O Banco Popular da China (PBOC) e autoridades reguladoras anunciaram nesta quarta-feira (7) um pacote abrangente de estímulos econômicos, incluindo cortes nas taxas de juros, em um esforço para impulsionar o crescimento em meio a crescentes tensões comerciais. A medida ocorre em paralelo à confirmação de que Pequim e EUA voltarão à mesa de negociações.
O presidente do PBOC, Pan Gongsheng, afirmou que a taxa de recompra reversa de sete dias será reduzida em 10 pontos-base, de 1,5% para 1,4%, o que deve resultar em uma queda equivalente na taxa básica de empréstimos. Além disso, o banco central cortará a taxa de compulsório bancário em 50 pontos-base, o que deve injetar cerca de 1 trilhão de yuans (aproximadamente US$ 138,5 bilhões) na economia.
As novas taxas de juros entrarão em vigor na quinta-feira (8), enquanto a mudança no compulsório (RRR) passa a valer em 15 de maio, segundo a agência estatal Xinhua.
China: corte de juros e incentivo à habitação
Entre as medidas anunciadas estão também iniciativas para estimular o financiamento nos setores de tecnologia, habitação e cuidados com idosos. Um novo programa de reempréstimo de 500 bilhões de yuans será criado para fomentar o consumo e os serviços voltados à população idosa.
O governo também reduzirá em 25 pontos-base as taxas de hipoteca dentro do fundo habitacional nacional, baixando as taxas de cinco anos para compradores de primeira viagem de 2,85% para 2,6%. Além disso, empresas de financiamento de automóveis não precisarão mais manter reservas obrigatórias, hoje fixadas em 5%.
Apesar da abrangência das medidas, analistas como Tianchen Xu, da Economist Intelligence Unit, alertam que o impacto pode ser limitado, uma vez que a demanda por crédito tem mostrado baixa sensibilidade às mudanças nas taxas de juros.
Li Yunze, chefe da administração regulatória financeira da China, adiantou que novas ações estão sendo preparadas para apoiar pequenas e médias empresas, especialmente diante dos efeitos negativos das tarifas impostas por Washington.
Analistas destacam que a intensificação das medidas reflete a urgência de reanimar a economia chinesa, enquanto a valorização recente do yuan — que chegou a tocar o patamar de 7,20 por dólar após cair para o mínimo histórico de 7,4287 — oferece margem para cortes de juros sem pressionar ainda mais a moeda.
Zhiwei Zhang, da Pinpoint Asset Management, observou à CNBC que o PBOC agora pode cortar juros e compulsório sem grandes riscos de fuga de capitais ou desvalorização cambial.
Ainda assim, medidas fiscais adicionais não foram anunciadas, e especialistas avaliam que só devem vir à tona diante de sinais mais claros de deterioração econômica. Lynn Song, economista do ING, acredita que há espaço para mais estímulos em 2025, projetando novos cortes de até 20 pontos-base nas taxas e mais uma redução de 50 pontos-base no RRR.
China e EUA se reúnem a partir de sexta-feira
A coletiva de imprensa coincidiu com o anúncio de que o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, se reunirá com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na Suíça, a partir de sexta-feira (9) para discutir tarifas e comércio. Será o primeiro encontro oficial desde que o governo Trump elevou as tarifas sobre produtos chineses para até 145%, o que levou a retaliações chinesas.
A retomada do diálogo sinaliza uma possível virada na prolongada guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.