Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Fed mantém juros parados pela quinta vez seguida

Fed mantém juros parados pela quinta vez seguida

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano, patamar vigente desde dezembro de 2024.

Segundo comunicado oficial, os membros do comitê continuarão “monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas”. Eles ressaltam que, ao avaliar novos ajustes na taxa, levarão em conta os dados disponíveis, a evolução das expectativas e o balanço de riscos.

A decisão de manter os juros era amplamente antecipada pelo mercado: de acordo com a ferramenta CME FedWatch, 96,9% das apostas indicavam a manutenção da taxa antes do anúncio oficial.

Fomc mantém juros, mas decisão não foi unânime

Apesar do consenso, os diretores Michelle Bowman e Christopher Waller votaram contra a decisão, defendendo um corte de 0,25 ponto percentual. Os demais integrantes concordaram com a manutenção.

Na última reunião, o gráfico de pontos (dot plot) mostrou que oito membros do Fomc projetam a taxa de juros encerrando 2025 entre 3,75% e 4%. Outros sete preveem a manutenção do intervalo atual, enquanto dois estimam a taxa entre 4% e 4,25%, e dois esperam uma queda para o intervalo entre 3,5% e 3,75%.

A mediana das projeções aponta para juros em 3,9% ao fim de 2025. Para 2026 e 2027, a expectativa é de 3,6% e 3,4%, respectivamente.

Após a divulgação, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, concedeu entrevista coletiva para comentar a decisão.

Powell: mercado de trabalho segue forte, e inflação ainda exige vigilância

Durante sua fala em entrevista coletiva após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a economia dos Estados Unidos permanece “em uma posição sólida”, com o mercado de trabalho amplamente equilibrado e condizente com o pleno emprego. Ele destacou que o Fed está “extremamente focado” em cumprir seu duplo mandato: assegurar o máximo emprego e a estabilidade dos preços.

Powell afirmou que a atual política monetária mantém o Fed “bem posicionado para reagir de forma oportuna a possíveis mudanças no cenário econômico”. Embora os principais indicadores de inflação estejam estáveis em relação ao início do ano, o presidente do Fed observou alterações nos componentes subjacentes dos preços.

“Houve certa moderação na inflação dos serviços, enquanto tarifas mais altas começaram a pressionar os preços de alguns bens”, explicou. Ele ressaltou, no entanto, que os efeitos dessas tarifas ainda não estão totalmente claros, mas que o impacto, segundo as projeções atuais, tende a ser passageiro.

O presidente do Fed classificou a política monetária atual como “modestamente restritiva”, indicando que os juros continuam em níveis suficientes para conter a inflação. “A inflação ainda está acima da nossa meta, por isso mantemos uma abordagem cautelosa”, afirmou.

Powell também mencionou que as políticas governamentais estão em evolução e que seus efeitos econômicos ainda são incertos. Por fim, reforçou o compromisso do Fed com sua missão pública:

“Tudo o que fazemos está a serviço da nossa missão. Sabemos que o sucesso em atingir nossas metas é fundamental para todos os americanos”.

Quanto às expectativas para a próxima reunião, dias 16 e 17 de setembro, Powell deixou as possibilidades em aberto: “Não tomamos nenhuma decisão sobre setembro”.

Tá, e aí?Stephan Kautz

O comunicado do Fed trouxe elementos novos e relevantes que despertaram atenção, segundo Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

“Foi uma decisão em linha com o que o mercado projetava, mas os comentários do comitê mostraram um tom um pouco mais ‘dovish’ [menos agressivo no combate à inflação], principalmente ao sinalizar que a atividade econômica segue fraca e que há incertezas consideráveis no horizonte”, avaliou Kautz.

Um dos pontos mais marcantes, segundo ele, foi a presença de dois votos dissidentes a favor de um corte de 0,25 ponto percentual já nesta reunião — algo que não ocorria há bastante tempo, especialmente vindo de membros permanentes do board, e não apenas de presidentes regionais rotativos do Fed. “Isso é incomum e torna o dissenso mais relevante”, destacou.

Os dois dissidentes, Christopher Waller e Michelle Bowman, já haviam indicado anteriormente que consideravam a inflação sob controle e uma desaceleração mais forte da atividade econômica. Para Kautz, essa divergência dentro do board reforça que o debate sobre o início dos cortes de juros está se intensificando dentro do próprio Fed.

Na coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom um pouco mais suave do que em ocasiões anteriores. “Ele passou a reconhecer com mais clareza um viés de baixa no mercado de trabalho, o que antes era tratado com mais cautela”, observou Kautz. Outro ponto importante foi o reconhecimento de que os efeitos das tarifas recentemente implementadas devem ser transitórios, reduzindo seu impacto sobre a inflação no médio prazo.

Para Kautz, o Fed agora aponta com mais clareza para a reunião de setembro como uma possível data para o início do ciclo de cortes. “Antes, o discurso era de que mais tempo poderia ser necessário. Agora, fica claro que setembro está na mesa. Isso mantém viva a possibilidade de dois cortes ainda em 2025, com potencial para novos cortes em 2026, dependendo do cenário”, concluiu.

A avaliação do economista é de que, apesar da manutenção dos juros, o movimento do Fed nesta reunião abre uma nova fase na política monetária americana — mais sensível aos dados e com disposição crescente para começar a aliviar os custos de financiamento, caso o cenário de inflação e atividade justifique.

Ouça o áudio na íntegra: