O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) confirmou as expectativas do mercado e reduziu a Selic em meio ponto, para 12,25%, na terceira redução da Selic consecutiva no mesmo patamar depois de um ano com a taxa básica de juros da economia brasileira fixada em 13,75%. A decisão foi tomada de forma unânime.

O texto deixa claro que a sequência de cortes de meio ponto deve continuar nas próximas reuniões, e destacou a importância de cumprimento das metas fiscais para alcançar a meta de inflação, a despeito da polêmica iniciada na semana passada pela fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema, seguida por uma tensa explicação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz o comitê.
Segundo o texto, o Copom analisou “a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis” ao tomar a decisão de reduzir a Selic em meio ponto pelo terceiro mês consecutivo.
“Essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, explicou o comitê.
Redução da Selic: mais sobre o comunicado do Copom.
O Copom escreveu em seu comunicado que a atual conjuntura, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz o texto.
A meta de inflação é de 3,25% neste ano e de 3% para 2024 e 2025. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6%, 3,9% e 3,5%, respectivamente, enquanto as projeções do Copom em seu cenário de referência situam-se em 4,7% em 2023, 3,6% em 2024 e 3,2% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,3% em 2023, 5,0% em 2024 e 3,6% em 2025.
Para os próximos meses, a projeção é de mais quedas de meio ponto. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, segue o comunicado.
Os membros do Copom apontaram que a economia do Brasil mostra um conjunto de indicadores de atividade econômica consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres antecipado pelo Copom. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta, enquanto as medidas mais recentes de inflação subjacente ainda se situam acima da meta para a inflação”, destacou o texto.
Já o ambiente externo mostra-se adverso, segundo os diretores, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes”, diz o texto.
Redução da Selic: como ficam os investimentos
O corte de juros desta quarta já estava precificado e sinaliza ao investidor a continuidade de um cenário em que a estratégia de alocação segue prioritariamente na Renda Fixa (com rentabilidade ainda alta), com alguma exposição, de maneira mais conservadora, à Renda Variável.
Dentro das opções de Renda Fixa, ganham destaque os papéis prefixados e os IPCA+, como explica Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos. “Os papéis prefixados e IPCA+ se destacam, porque tendem a se valorizar com a marcação a mercado dos títulos e a queda dos juros. Com o prefixado, a gente trava a taxa pré acordada, que ainda está bastante alta. E com IPCA+, a gente garante juros real, com taxa de retorno real”, ensina.
Na Renda Variável, uma opção interessante é o investimento em Fundos Imobiliários. Carolina Borges, analista da EQI Research, enxerga o corte da Selic de hoje como já precificado, mas positivo, de toda forma, para o mercado de FIIs.
“Agora, estamos na expectativa por mais meio ponto de corte. Até o final de 2023, estamos aguardando que a Selic chegue a 11,75%. A decisão em si não é vista como surpresa, mas estamos atentos a outros sinais que impactem na velocidade dos cortes para 2024. Temos visto o IFIX recentemente devolvendo parte da alta dos primeiros meses do ano. Mas, no médio prazo, estamos otimistas”, pondera.
Leia a matéria completa aqui: Como investir com Selic a 12,25
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