O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, principal termômetro da inflação no país, registrou alta de 0,2% em julho, informou o Departamento do Trabalho nesta terça-feira (12). No acumulado de 12 meses, a inflação norte-americana subiu 2,7%.
Economistas consultados pela Reuters previam alta mensal de 0,2% e de 2,8% na base anual. O avanço foi impulsionado principalmente pelo setor de moradia, que também cresceu 0,2% no mês.
A alimentação ficou estável, com alta de 0,3% nas refeições fora de casa e recuo de 0,1% nos alimentos consumidos no domicílio. Já a energia elétrica caiu 1,1%, enquanto a gasolina recuou 2,2%.
Núcleo do CPI registra maior alta desde janeiro
O núcleo do CPI, que desconsidera itens mais voláteis como alimentos e energia, aumentou 0,3% em julho e acumula alta de 3,1% em 12 meses, o maior avanço desde janeiro.
Na comparação com junho, houve desaceleração do índice cheio, que havia subido 0,3%. Já o núcleo acelerou, passando de 0,2% para 0,3%.
Impacto nos juros e expectativas para o Fed
O Federal Reserve acompanha vários indicadores para atingir sua meta de inflação de 2% ao ano. Antes da divulgação do CPI, investidores já projetavam a possibilidade de cortes nos juros em setembro, após um relatório de emprego mais fraco em julho e revisões negativas nos dados de maio e junho.
Na reunião de julho, o Fed manteve a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, pela quinta vez consecutiva desde dezembro.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos veio em linha com o consenso: 0,20% no geral e 0,30% no núcleo.
Um dos destaques foi a alta dos serviços, que surpreendeu por ser mais forte do que o esperado, especialmente nos segmentos de transportes e serviços médicos. Por outro lado, os preços dos bens duráveis e dos bens em geral também subiram, mas em ritmo menor do que o previsto. Isso indica que o repasse das tarifas, até o momento, tem sido menor do que o inicialmente estimado.
Segundo ele, para o Banco Central, a expectativa é que a inflação já vinha em trajetória de aceleração, então surpresas mais baixistas acabam ajudando a perspectiva de cortes a partir da reunião de setembro.
“Contudo, é importante monitorar se o aumento nos serviços é apenas um repique mensal ou o início de uma nova aceleração — o que representaria um desafio para a política monetária.”
“Por enquanto, acreditamos que o corte de juros virá em setembro, mas, devido às incertezas sobre a inflação, é possível que os cortes sejam espaçados, e não três consecutivos até o fim do ano”, concluiu.
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