O anual Fórum Econômico Mundial em Davos, que teve início na segunda-feira (15), reúne líderes das principais economias do planeta. O encontro tem dois temas determinantes: a transição energética e a crise do clima.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participará do encontro, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que segue concentrado em passar medidas econômicas no Congresso.
Diante da ausência de Lula e de Haddad, o discurso mais aguardado entre os líderes da América do Sul é o do presidente da Argentina, Javier Milei, eleito no final do último ano.
No poder desde dezembro de 2023, a agenda econômica de Milei – considerada ambiciosa – já sofreu grande resistência por parte dos sindicatos. Ainda no início de janeiro, a Justiça da Argentina suspendeu a reforma trabalhista incluída no decreto do líder.
Fórum Econômico Mundial de Davos: quem participa em 2024
Além de Lula e Haddad, o CEO da Petrobras ($PETR3; $PETR4), Jean Paul Prates, também cancelou sua participação no evento. A delegação brasileira terá:
- O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso;
- As ministras Marina Silva (Meio Ambiente), Nilza Trindade (Saúde), e o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia);
- O chefe da assessoria especial da Presidência, Celso Amorim.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, será representado pelo secretário de Estado Antony Blinken. Da mesma forma, o presidente da China, Xi Jinping, será substituído pelo premiê Li Qiang.
Os líderes de outras nações relevantes como Japão, Alemanha e Reino Unido também não estarão no evento.
Por outro lado, entre os principais líderes políticos participantes estão o presidente francês Emmanuel Macron e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O ucraniano Volodymyr Zelensky também irá a Davos neste ano.
Inteligência Artificial
Apesar da ausência de líderes globais, diversos executivos são aguardados no Fórum Econômico de Davos, como o CEO da OpenAI, Sam Altman.
O boom da inteligência artificial (IA) no último ano será um dos temas relevantes entre as discussões em Davos neste ano, que terá uma série de painéis dedicados à revolução tecnológica.
A pesquisa anual de riscos do Fórum Econômico Mundial, publicada na quarta-feira (10), elencou a desinformação impulsionada pela IA como o maior perigo global nos próximos dois anos. Segundo o estudo, “conflitos sociais motivados por informações falsas ocuparão o centro das atenções” neste ano, que é marcado por eleições em grandes economias, como EUA, União Europeia e Índia.
Os executivos Satya Nadella e Bill Gates, da Microsoft (MSFT; $MSFT34), também participam do evento nesta semana. Nadella, atual CEO da big tech, falou em Davos que está otimista em relação ao futuro da IA, mas que os países devem estar na mesma página quando se trata de adotar um conjunto de padrões.
Guerra na Ucrânia
A Ucrânia busca encerrar quase dois anos de guerra com a Rússia. O presidente Volodymyr Zelensky, que não participou da sessão de abertura do evento, discursou presencialmente no Fórum Econômico Mundial na terça-feira (16), após participação remota na última edição.
O ucraniano voltou a pedir apoio internacional na guerra, com investimentos. Apesar do bom humor no evento, Zelensky entregou uma mensagem clara: “Fortaleçam a nossa economia, que fortaleceremos a sua segurança.”

O país visa avançar em uma proposta de fórmula da paz após reunião de conselheiros de segurança nacional de todo o mundo em Davos no domingo (14). Na ocasião, Zelensky foi representado pelo chefe de gabinete ucraniano Andriy Yermak.
Úrsula von der Leyen disse que a Ucrânia pode vencer a guerra contra a Rússia, mas precisa continuar recebendo apoio.
Brasil em Davos
Os representantes brasileiros presentes no evento discutiram a transição energética, além da exploração do petróleo na bacia da Foz do Amazonas.
A Amazônia foi tema de um painel formado pelo governador do Pará, Helder Barbalho; pela ministra do Meio Ambiente Marina Silva; pelo presidente da Colômbia Gustavo Petro; por Fany Kuiru, coordenadora geral da Coordenadoria de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA); por Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento; e pelo apresentador Luciano Huck, que mediou o debate.

A ministra Marina Silva disse, na ocasião, que a escolha de explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas, ou em qualquer outro lugar, é do governo e do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), e não do Ministério do Meio Ambiente.
O tema surgiu após uma estimativa da Petrobras ($PETR3; $PETR4) apontar que a região poderia render 14 bilhões de barris de petróleo. No ano passado, contudo, o Ibama rejeitou a licença para a estatal começar os estudos na bacia. A companhia refez os estudos e tem, novamente, um pedido em análise pelo instituto.
“Nós negamos a licença já duas vezes, uma em 2018 e a outra agora já na minha gestão, por razões ambientais. Não foi por dizer ‘não se pode explorar petróleo no Brasil’. O que eu tenho defendido é que as empresas de petróleo devem se transformar o mais rápido possível em empreses de produção de energia. E se existe um país que pode ser um grande produtor de energia limpa renovável e segura, esse país é o Brasil“, disse.
Além da participação em painéis, a ministra Marina Silva teve reuniões com o empresário Bill Gates, o enviado especial para o Clima dos EUA John Kerry, e o secretário-executivo da ONU Simon Stiell.

Milei no Fórum Econômico Mundial
Em discurso nesta quarta-feira (17), o presidente da Argentina, Javier Milei, elogiou os mercados livres e criticou o socialismo.
“O socialismo é um fenômeno que cria pobreza“, disse durante seu discurso no Fórum Econômico. “O capitalismo de livre iniciativa é a única ferramenta que temos para acabar com a fome e a miséria“, acrescentou.
Antes do discurso, Milei se reuniu com o ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, para discutir sobre o aprofundamento de laços comerciais entre as duas nações e investimentos britânicos na Argentina.
