Em 2021, o CEO da BlackRock (BLACK34), Larry Fink, avisou que o processo inflacionário que já começava a cercar os Estados Unidos, seria um fenômeno pronto para dar muita dor de cabeça.
Na época, o executivo avisou que os norte-americanos teriam de se preparar para aguentar um período de inflação muito alta. E agora os investidores se perguntam: economia dos Estados Unidos o que acontece?
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O aviso dado, porém, foi recebido com certo ceticismo pelo Federal Reserve (Fed), o banco central daquele país. Na mesma época em que Fink fez sua declaração em julho de 2021, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a inflação não passaria de um evento passageiro.
Porém, alguns meses depois, o quadro piorou e Powell teve de admitir: a inflação era, na verdade, uma “ameaça persistente”.
Ainda assim, a autoridade monetária daquele país só começou a subir os juros em 2022.
Em setembro, o Fed promoveu o quinto aumento seguido nos juros, de 0,75 ponto porcentual, elevando a taxa daquele país ao intervalo de 3% a 3,25%.
Isso significa que esse é o maior patamar para os juros do país desde 2008.
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O grande objetivo do Fed, agora, é levar a inflação do país de volta para o patamar de 2%, considerada aceitável pela autoridade monetária norte-americana. Powell já reiterou a necessidade de combater o processo inflacionário a qualquer custo.
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Ele já disse que a autoridade monetária que comanda está tentando evitar “custos sociais muito altos” e que o país entre em recessão com as medidas. Porém, salienta que, para reduzir a inflação, hoje em patamar de 8,5% ao ano, é fundamental evitar que a população se acostume a um cenário de alta constante de preços.
“Posso assegurar que meus colegas e eu estamos fortemente comprometidos com o projeto de redução da inflação e que seguiremos assim até que o trabalho esteja feito”, afirmou o executivo em evento no mês de setembro, em Washington.

Mas o fato é que os dados não são nada animadores por lá. Os mais recentes dados mostram que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) na economia dos Estados Unidos subiu 0,4% em setembro, ante expectativa de alta de 0,2%. Na base anual, subiu 8,2% ante perspectiva de 8,1%.
Em agosto, o CPI havia subido 0,1% no mês e 8,3% no ano, enquanto o núcleo do indicador cresceu 0,6% em setembro, ante expectativa de alta de 0,4% no período.
Ou seja: o Fed está buscando fazer a sua parte, mas parece que, ainda assim, o remédio parece estar surtindo pouco efeito.
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Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, avaliou que o Fed deve continuar a subir a taxa de juros para patamar próximo de 4,5%, com viés de alta. Ele aponta que, para a reunião de novembro, uma alta de 0,75 pontos-base deve ocorrer, tendo como base para a projeção os comentários recentes de membros da diretoria do Fed, bem como o CPI divulgado em 13 de outubro, que veio com pressão altista em serviços justamente o setor que tende a ser mais resiliente.
“O CPI voltou a bater recorde, tendo o novamente o nível mais alto em 40 anos, e ficando muito acima do nível aceitável pelo Fed, que é de 2%. Em paralelo, o Fed continua a sinalizar mais aumento de juros”, comentou.
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Kautz afirmou ainda, sobre os efeitos dos aumentos dos juros, que estudos realizados pelo Fed nos últimos anos indicam “lags” variáveis para o impacto da política monetária na inflação. Lembrando que o “caminho” da taxa de juros na economia passa pela atividade primeiro e depois pela inflação.
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“Deveríamos observar a atividade sofrer as consequências da alta de juros e, depois, os preços começarem a ser reduzidos. Vale lembrar que o mercado de trabalho americano continua muito forte, com geração de vagas de emprego e queda na taxa de desemprego”, pontua.
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Economia dos Estados Unidos: altas de salários é risco latente
Portanto, nesse ambiente, há o risco latente de altas salariais acima da inflação, conforme explicou o economista-chefe da EQI Asset. Ele avaliou ainda que os “lags” variáveis oscilam entre 12 a 24 meses de efeito na inflação.
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Como o Fed começou a subir a taxa básica em março deste ano, então é possível que os efeitos somente comecem a aparecer de maneira mais sistemática a partir do segundo trimestre do ano que vem.

Kautz avalia que o Federal Reserve tem cumprido o papel no que diz respeito ao combate à inflação. Isso é possível de ser percebido com a aceleração nas altas dos juros.
“Segundo nossos modelos próprios, uma taxa de juros básica entre 4,5% e 5% seria suficiente para trazer a inflação de volta para próximo da meta. Acreditamos que a convergência ocorrerá somente em 2024, mas que, ao final de 2023, já devemos observar uma inflação entre 2,5% e 3%, próximo da meta explícita de 2%”, afirma.
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Economia dos Estados Unidos: quais os impactos no Brasil?
Com certeza, a questão inflacionária na economia dos Estados Unidos trará efeitos ao mercado brasileiro. Um dos efeitos é a apreciação adicional do dólar frente ao real, sem contar que o movimento de juros mais altos por lá se refletiria em uma pressão inflacionária no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
“Uma alta de juros mais forte pelo Fed poderia levar a um redirecionamento dos fluxos de capitais para os Estados Unidos, em busca de taxas de juros mais altas. Esse movimento levaria a uma apreciação adicional do dólar e pressionaria a inflação ao redor do mundo.
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Essa dinâmica atrapalharia o trabalho realizado pelo nosso Banco Central”, explica Kautz.
No entanto, o risco de o Fed ficar ainda mais “atrás” da inflação e ter que implementar um choque de juros mais forte parece ser um movimento que pode estar diminuindo.
“Vale lembrar, que não é só o Fed que está subindo os juros. Já foram mais de 90 bancos centrais aumentando taxas em 2022. Esse aperto monetário gerará um crescimento global menor, dificultando a tarefa da economia brasileira em manter o bom momento de crescimento observado no 1º semestre de 2022”, ressalta Kautz.
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Com relação à projeção de juros para economia dos Estados Unidos: neste ano e para 2023, o economista espera que os Fed Funds para este ano atinjam 4,5% (porém, com mais uma alta de 0,25 ponto em fevereiro do ano que vem 23, elevando a taxa básica final para 4,75%), enquanto para o final 2023 ele projeta dois cortes de 0,25 ponto, com redução do Fed Funds para 4,25%.
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