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Perspectivas para as taxas de juros: um olho aqui e outro lá fora

Perspectivas para as taxas de juros: um olho aqui e outro lá fora

A semana foi marcada por dois eventos relevantes, nos EUA e no Brasil, relativos às perspectivas para as taxas de juros. As reuniões dos respectivos bancos centrais irão ocorrer em setembro e uma discrepância sobre as decisões surgiu nas últimas semanas.

Lá fora, as discussões oscilam ao redor da magnitude e velocidade de redução na taxa de juros. Enquanto isso, aqui no Brasil as sinalizações recentes do Banco Central são na direção de possibilidade de alta na taxa Selic, de maneira a convergir a inflação para a meta de 3%.

Perspectivas para as taxas de juros nos EUA

Nos EUA, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Fomc) trouxe a indicação de que diversos membros já observavam uma melhora na inflação e deterioração no mercado de trabalho, condizentes com o início de um ciclo de cortes de juros.

Assim, em setembro, essa perspectiva se torna ainda mais presente, visto que a inflação divulgada recentemente mostrou nova rodada de dados benignos. No lado do mercado de trabalho, a taxa de desemprego subiu para 4,3%, de 4,1%, acima do esperado pelo mercado e pelo próprio Banco Central Americano (Fed).

Finalmente, em discurso nesta sexta-feira (23), o presidente do Fed, Jerome Powell, solidificou essa possibilidade ao afirmar que “a hora chegou”. Com isso, em setembro, o Fed deve reduzir a taxa de juros, dos atuais 5,5% para 5,25%, e continuar com esse ciclo ao longo dos próximos meses. Ainda entendemos que esse processo será cauteloso, de maneira que a taxa básica alcance 4% ao longo de 2025.

E no Brasil?

Já no Brasil, a taxa Selic permanece em 10,5%, mas as expectativas de inflação permanecem acima da meta e com as projeções do próprio banco central oscilando acima do patamar de 3%.

Com a proximidade da troca de mandatário (ao final do ano), surgiram dúvidas sobre os próximos passos da autoridade monetária. A ata da última reunião do Copom trouxe dois cenários possíveis:

  1. manutenção da taxa atual por um longo período, ou
  2. uma alta de juros

Diversos membros do Banco Central vieram a público explicar suas visões, indicando que ainda não há uma conclusão sobre a próxima reunião (18 de setembro) e que dependerá de combinação de resultados das expectativas de inflação com taxa de câmbio. Nosso cenário base, na EQI Asset, permanece de juros estáveis, mas a possibilidade de que a taxa Selic alcance 11,5% ao final do ano aumentou.

O que a discrepância nas perspectivas quer dizer?

Essa discrepância nas perspectivas para a taxa de juros deve levar a uma reação nos preços de ativos, especialmente na taxa de câmbio.

O diferencial de juros entre Brasil e EUA deve levar o real a apreciar em relação ao dólar, buscando patamares próximos de R$ 5,4, que é nossa projeção para o final do ano.

Além disso, a bolsa brasileira pode se beneficiar do ciclo de cortes de juros nos EUA, ao atrair fluxos de investimentos estrangeiros, dado que entendemos que os preços domésticos estão baratos.

Finalmente, a curva de juros doméstica deve reagir, reduzindo o risco de inflação mais alta nos próximos anos.

Assim, os investidores e poupadores deverão permanecer atentos ao noticiário doméstico e externo para definir suas alocações de risco, um exercício que deve se tornar mais comum nos próximos meses, à medida que a eleição americana se aproxima e tem potencial de mexer novamente com os preços de mercado. Mas esse será tema de uma próxima coluna!

Por Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset