O Boletim Focus, do Banco Central (BC), desta segunda-feira (31), destaca a manutenção das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, 2026 e 2027. No entanto, o mercado reduziu as perspectivas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e para a cotação do dólar em relação ao real.
A projeção do IPCA para o final deste ano permaneceu em 5,65%, mesmo patamar de quatro semanas atrás. Para 2026, o índice continuou em 4,50%, acima dos 4,40% de um mês atrás, enquanto a previsão para 2027 estacionou em 4%, nível que se repete há seis semanas.
Na semana passada, o IPCA-15 de março, prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,64%, abaixo da expectativa do mercado, que projetava 0,68%. No acumulado de 12 meses, mesmo com a desaceleração da inflação, o indicador subiu para 5,26%.
Segundo Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a desaceleração ocorreu devido a itens que não apresentaram a recuperação esperada, como ingressos de cinema e energia elétrica.
“A surpresa ocorreu nesses itens que, a princípio, ou não mantêm essa desaceleração ou são muito voláteis e difíceis de prever, podendo voltar a subir a qualquer momento”, explicou o economista.
Apesar dessa dinâmica, Kautz alerta que é cedo para determinar se essa desaceleração será duradoura. Segundo ele, o movimento pode ser pontual ou indicar uma tendência mais ampla, sendo necessária cautela ao avaliar seus impactos no cenário inflacionário.
Por outro lado, o economista destaca um ponto positivo: “Os produtos industriais continuam bastante tranquilos, rodando perto de 0,10%. Esperávamos algum repasse do câmbio após a alta do final do ano passado, mas isso ainda não aconteceu.” Esse comportamento pode levar a revisões para baixo nas projeções de inflação, caso se mantenha nos próximos meses.
Boletim Focus: Selic estável
Em relação à Selic, o Boletim Focus também manteve estáveis as expectativas para a taxa básica de juros nos próximos três anos. Para o final de 2025, o mercado projeta a Selic em 15%. Contudo, a EQI Asset estima um patamar de 15,25%, acima das expectativas do Focus, mas abaixo dos 16,25% previstos anteriormente pela gestora.
De acordo com a EQI Asset, a revisão ocorre após a divulgação do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que optou por elevar a Selic de 13,25% para 14,25%, alterando a mensagem sobre os próximos passos.
“O comunicado modificou o forward guidance, indicando mais uma alta, porém de menor magnitude”, aponta Kautz.
Com os atuais 14,25%, a Selic atinge seu maior nível desde outubro de 2016, um período marcado pela recessão econômica e pelo impeachment de Dilma Rousseff.
O caminho até essa taxa envolveu cinco altas consecutivas, revertendo um ciclo anterior de sete cortes, que reduziu a Selic de 13,75% para 10,50% até maio. Antes disso, a taxa permaneceu estável em 13,75% por cerca de um ano, após uma escalada de 12 aumentos consecutivos desde o piso histórico de 2% durante a pandemia de Covid-19.
A alta desta quarta-feira já havia sido antecipada em comunicados anteriores do Copom, que sinalizou sucessivas elevações. Em dezembro, o comitê indicou “mais duas elevações de mesma magnitude”. Em fevereiro, confirmou a primeira e reforçou a intenção de “mais uma”, que agora se concretizou.
Para 2026 e 2027, o mercado também manteve as mesmas projeções das últimas semanas, em 12,50% e 10,50%, respectivamente.
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PIB e dólar têm forte queda
Apesar da estabilidade da inflação e dos juros, o mercado reduziu as expectativas para o crescimento da economia e para o dólar.
Para o PIB, o Focus revisou a projeção de crescimento de 1,98% para 1,97%, bem abaixo dos 2,01% estimados há quatro semanas. Para 2026, a previsão permaneceu em 1,60%. Já para 2027, houve um leve ajuste para cima, de 1,99% para 2,00%.
No mercado cambial, o dólar teve sua terceira revisão consecutiva para baixo. O mercado agora projeta a moeda americana em R$ 5,92, abaixo dos R$ 5,95 da semana passada e dos R$ 5,99 de quatro semanas atrás. Na manhã desta segunda-feira, o dólar é cotado a R$ 5,7797.
Para 2026 e 2027, as projeções para a cotação do dólar permaneceram em R$ 6,00 e R$ 5,90, respectivamente.
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