Um apagão de grandes proporções atingiu partes da Europa na última segunda-feira (28), interrompendo serviços essenciais e lançando milhões de pessoas em um cenário de incerteza. A origem da queda repentina no fornecimento de energia ainda permanece indefinida, e a ausência de explicações oficiais aumentou o sentimento de insegurança entre os moradores das áreas afetadas.
A interrupção teve início por volta das 12h30 no horário local (7h30 no horário de Brasília) e atingiu fortemente a Península Ibérica, impactando amplamente Portugal e Espanha, além de algumas regiões da França. Sistemas de transporte como trens, metrôs e até aeroportos internacionais foram diretamente afetados, agravando os transtornos.
Apagão e mistério: ciberataque em pauta
Diante da ausência de uma causa clara, surgiram teorias que tentam explicar o colapso. Uma das mais discutidas é a possibilidade de um ciberataque. Essa hipótese ganhou força com a lembrança de um alerta feito pela União Europeia poucos dias antes da crise, recomendando que a população montasse kits de emergência para ao menos três dias — sugestão considerada incomum em tempos de normalidade.
No fim de março, a UE publicou o plano “Estratégia da União de Preparação”, que aborda, entre outros temas, os riscos relacionados à cibersegurança. O documento lista 30 ações para fortalecer a resiliência do bloco europeu diante de ameaças tecnológicas.
Apesar das especulações, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, descartou qualquer relação entre um ataque digital e o corte de energia. O ministro português Manuel Castro Almeida, no entanto, chegou a considerar a hipótese publicamente.
Outras possibilidades investigadas
Outra explicação levantada pela mídia foi a ocorrência de um fenômeno climático raro. A teoria, veiculada inclusive pela agência Reuters, foi logo refutada por porta-vozes da REN — empresa portuguesa responsável pela transmissão de energia elétrica.
Sem uma justificativa oficial consolidada, a falta de clareza sobre o que de fato causou o apagão alimenta o clima de insegurança generalizada.
Espanha em estado de emergência
Em resposta à crise, o Ministério do Interior da Espanha decretou estado de emergência, válido para todas as regiões que assim o solicitarem. Embora o fornecimento de energia tenha começado a ser restabelecido na noite da própria segunda-feira, dados sobre o consumo mostravam que ainda havia muitas áreas às escuras no início da madrugada.
O impacto foi enorme: caixas eletrônicos fora do ar, ruas lotadas de pessoas tentando encontrar sinal de celular, e a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional pelo primeiro-ministro Pedro Sanchez.
Portugal quer esclarecimentos
Em meio à crise, a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) alertou para a importância de uma rede elétrica mais moderna e interligada. Pedro Amaral Jorge, presidente da entidade, defendeu que a transição energética deve vir acompanhada de investimentos robustos em infraestrutura de distribuição, transporte e armazenamento de energia.
Segundo ele, o evento evidencia que a aposta em fontes limpas não pode ser desvinculada de uma estratégia mais ampla de reforço técnico e logístico.
No dia seguinte ao blecaute, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, comunicou a intenção de investigar a fundo as causas do ocorrido. Ele enfatizou a disposição de Portugal em colaborar com as autoridades europeias para esclarecer os fatos, reiterando que o episódio teve origem em território espanhol.
Montenegro também elogiou a atuação dos serviços de emergência, saúde e transporte público, destacando a resiliência das instituições diante do cenário adverso.
“Estamos prontos para enfrentar tanto os dias bons quanto os difíceis”, afirmou o premiê durante pronunciamento em Lisboa, ao lado de membros do governo.