Na manhã desta quarta-feira (28), durante evento do Santander, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto falou sobre a transição de liderança no BC e o cenário econômico do país. Ele destacou a importância de uma “transição suave” para o próximo comando da instituição e comentou os desafios relacionados à inflação e à taxa de juros. Confira os principais pontos.
Campos Neto: continuidade do trabalho no Banco Central
Um dos principais pontos levantados por Campos Neto foi a necessidade de continuidade do trabalho da instituição, independentemente de quem assuma o cargo de presidente do Banco Central.
“Quero fazer uma transição suave e estarei à disposição”, afirmou. Ele ressaltou que, para o amadurecimento institucional do Brasil, é fundamental garantir uma transição harmônica, mesmo que o sucessor tenha visões diferentes. O atual mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro deste ano. E Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, é o principal cotado ao cargo.
Antecipação da escolha do próximo presidente
Campos Neto elogiou a possibilidade de antecipar a escolha do próximo presidente do Banco Central, cuja indicação deve ocorrer entre o final de agosto e o início de setembro, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ele explicou que a antecipação permitiria uma transição mais tranquila, destacando a importância da nomeação precoce, uma vez que o indicado ainda passará por uma sabatina no Senado. “Entendo que antecipar talvez fosse bom”, disse o presidente do BC, enfatizando sua disposição em colaborar com o processo.
Cenário econômico e inflação
O presidente do Banco Central também comentou sobre o cenário econômico atual, com foco na inflação e nos juros.
Campos Neto afirmou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de agosto, divulgado na terça-feira (27), veio “um pouco melhor”, com uma alta de 0,19%, mas que o resultado ainda não traz conforto. O índice anualizado chegou a 4,35%, muito próximo do teto da meta de 4,50% do BC. Ele alertou que o processo de desinflação no Brasil desacelerou e que as expectativas inflacionárias têm piorado.
Campos Neto reiterou o compromisso do Banco Central com o controle da inflação, afirmando que a instituição “fará o que for preciso para atingir a meta”, cujo centro é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ele destacou que o cenário à frente ainda apresenta incertezas, o que tem gerado volatilidade nos mercados, especialmente em relação à Selic, a taxa básica de juros.