas sobre a perspectiva dos títulos de dívida do país, o que os aproxima de um possível rebaixamento de nota.
Os gastos das famílias desabaram, causando grande impacto no setor de consumo, que representa cerca de metade do PIB. O consumo privado caiu mais de 30% nos dias seguintes ao início da guerra, em relação a uma semana média de 2023.
Este é o pior conflito armado nos últimos 50 anos para Israel, em uma economia que vinha sendo impulsionada nos últimos 20 anos por exportações de tecnologia e descobertas de gás natural.