O setor de serviços brasileiro avançou 0,3% em junho de 2025 na comparação com o mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Esse é o quinto resultado positivo consecutivo, acumulando crescimento de 2% desde fevereiro e renovando o ponto mais alto da série histórica, 18% acima do patamar pré-pandemia.
O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo desempenho do segmento de transportes, que apresentou a única taxa positiva entre as atividades pesquisadas, com alta de 1,5%. Dentro desse grupo, tanto o transporte de cargas quanto o aéreo de passageiros registraram avanços.
A queda no preço das passagens aéreas nos últimos meses favoreceu as empresas do setor, enquanto o transporte de cargas refletiu o maior dinamismo econômico, especialmente no escoamento de safras e no transporte de insumos industriais.

Setores em queda e comportamento regional
Apesar do desempenho positivo geral, outros segmentos do setor de serviços recuaram em junho. Houve perdas em “outros serviços” (-1,3%) e nos serviços prestados às famílias (-1,4%). Informação e comunicação (-0,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,1%) também registraram leves quedas.
Regionalmente, 11 das 27 unidades da federação acompanharam a alta nacional, com destaque para Distrito Federal (2,3%) e Paraná (0,8%). No acumulado de janeiro a junho, o setor registra alta de 2,5%, puxada por informação e comunicação (6,2%) e transportes (1,7%).
Turismo e transporte: altas e quedas no mês
As atividades turísticas caíram 0,9% em junho, acumulando perda de 1,3% em dois meses. Minas Gerais (-4,2%) e Santa Catarina (-3,6%) tiveram os maiores recuos, enquanto São Paulo (0,6%) e Distrito Federal (3,4%) registraram altas.
Já no transporte, o de passageiros cresceu 2,1% e o de cargas 0,7%. No comparativo anual, o transporte de passageiros avançou 10,4%, enquanto o de cargas subiu 0,4%.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o resultado da pesquisa do setor de serviços veio acima do esperado, mas sem sinais consistentes de força. O índice registrou alta de 0,3% frente ao consenso de estabilidade.
“O dado cheio surpreendeu positivamente, mas, quando olhamos a abertura, o quadro é menos favorável”, avaliou. Segundo ele, o segmento de serviços prestados às famílias — que tem peso relevante no PIB — recuou 1,4% no mês, uma queda expressiva.
Kautz destacou que outros componentes também não apresentaram avanços significativos, com exceção do transporte, que vinha mostrando fraqueza nos resultados anteriores. “A abertura não dá muito conforto para dizer que o setor esteja em trajetória positiva”, observou.
Diante disso, o economista mantém a visão de que a economia mostra sinais de desaceleração mais fortes do que o previsto inicialmente. “O PIB do segundo trimestre deve ficar mais próximo de 0,2% ou até zerar, o que traz um viés de baixa para o restante do ano”, afirmou. Ele acrescentou que a intensidade dessa perda de fôlego dependerá dos próximos resultados.
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