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Com alta descartada, EUA têm juros parados por tempo prolongado como pior cenário, diz Kautz

Com alta descartada, EUA têm juros parados por tempo prolongado como pior cenário, diz Kautz

O Federal Reserve (Fed) manteve na quarta-feira (1) os juros americanos entre 5,25% e 5,50%, pela sexta vez consecutiva.

A manutenção já era amplamente aguardada pelo mercado. Mas havia um receio que foi dissipado por Jerome Powell, presidente do banco central americano: a ameaça de que os juros pudessem voltar a subir, ao invés de cair, devido à inflação e à atividade ainda resilientes.

Vale lembrar, em pouco mais de três anos, a trajetória dos juros americanos mudou completamente. No início da pandemia, em março de 2020, o Fed decidiu baixar a taxa de juros a praticamente zero. O objetivo era facilitar o crédito e, assim, atenuar a crise econômica. Os juros ficaram estáveis por dois anos.

Em março de 2022, o banco central americano voltou a elevar a taxa, a fim de combater a alta da inflação. Daí em diante, foram dez aumentos seguidos, até a taxa atingir o teto de 5,5%.

Na entrevista coletiva após o anúncio do Fed, Powell repetiu reiteradas vezes que acha improvável que os juros voltem a subir nos EUA, o que acalma as bolsas americanas, que operam no positivo nesta quinta-feira (2).

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o comunicado do Fed sinaliza que não houve mudança significativa nas variáveis econômicas que impactam na decisão de política monetária desde a última reunião.

“Os dados não trouxeram convicção adicional de que a inflação está realmente desacelerando. E a economia continua crescendo de maneira bastante forte”, aponta.

“Mas havia uma preocupação adicional de que o Fed poderia retomar o ciclo de alta dos juros. E Powell descartou. Se a inflação ficar estável e a economia seguir forte, a taxa de juros segue parada no patamar atual, por mais tempo. Isso até que o comitê tenha convicção que inflação está desacelerando e convergindo para a meta”, explica.

Em resumo, ele diz, o pior cenário possível nos Estados Unidos agora é de juros parados por tempo prolongado.

foto Stephan Kautz
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

Sobre os próximos passos do Fed, Kautz afirma que é preciso aguardar nova rodada de indicadores, destacando a relevância do payroll, folha de pagamentos oficial, que será divulgada na sexta (3).

Até aqui, a EQI Asset enxerga espaço para até dois cortes de juros nos EUA ainda em 2024, a partir de setembro.

Ouça o áudio na íntegra:

Qual foi a decisão do Fed?

O Fed optou por manter os juros no patamar entre 5,25% e 5,50% pela sexta vez nesta quarta-feira (1), de acordo com o comunicado oficial divulgado após a reunião do comitê. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.

O comunicado destacou que indicadores recentes sugerem uma expansão contínua da atividade econômica, com ganhos robustos no emprego e uma taxa de desemprego mantida em níveis baixos. No entanto, a inflação, embora tenha diminuído no último ano, permanece elevada, e o comitê observou a falta de progresso em direção à meta de inflação de 2%.

O Fed reiterou seu compromisso em alcançar o máximo de emprego e uma inflação estável em 2% no longo prazo.

Avaliando os riscos e as perspectivas econômicas incertas, o comitê decidiu manter o intervalo da meta para a taxa de fundos federais. E ressaltou que quaisquer ajustes futuros na política monetária serão cuidadosamente considerados com base nos dados recebidos, na evolução das perspectivas econômicas e no balanço de riscos.

Além disso, o Federal Reserve anunciou que continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívidas de agências, mas desacelerará o ritmo desse processo a partir de junho, de US$ 60 bilhões para US$ 25 bi. O teto de resgate mensal de títulos e hipotecas será mantido em US$ 35 bi.

O Comitê afirma que está comprometido em monitorar os indicadores econômicos e financeiros, estando preparado para ajustar a postura da política monetária, se necessário, para atingir as metas de emprego e inflação.

Juros nos EUA e impacto no Brasil

Os juros elevados nos Estados Unidos estão impulsionando a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e continuam a influenciar os mercados de ações e o valor do dólar, à medida que mais investidores migram para o país em busca de melhores retornos financeiros – já que a renda fixa americana é considerada a mais segura do mundo.

No contexto macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também têm impactos de longo prazo, sugerindo uma possível desaceleração da atividade econômica global, uma vez que os empréstimos e investimentos se tornam mais custosos.

A decisão do Fed quanto aos juros nos EUA também pode prolongar o ciclo de corte da Selic no Brasil. Por aqui, os investidores aguardam pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que será anunciada na próxima quarta-feira (8). A expectativa é por nova redução de 50 pontos-base, de 10,75% para 10,25%. A partir daí, no entanto, o Banco Central deixou os próximos passos em aberto.