Descubra as 10 Maiores Pagadoras de Dividendos da Bolsa
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Notícias
Economia
Macron ‘azeda’ discurso e diz que acordo UE-Mercosul não pode ser assinado

Macron ‘azeda’ discurso e diz que acordo UE-Mercosul não pode ser assinado

Presidente francês diz que pacto comercial não atende às exigências de proteção aos agricultores e promete barrar qualquer tentativa de aprovação forçada

O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a colocar em xeque o acordo UE-Mercosul ao declarar que o pacto comercial “não pode ser assinado” nas condições atuais. A fala ocorreu em Bruxelas, às vésperas de uma cúpula da União Europeia, e reforça a posição francesa de oposição ao tratado negociado há mais de duas décadas entre o bloco europeu e países sul-americanos.

“Quero dizer aos nossos agricultores, que manifestam claramente a posição francesa desde o início: consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado”, declarou Macron à imprensa. Segundo ele, a França fará oposição a qualquer “tentativa de forçar” a adoção do acordo UE-Mercosul, mesmo diante da pressão de outros países-membros.

O posicionamento de Macron ocorre em um momento decisivo das negociações, já que a Comissão Europeia planejava concluir a assinatura do acordo no Brasil. Para Paris, no entanto, ainda faltam garantias concretas de proteção ao setor agrícola europeu.

Agricultores veem risco e pressionam o governo francês

A resistência francesa ao acordo UE-Mercosul tem forte apoio interno. Agricultores do país avaliam que o pacto representa uma ameaça direta, sobretudo porque produtores da América Latina estariam sujeitos a regras ambientais e sanitárias menos rigorosas do que aquelas exigidas na União Europeia.

Embora a França tenha obtido da Comissão Europeia promessas de salvaguardas para setores considerados sensíveis, como carne bovina, aves e açúcar, representantes do campo afirmam que as medidas são insuficientes. O temor é de concorrência desleal e queda de preços no mercado interno.

Publicidade
Publicidade

Essa pressão explica o tom firme adotado por Macron. Protestos de agricultores franceses estavam previstos para os mesmos dias das discussões em Bruxelas, ampliando o peso político do tema e dificultando qualquer recuo do governo.

Salvaguardas aprovadas não convencem Paris

Na tentativa de destravar o acordo UE-Mercosul, o Parlamento Europeu aprovou recentemente um pacote de medidas de proteção. Entre elas, está a criação de um mecanismo de monitoramento que permitiria reintroduzir tarifas caso importações latino-americanas provoquem desestabilização do mercado europeu.

Os eurodeputados defendem a intervenção da Comissão Europeia quando o preço de um produto importado for ao menos 5% inferior ao equivalente europeu e o volume de importações isentas de tarifas crescer mais de 5%. Em outra versão discutida, os gatilhos chegariam a 8%, tanto em preço quanto em volume.

Apesar disso, a França segue contrária ao texto final. Um dos principais pontos de divergência é a ausência de uma cláusula de “obrigação de reciprocidade”, que exigiria dos países do Mercosul o cumprimento das mesmas normas de produção alimentar da UE.

Itália entra no debate e pode definir o futuro do pacto

A posição francesa ganhou reforço com as declarações da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Em discurso no Parlamento italiano, ela afirmou que seria “prematuro” assinar o acordo UE-Mercosul neste momento, defendendo mais garantias para o setor agrícola.

Meloni disse acreditar que as condições para a assinatura poderão ser atendidas no início do próximo ano. Caso Itália e França atuem juntas, podem formar, ao lado de Polônia e Hungria, uma maioria qualificada capaz de bloquear o acordo dentro da União Europeia.

Do outro lado, países como Alemanha e Espanha seguem favoráveis ao pacto, argumentando que o acordo UE-Mercosul é estratégico para diversificar parceiros comerciais e reduzir a dependência da China e dos Estados Unidos.

Impasse europeu pressiona o Brasil

O atraso na decisão preocupa os países do Mercosul. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não pretende assinar o acordo se as tratativas se arrastarem além deste mês.

“Se não fizermos isso agora, o Brasil não fará mais este acordo enquanto eu for presidente”, disse ele, segundo a Reuters.

Leia também: